A pobreza energética da Alemanha: como a eletricidade se tornou um bem de luxo
JOÃO LUIZ MAUAD *
A revista Der Spiegel publicou, no último dia 4, uma longa reportagem mostrando como a decisão do governo alemão de alterar a política energética para atender ao forte lobby verde daquele país, tem custado caro aos seus cidadãos. Segue um breve trecho, em tradução livre:
Os consumidores alemães já pagam os preços mais elevados de energia elétrica na Europa. Como o governo não está conseguindo manter os custos da sua nova política energética sob controle, novos aumentos de preços já estão no horizonte. A eletricidade está se tornando um bem de luxo na Alemanha, e um dos mais importantes projetos voltados para o futuro do país encontra-se profundamente em risco.
Após o acidente nuclear de Fukushima, no Japão, dois anos e meio atrás, Merkel decidiu começar a eliminação gradual da energia nuclear e levar o país para a era da energia eólica e solar. Mas, agora, muitos alemães estão percebendo que o governo de coalizão de Merkel (…) tem sido incapaz de lidar com essa mudança. (…)
Mesmo os cidadãos bem informados já não podem manter o controle de todos os custos adicionais que estão sendo impostos sobre eles. De acordo com fontes do governo, o custo adicional para financiar as redes de transmissão vai aumentar de 0.2 a 0.4 centavos de dólar por quilowatt-hora no próximo ano. Em cima disso, os consumidores pagam ainda uma série de impostos, sobretaxas e taxas que fariam girar a cabeça de qualquer consumidor.
O ex-ministro do Meio Ambiente, Jürgen Tritten, do Partido Verde, afirmou certa vez que a mudança da Alemanha para energia renovável não iria custar aos cidadãos mais do que uma colher de sorvete. Hoje, seu sucessor, Altmaier, admite que os consumidores já estão pagando o suficiente para “comer tudo que há no menu da sorveteria.”
Fica aqui o aviso para aqueles que insistem em pensar que as sociedades modernas podem viver de sol e vento a custo baixo. Algum dia, no futuro, haverá fontes de energia tão ou mais abundantes, eficientes, limpas e economicamente viáveis que os hidrocarbonetos. Entretanto, fato é que, hoje, como bem demonstra a matéria, as ditas fontes de energia verdes ainda estão muito longe de uma escala sustentável para que sejam minimamente viáveis.
PS: àqueles que têm interesse nos temas ambientais, especialmente o aquecimento global, sugiro assistir este vídeo, sobre os custos de se tentar reverter o quadro pintado pelo IPCC.