fbpx

Segundo mês do Núcleo de Formação Liberal aborda clássicos de Joaquim Nabuco

Print Friendly, PDF & Email

O Instituto Liberal, o Instituto Libercracia, o Grupo de Estudos Dragão do Mar e o Projeto Pragmata, em parceria, utilizando as ferramentas que as redes sociais nos proporcionam, decidiram organizar, a partir de maio de 2020, reuniões virtuais, integralmente abertas ao público, para debater textos dos mais importantes autores nacionais e internacionais dentro do espectro liberal. O nome do projeto é “Núcleo de Formação Liberal” (NFL).

A intenção do projeto é que os debates e reflexões se concentrem o mais exclusivamente possível na obra dos autores, para qualificar a formação do pensamento de nossos ativistas e lideranças nos diversos setores da sociedade.  Todas as reuniões são baseadas em trechos ou capítulos de obras, previamente divulgados. Um relator se encarrega de fazer uma explanação a respeito dos trechos selecionados, seguida de um debate com apontamentos dos representantes dos institutos responsáveis pela iniciativa e a participação do público.

Depois de estudar Hayek, o NFL se dedicou, em seu segundo mês, a um ícone do liberalismo nacional. Em seus três encontros de junho, o projeto se concentrou no estudo sintético da obra de Joaquim Nabuco (1849-1910).

11/06 – O Abolicionismo – Cap. XI (Fundamentos gerais do abolicionismo),  p 107; Cap. XV (Influências sociais e políticas da escravidão), p. 151 – Edição do Senado Federal

O primeiro encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), Jefferson Figueiredo (Dragão do Mar) e Matheus Miranda (Instituto Libercracia). Berlanza se encarregou da relatoria, apresentando o personagem analisado e abordando a causa de sua vida: a luta pela emancipação dos escravos.

O relator ressaltou que Nabuco é um dos personagens mais versáteis da história da vida pública brasileira, mas, antes de abordar diretamente seu pensamento, preferiu fazer uma breve apresentação do liberalismo nacional, inscrevendo o ilustre político pernambucano na tradição a que se vinculavam os partidos do período monárquico e explicando a diferença entre o Partido Conservador/Saquarema e o Partido Liberal/Luzia, a que pertencia. Enquadrou ambos e, por consequência, o próprio Nabuco, como herdeiros do grupo dos “liberais moderados” que, na Regência, defendiam o projeto unionista de monarquia constitucional.

O clássico analisado, datado de 1863, é considerado uma análise sociológica da escravidão e seus efeitos, bem como um manifesto em defesa do movimento que reivindicava sistematicamente a sua extinção. Abordou-se a originalidade desse movimento como algo organizado e uma grande concepção social que previa a necessidade de uma vasta obra posterior para extirpar os efeitos profundos da escravidão na sociedade brasileira, entravando o desenvolvimento nacional.

O encontro discutiu ainda as relações do modelo escravista com o fortalecimento da aposta no inchaço do funcionalismo público, as críticas do historiador e filósofo liberal Antonio Paim a algumas considerações de Nabuco no livro, a relação entre a abolição e a proclamação da República e a influência britânica sobre o abolicionismo.

19/06 – Minha Formação – Cap. XII (A influência inglesa) – p. 113 a 118; Cap. XVII (Influências dos Estados Unidos) – p. 151 a 159 – Edição do Senado Federal

O segundo encontro reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), Tiago Muniz (Dragão do Mar), Avilla Regadas (Dragão do Mar), Dennys Xavier (Projeto Pragmata) e Alessandra Batalha (Instituto Libercracia). O relator foi o professor de História Avilla Regadas, que abordou o livro em que Nabuco apresenta aspectos de sua própria vida pública e as influências intelectuais e políticas que recebeu.

O relator ressaltou a importância do movimento abolicionista para o liberalismo brasileiro, apontando-o como o movimento mais organizado e marcado por pressupostos que os liberais contemporâneos defendem. Também fez críticas a Joaquim Nabuco, apontando que a leitura de autores como ele deve atentar para os riscos do anacronismo e entender as circunstâncias e ideias da época.

Avilla avaliou a emergência corrompida da República no Brasil, as críticas de Nabuco ao exemplo francês e sua inspiração no liberalismo britânico. O debate girou em torno das diferenças culturais e das instituições nos diversos países em comparação com a experiência brasileira, à luz das percepções de Nabuco em seu tempo associadas às críticas contemporâneas.

Alessandra Batalha mencionou que o texto de Nabuco sobre os americanos lembrou sua experiência pessoal na volta dos EUA ao Brasil. A conversa também abordou o caráter não-sistemático da obra de Nabuco.

03/07 – Um Estadista do Império – Volume 1, Cap. III (A Luta da Praia) – p. 75 a 107 – Edição do Senado Federal

O terceiro encontro do mês reuniu Lucas Berlanza (Instituto Liberal), Letícia Sampaio (Dragão do Mar) e Edgard Freitas (Instituto Libercracia). O relator foi o professor de Direito Edgard Freitas, que abordou o livro em que Nabuco presta uma homenagem a seu pai, Nabuco de Araújo, estadista do Partido Conservador.

O último encontro, devido a ligeiros contratempos, precisou ser realizado nos primeiros dias de julho. O foco do capítulo selecionado é a Revolução Praieira, o que ofereceu uma oportunidade ímpar de refletir sobre os aspectos contrarrevolucionários da mentalidade política de Joaquim Nabuco. O relator destacou que Nabuco conseguiu detalhar a dinâmica de um processo revolucionário, sua culminação na violência e seu insucesso.

Edgard sintetizou as circunstâncias históricas da revolta, com a formação de monopólios beneficiando comerciantes portugueses, o que foi um dos fatores de eclosão do conflito, mas apontou que os radicais praieiros passaram a paradoxalmente querer a nacionalização do comércio, retrocedendo em avanços que provinham da abertura dos portos às nações amigas ainda pela monarquia portuguesa em 1808. O professor ressaltou que o fracasso praieiro foi sucedido pelo predomínio saquarema por duas décadas, comentário que suscitou, no debate, análises sobre outros movimentos revolucionários fracassados na História, que apelavam a uma “revolução permanente” como solução.

O debate envolveu a questão da pluralidade e da polissemia dos rótulos políticos, a influência do socialismo utópico sobre a Revolução Praieira, a pretensão de Nabuco de reformar profundamente a cultura brasileira especificamente no âmbito das consequências do regime escravocrata e a maneira por que o grande liberal se portava diante das disputas políticas de sua época.

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Instituto Liberal

Instituto Liberal

O Instituto Liberal é uma instituição sem fins lucrativos voltada para a pesquisa, produção e divulgação de idéias, teorias e conceitos que revelam as vantagens de uma sociedade organizada com base em uma ordem liberal.

Pular para o conteúdo