Até burocratas de carreira não aguentam mais o apadrinhamento
BERNARDO SANTORO*
Interessante reportagem do Correio Braziliense critica a chamada “indústria do concurso público”, pois os governos de todo o Brasil criam vários concursos públicos para suprir suas excessivas demandas de pessoal e não chamam os aprovados, deixando, no lugar, apadrinhados de políticos que, em regra, não tem nenhum preparo para exercer a função no qual estão alocados, ferindo de morte a tecnocracia do serviço público.
Como eu expliquei em outro artigo, este Instituto Liberal é absolutamente comprometido com a ideia de um Estado Mínimo, onde as competências estatais sejam reduzidas ao máximo possível. Onde os bens e serviços são distribuídos pelo mercado, há meritocracia, e onde os bens são distribuídos pela via política, não há meritocracia.
A questão prática é que, em toda a história das sociedades humanas, sempre tivemos, em algum nível, maior ou menor, distribuição de bens por via política. E, nesses casos, a única alternativa que o liberal tem para mitigar os efeitos deletérios desse tipo de distribuição, como ineficiência, desperdício e favorecimento pessoal, é que a mesma seja pautada em termos técnicos e executada pelos melhores especialistas de cada área técnica. Sem isso, a distribuição pela via política vira caos.
Vou argumentar aqui que hoje a máquina pública não precisa de novos burocratas, sejam concursados ou apadrinhados. O que precisamos é reduzir competências estatais e desinchar a máquina pública, deslocando essas pessoas pro setor privado, mas nos lugares em que efetivamente houvesse carência de funcionários, deveriam tais cargos ser preenchidos por tecnocratas testados por concurso, e não por despreparados com indicações e “peixes”, que só estão lá para fazer campanha política para quem os colocou lá.
Precisamos de menos burocratas e nenhum apadrinhado.
*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL