Vigésimo quinto mês do Núcleo de Formação Liberal estuda o liberalismo na Independência do Brasil
O Instituto Liberal, o Instituto Libercracia, o Instituto Liberal do Nordeste e o Instituto de Formação de Líderes-Goiânia, em parceria, utilizando as ferramentas que as redes sociais nos proporcionam, organizam reuniões virtuais, integralmente abertas ao público, para debater textos dos mais importantes autores nacionais e internacionais dentro do espectro liberal. O nome do projeto é “Núcleo de Formação Liberal” (NFL).
A intenção do projeto é que os debates e reflexões se concentrem o mais exclusivamente possível na obra dos autores, para qualificar a formação do pensamento de nossos ativistas e lideranças nos diversos setores da sociedade. Todas as reuniões são baseadas em trechos ou capítulos de obras, previamente divulgados. Um ou dois relatores se encarregam de fazer uma explanação a respeito dos trechos selecionados, seguida de um debate com apontamentos dos representantes dos institutos responsáveis pela iniciativa e a participação do público.
Depois de Friedrich Hayek, Joaquim Nabuco, Edmund Burke, Roberto Campos, Ludwig von Mises, José Guilherme Merquior e Thomas Sowell (ao longo de 2020), além de um encontro de revisão em janeiro, estudamos em 2021 Ayn Rand, Antonio Paim, Murray Rothbard, Ubiratan Borges de Macedo, José Ortega y Gasset, José Osvaldo de Meira Penna, John Stuart Mill, Tavares Bastos, Milton Friedman e Rui Barbosa. Em 2022, após John Locke, Visconde do Uruguai, Adam Smith, Frei Caneca, Alexis de Tocqueville, Miguel Reale e Henry David Thoreau, pela primeira vez estudou-se um tema geral em vez de um autor específico. O assunto foi a presença do liberalismo na Independência do Brasil, por ocasião do bicentenário desse acontecimento histórico.
20/09 – A independência do Brasil como uma revolução: história e atualidade de um tema clássico (João Paulo G. Pimenta), O “lugar” do liberalismo no Brasil do século XIX (Lucas Flores Vasques), Aspectos e dimensões sobre a história e a historiografia do Processo de Independência Política do Brasil: Estado da Arte (Geyza Maria Brito e Fernando Lobo Lemes) – 19h
O encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), Josesito Padilha (Instituto Liberal do Nordeste) e o professor Guilherme Diniz, convidado para assumir a relatoria. A partir de três referências bibliográficas, o pesquisador discutiu as diversas concepções sobre a Independência do Brasil, com destaque para a presença do discurso liberal em sua elaboração.
Entre outros subtemas, o professor mencionou diferentes intérpretes da historiografia brasileira que enxergaram a Independência do Brasil de formas distintas: alguns enfatizando que ela teve um sentido de continuidade e de conservadorismo, por preservar aspectos do período anterior, como a centralidade dinástica dos Bragança; outros que ela teve um sentido mais revolucionário, e outros ainda combinando matizes de ambas as leituras.
Ressaltou-se a figura do rei D. João VI como um responsável fundamental por cimentar o senso de autonomia que levaria depois à ruptura entre Brasil e Portugal. O relator desenvolveu também a importância da imprensa, a exemplo da Gazeta Mercantil e do Correio Braziliense, como espaços de mediação entre a sociedade e o poder do Estado. Também foi enfatizado que, desde a Independência, o fortalecimento e a autenticidade do sistema representativo permaneceram, até hoje, entre os principais desafios do país.
Na fase interativa, as limitações da democracia no sistema político nacional foram enfocadas e discutidas. Também entraram em enfoque a formação do senso de nacionalidade brasileira, discutindo as visões corriqueiras sobre o assunto; a ocorrência de uma guerra de Independência até julho de 1823; o confronto da interpretação com os fatos na análise histórica e até que ponto a tradição liberal brasileira exerceu impacto sobre o país e as ideias liberais são viáveis na sociedade brasileira.
29/09 – Os Fundadores – O projeto dos responsáveis pelo nascimento do Brasil – 19h
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O segundo encontro reuniu Josesito Padilha (Instituto Liberal do Nordeste) e Lucas Berlanza (Instituto Liberal), tendo este último se encarregado da relatoria, abordando seu próprio livro, Os Fundadores – O projeto dos responsáveis pelo nascimento do Brasil.
O enfoque da explanação, assim como do livro, foi abordar a Independência e a presença do liberalismo no seu desenvolvimento a partir das vidas e ideias de alguns dos principais personagens que constituíram aquele processo histórico. Berlanza narrou brevemente a história da Independência, com suas relações com a Revolução do Porto em Portugal, e expôs os critérios que adotou para elencar os seis fundadores centrais do Brasil que selecionou.
Ao expor parte do que escreveu a respeito deles, enfatizou a presença da economia clássica inglesa e do conservadorismo burkeano nas ideias sincréticas do Visconde de Cairu, que apresentavam aspectos tradicionalistas e aristocráticos; a influência do liberalismo de Voltaire sobre o pensamento de José Bonifácio, com sua preocupação sociológica com causas como o fim da escravidão, ao mesmo tempo em que tinha receio de uma imediata constitucionalização do país; o liberalismo maçônico de Joaquim Gonçalves Ledo, hostil a Portugal desde mais cedo; a influência de Benjamin Constant de Rebecque e Caetano Filangieri sobre o pensamento do imperador D. Pedro I; a ausência de liberalismo nas ideias da imperatriz Leopoldina, a despeito das qualidades que demonstrou; e a luta de Maria Quitéria, representando aqueles que lutaram nas guerras que consumaram a emancipação política do Brasil.
Na fase interativa, debateu-se até que ponto os projetos dos fundadores do Brasil foram concretizados e até que ponto haveria a carência de um projeto, uma idealização ou “utopia” liberal a inspirar as transformações do país.