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A voz autoritária

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RODRIGO CONSTANTINO *

O programa “A Voz do Brasil”, enfiado ouvido adentro dos brasileiros na hora do rush, é realmente uma excrescência, um resquício dos tempos de ditadura. Resta saber quem terá a coragem de comprar essa briga em defesa dos ouvintes de rádio do país, contra os grupos organizados que mamam na estatal ou os políticos que se aproveitam desse espaço para fazer propaganda.

Hélio Saboya Flho, em artigo no GLOBO hoje, comprou essa boa briga. Eu dediquei um trecho do meu livro “Privatize Já” para mostrar o absurdo da coisa também. Segue um trecho do artigo do Helinho (para os íntimos), que merece reflexão:

Nem os ares da abertura foram capazes de livrar as ondas do rádio desse entulho autoritário. A “Voz do Brasil” atravessou os governos Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma.

Há 15 anos, o então deputado federal pelo PFL de Santa Catarina Paulo Bauer encaminhou à Câmara um projeto de lei propondo o fim da obrigatoriedade de retransmissão do programa em cadeia nacional. Na exposição de motivos citou uma pesquisa do Ibope comprovando que o público ou não ouvia o programa (63%), ou desligava o rádio às dezenove horas de Brasília (37%), restando 5% que tinham por hábito ouvi-lo – habitualidade a ser relativizada por se cuidar de transmissão compulsória.

Ponderou que, com a multiplicação de canais de TV e rádios e com o surgimento da internet, o governo poderia dar ampla veiculação à “Voz do Brasil”, frisando que o projeto não visava a extinguir o programa (uma pena), mas apenas tornar facultativa a retransmissão pelas emissoras privadas.

O projeto foi arquivado, não por nossos políticos acreditarem que suas bases colem o ouvido no radinho diariamente às sete da noite para saber das últimas novidades dos três poderes, mas apenas para manterem, ainda que em estado vegetativo, esse anacrônico mecanismo provedor de cargos públicos e sorvedor de recursos idem, baralhados em uma contabilidade nebulosa.

Estão em curso dois projetos de lei sobre o tema: um propõe o tombamento da “Voz do Brasil” como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil (!) e a ratificação de seu horário atual, e outro admitindo que a transmissão ocorra entre 19h e 22h.

A questão essencial não é sintonizada: a obrigatoriedade deve ou não ser mantida. Em recente entrevista, o presidente da EBC, Nelson Breve, argumentou o seguinte: “Eu até hoje não vi nenhuma pesquisa de âmbito nacional perguntando para as pessoas se elas querem ou não a continuidade da Voz do Brasil como obrigatória.”

Como bom administrador, já deve tê-la encomendado.


E então? Vamos perguntar às vozes das ruas se elas querem continuar sendo obrigadas a aturar esse programa enfadonho bem na hora que retornam do trabalho para suas casas? Plebiscito já!
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* PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL

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