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As três grandes vantagens da livre negociação

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livre negociação

A indústria criativa nos dá uma clara visão dos benefícios da ausência de vínculos trabalhistas.

A grande maioria dos arquitetos, dos designers e dos artistas começam suas carreiras como estagiários informais, permanecendo mais ou menos tempo em cada empresa, escritório e ateliê como aprendiz ou assistente de acordo com as expectativas de cada momento. Alguns, pela oportunidade de experiência, chegam a trabalhar de graça. Formando-se, muitos continuam indo e vindo entre diversos empregos, sempre buscando a melhor relação entre acúmulo de experiência profissional e salário, evitando vínculos que lhes impeçam de trocar de emprego facilmente. Outros abrem seus próprios escritórios e ateliês contratando informalmente estagiários e funcionários em função da demanda de trabalho. O profissional ou artista autônomo mantém seus valores em função da procura por seus serviços ou artes.

A primeira lei que todos eles aprendem é a de que o mercado é instável.

A segunda lei aprendida é a de que eles têm que saber lidar com isso.

A terceira lei é aquela que diz que quanto mais distantes estiverem da burocracia estatal, mais e melhor trabalharão.

Numa área em que não há estabilidade de emprego, todos descobrem rápido que se quiserem manter o salário ou mesmo uma ascensão em determinada empresa, deverão demonstrar talento e determinação. Ao contrário do que ocorre em empresas estatais, bajulações não funcionam. Descobrem também que as oscilações do mercado tanto podem fazer a empresa criativa lhes dispensar na semana seguinte quanto admitir novos funcionários, ou até lhe dar um cargo e um salário melhor.

Diante da imprevisibilidade do mercado, profissionais e empreendedores seguem a regra de só contratarem quem podem demitir com facilidade. Autônomos muitas vezes estabelecem parcerias ou prestam serviços a partir de acordos verbais ou mesmo virtuais.

Num ambiente paralelo às normas trabalhistas impostas pelo Estado, todos sabem que se desejarem tirar férias, terão que se organizar e fazer suas reservas; e assim o fazem. Não por acaso, estes profissionais não planejam suas vidas visando aposentadorias. Eles planejam suas vidas para terem condições de se tornarem produtivos para sempre, independentemente da idade.

O resultado dessa flexibilidade é o dinamismo, com todos os envolvidos adequando-se o tempo todo ao mercado, com cada indivíduo se aprimorando o tempo todo, exercendo a liberdade de condicionar seu trabalho da maneira que lhe convém, em função de cada momento. É difícil. Os amedrontados acabam procurando abrigo nas sombras do estado, mas com toda certeza os talentosos e determinados alcançam seus objetivos, sempre passo a passo, nunca por meio de “milagres” típicos da política.

É por causa dessa liberdade que a indústria criativa está sempre a frente dos outros setores da economia, tanto em inovação quanto em qualidade de condições de trabalho.

Comprovando que a liberdade não é um desejo das “elites”, temos também o caso das empregadas domésticas. Por décadas, a profissão foi mal remunerada por conta dos problemas econômicos do Brasil que, não oferecendo alternativas de trabalho à maior parte das mulheres pobres, praticamente lhes obrigava a se oferecer para tal serviço. Com a estabilidade econômica construída nos últimos 20 anos, naturalmente novas opções de emprego absorveram boa parte desta mão-de-obra, diminuindo a oferta de empregadas domésticas.

Assim como arquitetos, designers e artistas, cada empregada doméstica moldou sua profissão em função do mercado, cientes dos momentos de escassez e de fartura de trabalho. De empregadas domésticas passaram a serem diaristas. Com maior liberdade para negociar seus valores, para escolher seus clientes e para ditar suas condições de trabalho, passaram a cobrar mais caro. As melhores tornaram-se profissionais disputadas. Muitas melhoraram o padrão de vida de suas famílias sem qualquer estabilidade empregatícia. Então agora vem o governo, cheio de “boas intenções” e “sabedoria”, impondo um código de normas a serem seguidas. O resultado será uma grande queda na procura por essas profissionais, já que seus clientes temerão serem enquadrados na lei que transforma a negociação voluntária em crime.

Imaginemos, então, o que aconteceria se o mesmo Estado intervisse nas relações de trabalho da indústria criativa. O resultado seria seu engessamento imediato, prejudicando toda a sociedade.

É necessário que todos entendam que qualquer intervenção estatal nas relações de trabalho representa nada além de cobiça sobre os rendimentos dos cidadãos, cujo dinheiro é sempre usado, em sua maior parte, apenas para sustentar uma parafernália burocrática e para viabilizar interesses políticos. É necessário que todos entendam que não estamos mais no século XIX, imersos numa sociedade miserável diante do surgimento da indústria, necessitando de um conjunto de normas para se evitar a escravidão. O mundo hoje é outro, muito melhor e mais dinâmico, com a maior parte da sociedade tendo condições de negociar seu tempo e seu trabalho livremente. O operário preso a uma linha de montagem por causa de seus “vínculos empregatícios”, tanto pode estar perdendo um emprego melhor fora da fábrica onde trabalha quanto pode estar ocupando a vaga de alguém que estaria disposto a trabalhar por menos. A sociedade precisa entender isso! A sociedade precisa entender que Estado nenhum tem competência para ditar os valores que cada pessoa deseja receber por seu trabalho. Cada indivíduo sabe seu preço. A sociedade precisa entender as palavras de Ludwig von Mises: “O poder sindical é essencialmente o poder de privar alguém de trabalhar aos salários que estaria disposto a aceitar”.

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João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

3 comentários em “As três grandes vantagens da livre negociação

  • Avatar
    06/11/2015 em 9:46 pm
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    tanto pode estar perdendo um emprego melhor fora da fábrica onde
    trabalha quanto pode estar ocupando a vaga de alguém que estaria
    disposto a trabalhar por menos. Apesar de acreditar em menos estado, essa ultima parte me preocupa. Quão menos é esse? Pq o estado não pode estabelecer, dentro de uma razoabilidade, um limite inferior. Quando ouço falar dos bolivianos trabalhando 14, 16 h por dia em confecçoes, ou melhor, quando vejo passar pelas ruas do suburbio onde moro aqui no RJ rapazes entulhados de móveis e bugingangas vendendov de porta em porta em troca de comida e teto fico pensando se realmente essa liberdade toda é viável.

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    05/11/2015 em 9:39 pm
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    Sobre este trecho “O resultado será uma grande queda na procura por essas profissionais” eu estava refletindo esses dias. Pensando que talvez seja intenção do governo ter esta queda (ainda mais neste momento) para ter mais gente na miséria recebendo o bolsa cabresto família, aumentando o famoso rebanho dessa corja de políticos.

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    05/11/2015 em 3:06 pm
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    Belo texto. Parabéns.

Fechado para comentários.

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