A Cruz Vermelha Internacional é uma organização humanitária, fundada em 1863, em Genebra, na Suíça, cujo objetivo é prestar assistência a vítimas de guerra e outras catástrofes, naturais ou não.  Durante a sua existência de mais de 150 anos, a Cruz Vermelha campeou uma imagem ao redor do mundo que poucas instituições conseguiram.  Para se ter uma idéia, já foi agraciada com dois prêmios Nobel da Paz (1917/1944), principalmente por sua atuação incansável durante as duas grandes guerras.

Pois bem.  Nem uma organização honorável, “acima de qualquer suspeita”, como a Cruz Vermelha, escapa da corrupção no Brasil. Dizem por aí que “a ocasião faz o ladrão”.  Eu diria que, em Pindorama, o ambiente institucional faz o ladrão.  Aqui, a impunidade e o pouco cuidado do governo com a fiscalização do destino das verbas públicas são tão absurdos que até os “santos” caem em tentação.  Ou, como diriam os economistas, é tudo uma questão de incentivos.

Segundo noticia publicada no portal do jornal Estado de São Paulo, uma auditoria encomendada pela própria matriz da entidade, concluída em maio deste ano, obteve indícios de desvio de, pelo menos, R$ 25 milhões, provenientes de donativos e repasses públicos para ajudar vítimas de catástrofes entre 2010 e 2012. Além da exigência de que os responsáveis pelos desvios respondam por seus crimes na justiça, a chefia da organização, em Genebra, quer também que todo o dinheiro desviado seja devolvido, ou que a instituição brasileira se comprometa a destinar valor idêntico às populações que deveriam ter sido beneficiadas, sob pena de descredenciamento.

Ademais, é sugestivo o fato de que, assim como vários outros esquemas de corrupção atualmente investigados pelas autoridades brasileiras, esse também só foi descoberto através de denúncias vindas de fora.  Por que, se dependêssemos somente das nossas autoridades…