A rede da Marina não pega mais peixe
MARIO GUERREIRO*
O Tribunal Superior Eleitoral rejeitou em 3/9/2013 o pedido de registro da Rede Sustentabilidade da morubixaba Morena da Selva, sob a alegação de que seu partido político não contava com 492.000 assinaturas, o mínimo exigido por lei para o registro.
Na realidade, a Rede apresentou mais de 900.000 assinaturas, mas grande parte destas mesmas não foi aceita pelos cartórios por considerá-las falsas ou não comprovadas.
Embora eu não nutra a menor simpatia pela audaz defensora de nossas florestas virgens, não tenho nenhum indício que deponha contra sua integridade moral.
Penso mesmo que o grande problema dela não é ético, mais sim dianoético, ou seja: de natureza da racionalidade prática. Suas ideias políticas ainda estão muito “verdes” e são muito menos belas do que ela própria.
Mas confesso que me causou verdadeiro pasmo seu registro não ter sido aceito por conter menos de 492.000 assinaturas, comparando este total com a expressiva votação obtida por ela na última eleição para Presidente da República.
Como sabemos, Morena da Selva ficou em terceiro lugar, logo atrás de José Serra, tendo angariado muito mais de 2.000.000 de votos.
Na ausência de um fato político relevante, que pudesse fazer a popularidade da candidata despencar na preferência dos eleitores, é de se supor que ela não teria a menor dificuldade em arrebanhar mais de 500.000 assinaturas.
Os adeptos da teoria da conspiração já estão dizendo que a Morena foi boicotada pelos cartórios submissos à vontade de Dilmandona, que teria preferido competir até com o Capeta no lugar da candidata defensora das nossas matas, rios, fauna e flora.
Não resta dúvida de que Morena da Selva é uma adversária muito mais temível do que Campos, com seus olhos verdes, ou Aécio, o mais preparado para o exercício do cargo. Indubitavelmente!
Ela tem tudo para agradar o “culto” e “fleumático” eleitorado de Pindorama (Terra das Palmeiras), “muito bem informado” e isento de “emotivismos pueris”. Se não, vejamos:
Oriunda das matas de Chico Mendes, “o Mártir da Ecologia”, uma cabocla franzina e doente que, apesar de sua família pobre, estudou, formou-se em assistente social, ingressou na política e chegou a ser Senadora da República. Isto não é pouca coisa!
Apesar de todos esses trunfos políticos, não acredito que os cartórios tivessem sido cooptados pela máquina governamental, muito menos na venalidade do TSE.
Fica, portanto, uma indagação no ar: como uma política de inegável peso eleitoral não conseguiu atingir a cota mínima para o registro de seu partido?
Ainda mais quando partidecos sem nenhuma representatividade política, liderados por ilustres desconhecidos, conseguem facilmente a obtenção de seus registros?!
Morena da Selva ainda teria a alternativa de filiar-se a um dos 32 partidos existentes. Convites não faltam, mas a candidata tem recusado todos até agora.
Por considerar que isto seria uma incoerência e uma descaracterização da Rede Sustentabilidade, portadora de uma nova ideia política. Ideia nova, partido novo!
De qualquer modo, tenha trabalhado para boicotar Morena ou não, Dilmandona está dando pulinhos de alegria. Ela se descartou de sua mais temível adversária na corrida para a Presidência.
Que venham o Aécio e o Campos! O que não dá é ter uma outra mulher “poderosa” e capaz de tirar votos da candidata de Lula, o Fantasma da Ópera.
* DOUTOR EM FILOSOFIA PELA UFRJ