A usina do terror e a usina da mentira
“Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal.” – Isaías 5:20
O século XXI pode vir a ser lembrado pelo dia em que duas usinas colapsaram ao mesmo tempo. Uma, feita de concreto, urânio e ódio; a outra, feita de palavras, cinismo e distorção moral. A usina do terror, no Irã. E a usina da mentira, no Brasil.
Na noite de 21 de junho de 2025, o mundo assistiu ao colapso simbólico da principal usina do terror contemporâneo. Em uma operação militar precisa e decisiva, os Estados Unidos — com apoio estratégico de Israel — pulverizaram as instalações nucleares de Fordow, Natanz e Esfahan, centros do programa bélico do regime dos aiatolás. O que veio abaixo não foi apenas concreto armado. Foi o eixo de sustentação de uma teocracia que, por décadas, financiou milícias, ameaçou Israel com a extinção e transformou o terrorismo em diplomacia paralela. O que se desintegrou sob toneladas de precisão foi mais do que urânio enriquecido. Foi, de fato, a retórica apocalíptica da chantagem teológica.
O Ocidente deixou de se desculpar por existir. Passou a agir.
Israel, cansado de viver na defensiva, tornou-se protagonista de uma nova doutrina: a intolerância à intolerância. Foi um ponto de inflexão histórico. Uma virada geopolítica, mas, acima de tudo, moral.
Com os túneis de Natanz em colapso e a cúpula do regime humilhada, a juventude iraniana voltou os olhos para o alto. Pela primeira vez em muito tempo, enxergou os clérigos como frágeis. O medo começou a dar lugar à raiva. O silêncio, à esperança.
Mas, enquanto o terror trepidava, no Brasil, a mentira peçonhenta persistia. E onde há mentira organizada, há também uma usina — a da narrativa ideológica, sustentada por militantes disfarçados de jornalistas.
Na véspera do ataque — 20 de junho —, no programa Em Pauta, da GloboNews, a jornalista Eliane Cantanhêde protagonizou um dos episódios mais repulsivos do jornalismo nacional recente. Comentando os ataques iranianos contra Israel, proferiu:
“Por que os mísseis do Irã caem em Israel e não matam ninguém? Tem uma mortezinha aqui, outra ali. Uns 23 feridos aqui, 40 ali. Feridos! Eu não consigo entender por que o Irã atinge o alvo e não mata ninguém” (risos negros da “jornalista”).
“Mortezinhas”…
Assim, com essa palavra cruel, transformou o sofrimento de civis em deboche. Foi mais do que desumanidade. Foi militância cínica.
Não se tratava de um equívoco, mas de uma postura.
Um escárnio proferido com naturalidade, dentro da bolha ideológica onde a vida vale menos quando a vítima veste o uniforme “errado”.
Essa fala é inaceitável. Não apenas para a comunidade judaica — mas para qualquer ser humano com consciência moral.
A dor não tem ideologia. A vida não tem partido. Mas, para alguns, a morte tem lado. E a empatia, seletividade.
No Brasil ideológico, a usina da mentira opera a todo vapor: relativiza o terror, distorce os fatos e escolhe o algoz como vítima. Enquanto as ogivas iranianas silenciavam a paz, a imprensa lulopetista silenciava a verdade.
O ataque a Teerã desativou reatores — e revelou cúmplices morais. Enquanto os aliados cortavam o suprimento de urânio ao terror, aqui seguíamos fornecendo álibis narrativos ao fanatismo ideológico.
A verdadeira batalha não é apenas entre potências.
É entre civilização e barbárie.
Entre a verdade objetiva e a mentira militante.
Entre a ação que salva vidas e a palavra que as despreza.
O regime dos aiatolás tremeu.
Sua aura se esfarelou.
E o mundo, por fim, reagiu.
Essa noite será lembrada como o dia em que o terror começou a cair. O Irã é o eixo central do terror, do ódio e da instabilidade no Oriente Médio. E também como o dia em que parte da imprensa mostrou seu verdadeiro papel: o de cúmplice elegante da barbárie travestida de causa.
Mas nenhuma mentira sobrevive à verdade em chamas.
E nenhuma “mortezinha” será esquecida quando proferida com riso, por quem deveria defender a vida. Porque a verdade, mesmo perseguida, explode. E, quando explode, ilumina o mundo — e queima os que vivem nas sombras da covardia moral.