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Terceiro mês do Núcleo de Formação Liberal aborda Edmund Burke

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Instituto Liberal, o Instituto Libercracia, o Grupo de Estudos Dragão do Mar e o Projeto Pragmata, em parceria, utilizando as ferramentas que as redes sociais nos proporcionam, decidiram organizar, a partir de maio de 2020, reuniões virtuais, integralmente abertas ao público, para debater textos dos mais importantes autores nacionais e internacionais dentro do espectro liberal. O nome do projeto é “Núcleo de Formação Liberal” (NFL).

A intenção do projeto é que os debates e reflexões se concentrem o mais exclusivamente possível na obra dos autores, para qualificar a formação do pensamento de nossos ativistas e lideranças nos diversos setores da sociedade.  Todas as reuniões são baseadas em trechos ou capítulos de obras, previamente divulgados. Um relator se encarrega de fazer uma explanação a respeito dos trechos selecionados, seguida de um debate com apontamentos dos representantes dos institutos responsáveis pela iniciativa e a participação do público.

Depois de Hayek e Joaquim Nabuco, o NFL se concentrou em um dos principais nomes que vêm sendo mencionados nos debates políticos brasileiros: o estadista irlandês Edmund Burke (1729-1797).

17 de julho – Edmund Burke as a Historian – p. 217-246 – Disponível no link:

O primeiro encontro reuniu Letícia Sampaio (Dragão do Mar), Lucas Berlanza (Instituto Liberal), Alessandra Batalha (Instituto Libercracia) e Hiago Rebello (Instituto Liberal). O relator foi Hiago Rebello, mestrando em História, que está desenvolvendo uma pesquisa no Brasil acerca dos trabalhos do célebre Whig na juventude e de sua filosofia da História.

O relator discorreu com riqueza e profundidade sobre as influências recebidas por Burke, envolvendo inclusive autores da Antiguidade Clássica, a exemplo do lendário orador romano Cícero. Para Rebello, uma das características mais relevantes de seu pensamento é sua visão da História. O relator observou que Burke escreveu ao lado do irmão William Burke diversos trabalhos historiográficos, inclusive sobre a América – e sobre o Brasil, trazendo a pitoresca observação de que o clima brasileiro favoreceria a transformação dos homens em “efeminados”.

Já nesse início, o autor estaria demonstrando uma grande preocupação com a cultura e com os modos de ser específicos de cada povo, o que influenciaria bastante seu caráter e rumos históricos. Hiago ressalta a necessidade de atentar para essa cultura e para proteger sua consistência, mesmo quando reformas se mostram necessárias. Apontou que Burke condenou a escravidão e a perseguição religiosa, defendendo até os direitos dos pagãos, tendo condenado o massacre das bruxas de Salém.

Questionado sobre haver ou não um caráter universal no pensamento de Burke, o relator afirmou que enxerga certa sistematização de ideias em sua obra. Sua reação à Revolução Francesa poderia, sim, caracterizá-lo como “pai do conservadorismo moderno” por ter organizado a disposição conservadora num sentido político na modernidade.

23/07 – Edmund Burke: Redescobrindo um gênio – p. 181-205 – Cap. 3, É Realizações

O segundo encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), Everaldo Cavalcanti (Instituto Libercracia), Tiago Muniz (Dragão do Mar) e Alex Catharino (LVM Editora). O editor da LVM, membro da Edmund Burke Society, abordou a visão de Russell Kirk acerca de Edmund Burke, com ênfase para o Burke do período intermediário de sua biografia – entre a juventude e a posição contrária à Revolução Francesa.

Catharino dissertou sobre a presença de Burke em um importante círculo de intelectuais, chamado “The Club”, que se reunia toda segunda-feira para jantar, beber e debater cultura e política. Mencionou também que Burke foi editor do Annual Register, o periódico cultural mais importante da era georgiana. Afirmou que só existe um Burke, não se podendo dividir sua natureza teórico-política entre um Burke liberal e um Burke conservador.

Para Catharino, o que conhecemos de pensamento conservador de Burke até Kirk ou Roger Scruton (em especial em sua fase mais madura) é uma vertente do liberalismo. Esse fato se verifica tanto na Inglaterra quanto no Brasil, pautando-se essa visão na conservação das instituições liberais (Estado de Direito, representação política e economia de mercado) como meios eficazes de garantia da vida, da liberdade e da propriedade.

O relator ressaltou que Burke não difere de John Locke em termos de conteúdo, mas sua vertente de pensamento se destaca por defender a liberdade com base mais nas instituições e costumes que em propostas doutrinárias; a diferença maior para liberais racionalistas e abstratistas estaria na retórica e nos meios. Burke, nesse sentido, seria contra o liberalismo de viés racionalista que faz tábula rasa da sociedade. Catharino comentou ainda que a filosofia estética de Burke influencia sua concepção política de valorização da cultura e da imaginação. Isso levou o relator a discutir a importância de atuarmos na área cultural.

30/07 – Reflexões sobre a Revolução na França – Ed. Topbooks – p. 183 a 228 

O terceiro encontro reuniu Letícia Sampaio (Dragão do Mar), Lucas Berlanza (Instituto Liberal) e o professor Rodrigo Couto. Estudioso de Burke, Rodrigo se encarregou de concluir a tríade com a obra mais famosa de Edmund Burke: as Reflexões sobre a Revolução na França.

O professor selecionou um intervalo de páginas que condensam os principais conceitos que inspiram a atitude burkeana de contestar os revolucionários franceses. Ele explicou que a liberdade dos ingleses era reafirmada a partir de uma tradição e de um esforço por valorizar o imaginário da sociedade através de uma idealização sensata dos ancestrais.

Rodrigo ressaltou que Burke era um pensador cristão e via na natureza um elemento normativo. Isso contestaria a visão de muitos críticos de que ele seria apenas um historicista ou relativista. Suas orientações seriam úteis a todas as comunidades políticas e a todos os povos, apesar de ressaltar a diversidade entre eles. Seu foco seria na necessidade de manter os fundamentos dessas comunidades, reformando as partes transitórias, em vez de pretender destruir todos os alicerces institucionais para construir algo inteiramente novo.

O pensamento burkeano também nega a bondade inata à natureza humana e defende o condicionamento da liberdade aos quadros históricos e seu ditames. O relator apontou que a biblioteca de Burke dispunha de literatura científica, o que reforça sua pretensão de se apoiar no estudo da natureza humana. Foi comentado também que, no caso brasileiro, o ideal seria recuperarmos os bons nomes e referências de nossa História, ao não enxergamos muitos modelos de virtude na política e no pensamento brasileiro contemporâneos. Foi tecida ainda uma crítica às incessantes rupturas históricas do Brasil, com golpes e ciclos autoritários.

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