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A timidez da direita

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No Brasil, as palavras “direita”, “liberal”, “conservador” se tornaram expressões obscenas. Qualquer um que faça o uso dessas palavras para definir sua linha de pensamento é prontamente rotulado, de forma a parecer que essas palavras carregam com elas um conjunto de ideias das mais retrógradas, mesquinhas, desumanas e criminosas. Há quem diga, na esquerda ou nos autointitulados “de centro”, que essa dose de intolerância se destina apenas aos radicais ou extremistas de direita.

Mas, observando os debates da atualidade, vemos que quem quer que se posicione de forma contrária às bandeiras “progressistas” é qualificado como radical ou extremista. Se você é contra o aborto, contra o desarmamento da população civil, contra a legalização das drogas, contra o sistema de cotas ou a favor do livre mercado, jamais será considerado “moderado”. Não fosse isso o bastante, o simples fato de você denunciar a asquerosidade das ações da esquerda, como o assassinato de mais de 100 milhões de pessoas durante o século XX ou a ligação íntima do PT com a maior organização narcoguerrilheira do continente, faz com que você seja acusado de disseminar “discurso de ódio”.

Toda essa atmosfera de histeria, falta de senso das proporções e intolerância faz com que a nossa direita fique cada vez mais acuada e com medo de se posicionar no debate público. Ainda assim, quando, uma vez ou outra, meia dúzia de intelectuais e jornalistas de direita expressam suas opiniões, aparecem os indignados e ofendidos afirmando haver um movimento conservador muito perigoso do qual eles têm que se defender de forma intransigente. Um exemplo disso é uma capa da revista “Caros Amigos” com o título “A Direita Sai do Armário”, com as fotos do músico Lobão, dos jornalistas Reinaldo Azevedo e Rachel Sheherazade, dos deputados Jair Bolsonaro e Marco Feliciano e do economista Rodrigo Constantino. Parece ser não apenas uma afronta, como também uma ameaça, o fato de existirem vozes que destoam das ideias estabelecidas nas universidades e na mídia, ainda que sejam poucas e se restrinjam a blogs na internet ou breves comentários em um telejornal.

Em qualquer ambiente em que a vida intelectual esteja razoavelmente dotada de sanidade, os debates gerados pelo confronto entre as pautas liberais-conservadoras e as pautas ditas “progressistas” ocorrem sem maiores escândalos. Isso não acontece no Brasil. Tomemos como exemplo a questão do desarmamento. No Brasil, quem quer que se apresente a favor da liberação do porte de armas, ainda que argumente razoavelmente por entender que o porte de armas permite a defesa pessoal da população civil, tem seu argumento imediatamente censurado, sendo massacrado por uma enxurrada de lugares comuns, até que suas ideias caiam no ridículo. Já nos EUA, esse debate não só ocorre, como o porte de armas é uma garantia constitucional dos cidadãos americanos, presente na Segunda Emenda da Constituição Americana. É evidente que a esquerda americana também possui suas ideias “progressistas”, mas há a clara noção de que há uma batalha de ideias e valores e que o debate deve ser aberto a quantas vertentes houver. No Brasil, apenas uma das ideias tem vez e é incutida na cabeça do público como se fosse um valor absoluto, uma verdade inquestionável, e qualquer oposição a ela é minimizada e encarada com desprezo.

Por esses motivos, a nossa direita fica a cada dia mais frouxa, com medo de expressar suas ideias, sem ver que com isso está ajudando a esquerda a consolidar de uma vez por todas sua hegemonia cultural e política. Aceitar o conjunto de premissas da esquerda, seu vocabulário politicamente correto e ser conivente com suas condutas criminosas, com o objetivo de se apresentar como moderado, é desistir do combate e lhe entregar a vitória.

Eduardo Britto é graduando do curso de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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2 comentários em “A timidez da direita

  • Avatar
    04/06/2014 em 3:13 pm
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    O problema é que não há partidos de direita no Brasil, por isso os direitistas acabam ficando sem voz. Ainda mais que praticamente toda a mídia brasileira é de esquerda e faz imensa questão de calar a direita.

  • Avatar
    27/05/2014 em 10:28 am
    Permalink

    em parte culpa da própria direita que não sabe tornar o discurso em algo palatável ao grande público leigo.

Fechado para comentários.

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