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José Ortega y Gasset é tema de décimo segundo mês do NFL

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Instituto Liberal, o Instituto Libercracia, o Grupo de Estudos Dragão do Mar e o Instituto Liberal do Nordeste, em parceria, utilizando as ferramentas que as redes sociais nos proporcionam, organizam reuniões virtuais, integralmente abertas ao público, para debater textos dos mais importantes autores nacionais e internacionais dentro do espectro liberal. O nome do projeto é “Núcleo de Formação Liberal” (NFL).

A intenção do projeto é que os debates e reflexões se concentrem o mais exclusivamente possível na obra dos autores, para qualificar a formação do pensamento de nossos ativistas e lideranças nos diversos setores da sociedade.  Todas as reuniões são baseadas em trechos ou capítulos de obras, previamente divulgados. Um relator se encarrega de fazer uma explanação a respeito dos trechos selecionados, seguida de um debate com apontamentos dos representantes dos institutos responsáveis pela iniciativa e a participação do público.

Depois de Friedrich Hayek, Joaquim Nabuco, Edmund Burke, Roberto Campos, Ludwig von Mises, José Guilherme Merquior e Thomas Sowell (ao longo de 2020), além de um encontro de revisão em janeiro, estudamos em 2021 Ayn Rand, Antonio Paim, Murray Rothbard e Ubiratan Borges de Macedo. Neste mês de junho, o foco foi no grande pensador espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955).

17/06 – 19h – A Rebelião das Massas – Campinas, São Paulo, Vide Editorial, 2016: Cap. 1 ao 6

O primeiro encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), Victor Geyson (Dragão do Mar), Gabriel Victor (Instituto Libercracia) e Josesito Padilha (Instituto Liberal do Nordeste). Josesito se encarregou da relatoria nos dois primeiros encontros do mês, com o propósito de esmiuçar capítulos do clássico A Rebelião das Massas, que começou a ser publicado sob a forma de artigos em 1926.

O relator ressaltou a originalidade do pensador espanhol, seu talento como frasista e que seus textos, apesar de parecerem claros, podem ser lidos de forma superficial, deixando-se escapar certa profundidade filosófica do conteúdo. Também apontou a atualidade da aplicação de seus pensamentos.

Josesito acentuou ainda que as reflexões de Ortega não se limitam à dimensão política, mas abrangem os diversos aspectos da cultura, em que o século XX teria sido marcado pela ascensão da “massa”, que antigamente não tinha papel central nos processos sociais, fenômeno que impõe uma série de desafios. “Massa” é o conjunto de pessoas não especialmente qualificadas, o coletivo do “homem médio”, por oposição às “minorias”, sendo uma determinação qualitativa, não apenas um sinônimo de “multidão”. Essa ascensão é explicada por diversos fatores, entre eles o robusto crescimento populacional.

Refletiu-se sobre o impacto desse fenômeno na democracia, por vezes colocando em risco os valores e instituições liberais e gerando o que Ortega chamava de “hiperdemocracia”, com a massa impondo suas aspirações e gostos sobre a disciplina e a lei. Josesito igualmente discutiu o conceito orteguiano de “vida humana”, como algo que se dá dentro de uma “circunstância” que lhe é dada, que é o mundo – “vida humana” que estaria lidando, em ascensão, com uma maior oferta de possibilidades vitais; outro tópico mencionado foi o do desprezo pelo passado apresentado pela geração contemporânea.

Na fase interativa, lembrou-se de que Ubiratan Borges de Macedo, autor estudado no mês anterior, era um orteguiano, e comparou-se o espírito de igualitarismo e nivelamento abordado por Alexis de Tocqueville com o espírito de ascensão das massas diagnosticado por Ortega.

25/06 – 19h – A Rebelião das Massas – Campinas, São Paulo, Vide Editorial, 2016: Cap. 7 ao 13

O segundo encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), João Marcelo (Dragão do Mar), Matheus Miranda (Instituto Libercracia) e Josesito Padilha (Instituto Liberal do Nordeste). Josesito se encarregou da relatoria nos dois primeiros encontros do mês, com o propósito de esmiuçar capítulos do clássico A Rebelião das Massas, que começou a ser publicado sob a forma de artigos em 1926.

Nesta segunda parte da abordagem, contrapôs-se a vida antiga do “nobre” na aristocracia, na visão de Ortega, esforçada e concentrada em deveres, com a vida da “massa”, que reivindica prazeres e a imposição de seus gostos e vive encerrada em si mesma, sem vislumbrar o passado e o futuro. Ressaltando-se o elogio orteguiano ao liberalismo como uma das mais belas criações da humanidade, mediante a qual a maioria concede à minoria o direito de existir e divergir, pontuou-se que, em função disso, o governo deve aceitar a convivência com a oposição.

Justamente por essa excepcionalidade, que não se faz presente em outros sistemas políticos, o liberalismo, mesmo após criado e estabelecido, enfrenta contestações e conturbações no período de emergência da rebelião das massas. Josesito pontuou que Ortega não é um filósofo propriamente otimista, por acreditar que o “homem-massa” talvez não tenha condição de reger por si próprio o processo da civilização.

Também houve espaço para apontar as críticas orteguianas ao fascismo e ao comunismo e a relação que Ortega estabeleceu entre a rebelião das massas e o fortalecimento do poder da máquina do Estado, enxergado por essas massas como uma força que facilmente poderia satisfazer às suas necessidades, fato que, por sua vez, coloca o ser humano em sujeição ao próprio Estado.

01/07 – 19h – O Homem e os outros – Campinas, Vide Editorial, 2017

O terceiro e último encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), Leonardo G. (Dragão do Mar), Everaldo Cavalcanti (Instituto Libercracia), Josesito Padilha (Instituto Liberal do Nordeste) e o relator convidado, Felipe Pessoa. O relator trabalhou conceitos da obra O Homem e os outros, publicada originalmente em 1957.

Felipe Pessoa explicou que o livro é, na verdade, a compilação de um curso de Ortega, que infelizmente ficou incompleto, faltando alguns desdobramentos em que o autor pretendia abordar de forma mais direta a aplicação de seus conceitos à ideia de Estado. Toda a reflexão parte da análise do conceito de “fato social”, em que Ortega, na leitura de Pessoa, embora teça críticas, subscreve a visão geral de Émile Durkheim de que existem aspectos na definição de “sociedade” que transcendem a mera “associação” ou “coleção” de indivíduos.

Com isso, a visão de Ortega, do ponto de vista metodológico, diverge do contratualismo e da teoria de autores da Escola Austríaca como Ludwig von Mises, apesar de suas conclusões serem também liberais. Pessoa trabalhou novamente os conceitos de “vida” e “circunstância” – o mundo, isto é, a condição em que a vida é possível e na qual o indivíduo deve realizar atividades para assegurar a continuidade dessa mesma vida. Além disso, expôs o conceito de “ensimesmamento”, a possibilidade de que dispõe o ser humano de “recolher-se em si mesmo” e tratar de seus próprios problemas, afastando-se de uma percepção dissolvida no coletivo, como um fator distintivo entre o ser humano e os animais, mas que, na visão de Ortega, de certa forma, a ascensão das massas ameaça erodir.

O conceito de “usos”, referindo-se a práticas que a vida em sociedade “impõe”, mediante graus diferentes de pressão e coerção, aos indivíduos, foi também abordado. Na fase interativa, comparou-se esse conceito ao dos “preconceitos” de Edmund Burke e às teorias da ordem espontânea de Hayek, aliando-se esses autores em uma crítica à possibilidade de esquematizar racionalmente todas as questões da vida social e do cotidiano.

 

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