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Domingo 7: o que está em jogo

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Em 2014, quando tive a honra de iniciar minhas contribuições para esta tradicional casa chamada Instituto Liberal, redigi, findo o primeiro turno, texto sobre o cenário em que Aécio Neves e Dilma Rousseff se enfrentariam. De lá para cá, parece que se passou uma eternidade, tamanha a convulsão política em que o Brasil mergulhou. Eis, no entanto, o que disse então:

“Sua candidatura (a de Aécio) representa (…) uma conciliação da esperança: a esperança de todos que querem um Brasil democraticamente sadio. Um Brasil que não se submeta às agendas bolivarianas. Um Brasil em que haja uma competição saudável de ideias. Todos os democratas, sejam eles conservadores, liberais, sociais democratas moderados, libertários, ou o que mais se enquadrar, precisam se unir neste momento no projeto de derrotar o petismo. Podemos ser adversários naturais, mas o que existe diante de nós é mais que um adversário. É um inimigo, que teria prazer em nos negar a existência. Vencê-lo é um primeiro passo, importante, em direção a um país diferente e mais desenvolvido.

Disse, no mesmo artigo, que Aécio, apesar de precisar aglutinar todos os segmentos de opinião sinceramente interessados em derrotar o inimigo maior e verdadeiro, o petismo, precisaria ser combativo e assertivo para obter a vitória que todos desejávamos. Hoje, sabemos muito bem quem é Aécio Neves, sabemos das acusações graves que pesam sobre ele e a real dimensão de sua expressão política. Sabemos que Aécio Neves nunca poderia ser o estadista que se esperava que ele fosse.

Arrependo-me do que escrevi? Não, nem um pouco. Escrevi o que precisava ser escrito. Ás vésperas do segundo turno, no artigo sugestivamente intitulado Domingo 26, repeti o recado, em tom de otimismo com os sucessos conquistados pelo crescimento de ideias liberais e conservadoras no Brasil, mas ciente de que a vitória do petismo seria desastrosa. Frisei que “inúmeros partidos e correntes diversificadas, dentro da própria esquerda (sobretudo a moderada), se aglomeram em apoio de sua candidatura. Dizemos francamente: isso não é um problema. O que está em jogo é exatamente lutar pela reconquista do país, pela sua consolidação como uma nação livre. O que está em jogo é retomar diretrizes saudáveis e fazer subir o patamar da civilização brasileira. Nessa direção, todas essas correntes democráticas, para que subsistam e façam seu papel da melhor maneira possível, no ritual da sã política – como adversárias, sim, mais do que natural e nada contraditório -, entendem que devem se unir contra o projeto petista. Lançamos, então, nosso último “manifesto” aos amigos de convicções políticas similares, nesta derradeira coluna antes do segundo turno das eleições: não deixem que suas diferenças com o candidato que nos oferece os ares mais saudáveis os impeça de tomarem a melhor decisão. Entendamos as prioridades, entendamos o que está em jogo. O depois é o depois. Pensemos nele quando pudermos garanti-lo”.

De lá para cá, muita coisa mudou. O PT, infelizmente, venceu. O país mergulhou em dramática recessão, porém, para nossa sorte, parcela significativa de nossos compatriotas percebeu suas imundas intenções e o impeachment de Dilma aconteceu. O vice Michel Temer assumiu a presidência. Seu governo obteve realizações, mas enfrentou ocasiões desafiadoras, como a confusão criada pelo áudio de Joesley Batista, as denúncias e investigações que pesam sobre a cabeça do emedebista e a greve dos caminhoneiros. Conseguiu êxito histórico em conter a recessão, mas não teve capacidade de se comunicar e implementar reformas imprescindíveis. Hoje, a poucos meses de se despedir do cargo, já praticamente não mais governa.

Mesmo com tantas reviravoltas, algumas coisas permanecem as mesmas. Uma delas, o inimigo. O PT continua competitivo, continua lamentavelmente com muitos seguidores, continua provavelmente figurando entre os “classificados” para o segundo turno nas eleições do próximo domingo, dia 7. Podemos ter outras forças políticas de que discordamos e que nos causam problemas, mas nada se compara a essa quadrilha totalitária e corrupta, mancomunada com o que há de pior na humanidade, parceira declarada do bolivarianismo abjeto de Maduro, e que, se retomar o poder que perdeu, implantará o governo indireto de um presidiário, de um criminoso condenado, mergulhando o Brasil no abismo mais profundo de lama moral em que jamais esteve.

O que também não mudou: a minha orientação pessoal, meus motivos, meus valores.

Aprendi muito de 2014 para cá, cometi erros, procurei acertar. Um detalhe nunca me escapou, de um detalhe nunca me desgarrei: a identificação do oponente mortal, aquele que precisa ser derrotado como prioridade número um, condição sine qua non da própria existência, à revelia das nossas preferências e opiniões. Aécio Neves hoje, para mim, representa a mesma coisa que nada; é uma figura sem qualquer importância, que deve acertar suas contas com a Justiça. Àquela época, porém, mesmo carecendo de informações mais precisas sobre sua índole, ele já estava distante do meu ideal; já não era, nem de longe, um defensor das teses e do horizonte político que eu mais desejaria ver representado. No entanto, era ele a esperança de derrotar o PT; defendi a união de forças para obter essa vitória e faria tudo de novo, porque naquele momento era o certo a fazer.

Permanece sendo o certo a fazer. As críticas que você tiver aos candidatos não tornam a omissão a atitude mais correta diante do perigo do PT. A responsabilidade está mais uma vez, como sempre, em nossas mãos.

Porém, a “nova direita”, o movimento liberal e conservador que emerge no país, é ainda algo invertebrado e imaturo. Se considerarmos que em 2014 ainda tínhamos polarização PT x PSDB na eleição presidencial, estamos engatinhando em ter organização, impacto ou presença em campanhas eleitorais. Talvez certas dificuldades advenham disso, em parte, ou talvez também do fato de que, em alguma medida, à esquerda ou à direita, a política seja assim mesmo… Refiro-me a certo tom de “coação”, de “constrangimento”, com que as pessoas estão defendendo seus votos.

Eu prefiro dizer: reflita e decida de acordo com a sua consciência; julgue o que acha melhor. Há apenas uma coisa que, para todos nós, é imperativa: desenvolver a capacidade de discernir o que é um divergente em questões menores, o que é um adversário e o que é o inimigo. E o inimigo hoje tem nome claro: PARTIDO DOS TRABALHADORES. Seja no primeiro ou no segundo turno, tenha isso em mente na hora de avaliar o que vai fazer. Só isso.

Temos encontro marcado no país que sair das urnas depois, para seguir o bom debate público, em benefício do Brasil.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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