A Argentina está melhor que o Canadá e a Austrália?
BERNARDO SANTORO*
A piada da semana foi a declaração da Presidente Kirchner na Argentina de que o país que ela preside está em melhores condições econômicas que Austrália e Canadá. Abre aspas:
“Dizem que estamos ficando sem reservas. Contamos com US$ 37 bilhões; Austrália tem US$ 53 bilhões e Canadá US$ 69 bilhões. Em relação ao PIB estes US$ 37 bilhões representam 7,8%. Os US$ 53 bilhões da Austrália representam 3,3%. Austrália tem menos da metade das reservas que temos, com um PIB muito mais alto e ninguém coloca em discussão sua solvência fiscal. Ninguém coloca em dúvida a solvência da Argentina, mas todos os dias classificadoras de risco e gurus da economia questionam as reservas argentinas”.
Agora vamos aos fatos: a inflação dos países citados pela Kirchner é baixíssima, seus governos controlam com rigidez os gastos públicos. O Canadá é uma das maiores economias do mundo. A Austrália é um expoente de crescimento econômico sustentável, não sofrendo recessão econômica há mais de duas décadas. O PIB per capita da Austrália é o quinto do mundo. O do Canadá é o décimo-segundo. Os dois países são mais livres e mais prósperos, e com irrisório índice de violência.
Já a Argentina saiu de uma crise sem precedente há menos de uma década, é um dos países mais fechados do mundo. quinquagésimo segundo PIB per capita, com uma inflação extraoficial de 25% ao ano e uma dívida que só aumenta, mesmo com a moratória de dez anos atrás.
É uma completa insanidade a declaração da presidente, uma semana depois das eleições que lhe impuseram a primeira derrota eleitoral e que é um prenúncio do fim do seu governo, marcado pela deterioração dos direitos civis dos argentinos.
Mas a Argentina é melhor que o Canadá e a Austrália sim… no futebol. Messi é realmente um grande jogador e a seleção dos hermanos tem tudo para fazer um grande papel na Copa do Mundo de Dinheiro Público do Brasil no ano que vem.
Só não sei se isso é algo realmente relevante para o pobre argentino que não consegue achar comida no mercado em virtude do tabelamento de preços imposto pelo governo.
*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL