A bolha
ARTHUR CHAGAS DINIZ**
Há poucos dias, fomos surpreendidos com a reclamação de um membro do Senado referindo-se a seus proventos mensais. Com 19 mil reais por mês, declarava ele, é impossível viver. Disse isto com a naturalidade dos que, realmente, acreditam no que falam. **
Obviamente, não tem qualquer noção da realidade do País porque, mesmo sendo impossível viver com a “irrisória” remuneração mensal, ela pertence a um universo frequentado por menos de 1% da população brasileira. Ele faz parte da bolha.
É a mesma em que habitam os desembargadores fluminenses que tiveram cortes expressivos em seus contracheques correspondentes a pagamentos de acumulação, auxílios, férias e outros subsídios acima do teto do funcionalismo – que é o salário do Presidente da República. O corte foi feito sob a responsabilidade da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Os rendimentos mensais dos juízes fluminenses têm oscilado entre R$40 mil e R$180 mil / mês. Membros do Legislativo e do Judiciário – os primeiros empregando dezenas de pessoas em seus gabinetes – não têm nenhuma noção de como e com quanto vivem os habitantes do País que, através de escorchantes impostos, dão margem a comentários como este, mais recente, do parlamentar.
Seria oportuno que tanto parlamentares quanto membros do Poder Judiciário tivessem algumas aulas sobre o que é a realidade brasileira, quanto ganham e quanto pagam os cidadãos de um país que lhes oferece mordomias que os estimulam a pensar que vivem em uma “Wonderland“.
*PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL
N.E.: Vide ‘Senadores aprovam fim de 14º e 15º salários’. Estadão.com.br / Política. 28/03/2012