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A vida pública

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ARTHUR CHAGAS DINIZ*

mascarados -  Narrensprung, AlemanhaQuando alguém resolve deixar de ser anônimo, em qualquer setor de atividade, e, de maneira especial, ingressa em carreira político-eleitoral, tudo o que deseja é ser conhecido, ser reconhecido e, afinal, transformar tal conhecimento em votos. Mas, por outro lado, quer ter igualmente uma vida privada. Em outras palavras, ter duas vidas simultaneamente como acontece com qualquer cidadão comum que é, parte de seu dia, médico, bancário ou qualquer outra coisa e, em outra parte do dia, é solteiro, boêmio ou simplesmente um pai de família.

Para quem escolhe a vida pública é difícil separar o que é vida pública e o que é vida privada. Na Itália, por exemplo, Berlusconi é percebido como um político de direita e um cidadão, no mínimo, farrista. A imprensa italiana não cansa de falar de suas escorts, garotas de programa, prostitutas, etc. A Promotoria de Milão pede que o Primeiro Ministro italiano seja julgado por manter relações sexuais com uma menor. Antes disto, a imprensa italiana nomeou diversas acompanhantes e prostitutas de convívio íntimo do italiano.

Nos EUA não existe igualmente separação entre o público e o privado na vida dos políticos. Clinton quase perdeu o mandato quando negou ter tido relações sexuais com a estagiária Monica Lewinsky na Casa Branca. Livrou-se com uma tecnicalidade teológica. Mas a imprensa americana já derrubou, inclusive, candidatos à presidência da República com base em relacionamentos extramatrimoniais.

No Brasil, um país notadamente cristão, predomina o conceito de separar o que é público do que é privado na vida dos homens públicos. Contam-se nos dedos as matérias jornalísticas que abordam aventuras extraconjugais de presidentes, governadores, senadores e deputados.

O que justifica a postura dos eleitores e dos meios de comunicação diante do que poderíamos, eufemisticamente, chamar de “galanteria” de nossos representantes? Não é a religião. Os EUA são, em sua maioria, protestantes e, sobretudo, puritanos. Na Itália, como no Brasil, os homens gostam de ser vistos como viris e galanteadores. O que justifica a diferença de tratamento que a imprensa destes países dá a episódios que, se não semelhantes, pelo menos, são assemelhados.

Na Itália deblatera-se, creio, não contra o permissivo Berlusconi, mas contra o político. Nos EUA, o problema era ter ou não ter havido sexo. E no Brasil, onde o presidente do Congresso mantinha uma amante e um filho com mensalidades pagas por uma empreiteira? A opinião pública não reagiu a nenhuma das duas infringências: suborno e infidelidade crônica. Renan continua um influente senador da República com voto e veto dentro do governo.

Afinal, a vida pública são só flores. Quem se apresenta como representante do povo tem direito a todas as “vantagens” do incógnito? O que é que Você acha?

* PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL

Fonte da imagem: Wikipédia

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