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A Bomba Atômica e o País do Bolsa Família

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ROBERTO MOTTA *

Estou lendo, há alguns meses, “The Making of the Atomic Bomb”, de Richard Rhodes. É um tijolo de mais de 800 páginas. Estou lendo devagar, pois não quero que o livro acabe. É dos mais interessantes e bem escritos que já li.

Deveria ser leitura obrigatória de todos os brasileiros.

São inúmeras estórias e temas entrelaçados em torno da invenção da bomba atômica. Para começar, é uma estória interessantíssima da descoberta científica da estrutura do átomo, e do avanço impressionante da ciência no início do século XX. Pouco mais de 20 anos se passaram desde que Ernest Rutheford descobriu a existência de um núcleo nos átomos até a criação da primeira bomba. O livro fala das experiências, descobertas, e da vida dos homens que participaram dessa aventura: alemães, ingleses, dinamarqueses, australianos, franceses, belgas.

Duas guerras mundias intervêm na história, com seus milhões de mortos e a urgência em desenvolver armas mais poderosas que as do inimigo. Na Segunda Guerra os espectros no Nazismo e do Facismo dão um caráter diferente à essa necessidade: os cientistas têm que tomar difícil decisão de empregar seu talento na criação de armas letais, ou correr o risco de que os cientistas do lado do inimigo o façam. A vida não é feita de escolhas simples.

O desenvolvimento das armas nucleares originou-se da iniciativa de um grupo de cientistas, a maior parte europeus, refugiados nos Estados Unidos e Inglaterra, que vislumbrou as possibilidades da energia nuclear. Apenas depois é que se tornou um esforço governamental (o Projeto Manhattan). Toda essa história traz à luz alguns fatos interessantes, e muitas vezes contrários ao senso comum.

O primeiro é que as aplicações pacíficas e bélicas da energia atômica nasceram simultaneamente. A segunda é que, muito cedo, no princípio das pesquisas que levaram à bomba, os cientistas se deram conta de que a guerra, como havia acontecido até então, deixaria de existir uma vez que as principais nações tivessem armas nucleares, pois o único resultado possível seria a aniquiliação mútua. Essa profecia se concretizou: desde então nunca mais houve nenhum conflto em escala global, envolvendo as principais nações industrializadas.

É interessante ver também como o esforço e os recursos investidos para desenvolver a bomba resultaram em várias descobertas com aplicações importantes na vida civil (apenas um pequeno exemplo: o Teflon foi desenvolvido para forrar os tubos de refrigeração de reatores nucleares de Plutônio). Isso continua a ser verdade: a Internet, por exemplo, originou-se de uma rede criada pelo Departamento de Defesa dos EUA (a ARPANET).

Entretanto, o mais interessante é ver como a ciência, a indústria e o governo trabalham em conjunto nos países desenvolvidos (embora nem sempre harmoniosamente), aproveitando os melhores talentos e investindo recursos e energia na busca de objetivos aparentemente impossíveis. É uma história que se repetiria na corrida espacial.

Enquanto isso, no país do Bolsa Família, nossos melhores talentos se preparam para prestar concursos públicos.

* ENGENHEIRO, EMPRESÁRIO E FUNDADOR DO PARTIDO NOVO

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