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A economia e os problemas essenciais da existência humana

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LUDWIG VON MISES*

A ciência e a vida

Costuma-se censurar a ciência moderna por ela se abster de expressar juízos de valor.  Essa neutralidade em relação ao valor (Wertfreiheit), dizem os críticos, de nada serve ao homem que vive e que age, pois o homem necessita de que lhe digam quais devem ser os seus objetivos.  A ciência, se não puder responder a essa questão, é estéril.

Mas essa objeção não tem fundamento. A ciência não formula juízos de valor, mas provê o agente homem com informações necessárias para que ele faça a sua própria valoração.  Ela só não pode ajudar o homem quando este pergunta se a vida vale ou não a pena ser vivida.

Essa questão, evidentemente, tem sido suscitada, e continuará sendo. Para que servem todos esses esforços e atividades humanas se, ao final de tudo, ninguém escapa da morte e da decomposição?  O homem vive à sombra da morte.  Quaisquer que tenham sido as suas realizações ao longo de sua peregrinação, um dia ela irá de morrer e abandonar tudo o que construiu.  Cada momento pode ser o seu último momento.  O futuro só contém uma certeza: a morte.  Visto desse ângulo, todo esforço humano parece ter sido vão e fútil.

Além disso, a ação humana deveria ser considerada como algo inútil, mesmo quando julgada do ponto de vista dos objetivos que pretendia atingir. A ação humana jamais poderá produzir uma satisfação completa; serve apenas para reduzir parcial e temporariamente o desconforto.  Logo que um desejo é satisfeito, surgem outros. A civilização, costuma-se dizer, torna as pessoas mais pobres porque multiplica as necessidades; desperta mais desejos do que os que consegue mitigar.  Toda essa azáfama de homens diligentes e trabalhadores, toda essa pressa, esse dinamismo, esse alvoroço, não têm o menor sentido porque não traz felicidade e nem paz.  Não se pode alcançar a paz de espírito e a serenidade pela ação e pela ambição temporal; a paz de espírito pode ser alcançada somente por meio da renúncia e da resignação.  O único tipo de conduta adequada ao sábio é o recolhimento à inatividade de uma vida puramente contemplativa.

Entretanto, todos esses receios, dúvidas e escrúpulos são superados pela força irresistível da energia vital do homem.  Certamente, o homem não poderá escapar da morte.  Mas, no momento, está vivo; é a vida e não a morte que se apodera dele. Qualquer que seja o futuro que lhe tenha sido reservado, não pode fugir das necessidades da hora presente.

[trecho do artigo publicado pelo Instituto Ludwig von Mises Brasil.]

Leia o artigo na íntegra

* (1881 – 1973) foi um dos mais influentes economistas de seu tempo. Autor prolífico, publicou em 1949 uma obra monumental chamada Ação humana – um tratado de Economia, traduzida pelo fundador do Instituto Liberal, Donald Stewart Jr., em 1990.
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