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Sobre o preço do petróleo

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petróleoA queda vertiginosa do preço do barril de petróleo tem sido um dos assuntos mais comentados no mercado financeiro nos últimos tempos. Quem acompanha este espaço e outros espaços liberais, já sabe da grande crítica feita ao investimento brasileiro no petróleo do pré-sal, visto que seu custo de extração é muito grande, podendo ser economicamente inviável se o preço do barril do petróleo chegar a um determinado piso. De acordo com especialistas, o piso de viabilidade do petróleo do pré-sal seria de US$ 60,00 o barril. Já estamos cerca de 15 dólares abaixo do piso de viabilidade, significando, na prática, que nesse exato momento a extração de petróleo do pré-sal já é economicamente inviável.

A pergunta que fica é: por que os preços do petróleo continuam a cair tanto?

Ao longo de todo o século 20, o que se ouviu falar em todos os cantos e, principalmente, nas aulas de geografia, é que o petróleo é o combustível que faz andar nossa supostamente precária civilização, e que quando acabasse o petróleo, o que, de acordo com os meus professores, se daria lá para o ano de 2020 (ou seja, só teríamos mais cinco anos de petróleo), o mundo viraria caos, a economia implodiria e tudo seria terra de ninguém, ao estilo Mad Max (trilogia de filmes dos anos 80 que trabalha com a hipótese de que acabou o petróleo).

O que verdadeiramente move a civilização humana não é o petróleo, mas a nossa própria inventividade. Sem nossa inventividade, nós sequer saberíamos o que fazer com petróleo. E dentro da nossa inventividade, seria uma questão de tempo até podermos suplantar a escassez de petróleo com novas tecnologias, especialmente em um ambiente de livre mercado e garantia de direitos de propriedade. E esse tempo chegou antes mesmo da escassez de petróleo propriamente dita.

Assim podemos começar a responder a pergunta acima. Os preços continuam a cair por dois motivos: aumento da oferta de petróleo e redução da demanda de petróleo.

No lado da oferta, a inventividade humana descobriu novas maneiras de se extrair petróleo, como por exemplo o próprio pré-sal, além do petróleo não convencional extraído do xisto. Além disso, novos métodos de prospecção foram elaborados, e hoje temos muito mais reservas de petróleo não explorados do que tínhamos há 25 anos atrás.

Há uma discussão relevante acerca de uma suposta tentativa de dumping dos países árabes, produtores tradicionais dessa riqueza, reduzindo o preço do petróleo para forçar a quebra de empresas que exploram petróleo não-convencional, que costumam ser mais caros, havendo então uma espécie de falha de mercado. A beleza do processo de mercado não está na concorrência propriamente dita, mas na potencialidade de concorrência. Com um mercado desobstruído, onde agentes econômicos podem entrar e sair a qualquer hora, a própria potencialidade de concorrência já cria estímulo suficiente para a queda de preços. É o que se extrai da entrevista do Príncipe Saudita Bin Talal ao Globo. Segundo a autoridade, a queda dos preços quebrará as empresas novas do setor e eventualmente os preços aumentarão, mas que o preço nunca mais será tão alto, justamente por conta da ameaça de retorno desse tipo de exploração petrolífera, isso se de fato elas quebrarem, pois a inventividade humana pode muito bem, em pouco tempo, criar novas tecnologias que barateiem a extração desse tipo de petróleo não-convencional.

Por outro lado, em uma realidade de concentração de mercado obstruído, como o caso brasileiro do monopólio da Petrobras, mesmo com uma queda mundial dos preços do petróleo, os valores dos derivados para o consumidor comum não arrefecem. De acordo com alguns jornais, a gasolina brasileira está 61% mais cara que a média mundial. Instituições realmente importam.

Do lado da demanda, houve uma diminuição do consumo em virtude de vários fatores, mas vou destacar dois. Um deles é a crise econômica mundial, causada basicamente pelas obstruções de mercado, crise da dívida pública e massivo “rent-seeking”. O segundo, mais interessante, é a inventividade humana, que percebeu não ser interessante ficar excessivamente dependente de um único bem, como já explicado antes, e conseguiu superar essa escassez criando novas fontes mais modernas e até mesmo limpas de produção de energia e bens de consumo que antes eram necessariamente produzidos com petróleo.

Por fim, é sempre importante destacar que o mercado do petróleo é cíclico e essas condições sempre irão variar ao longo do tempo, mas em um mercado livre podemos ter a certeza de que a inventividade humana superará os obstáculos e fornecerá os instrumentos necessários para que consumidores tenham acesso a bens a preços razoáveis. A única coisa que a inventividade humana não parece conseguir superar, no Brasil, é o inexplicável fetiche do povo brasileiro pelo monopólio da Petrobrás que nos empobrece coletivamente enquanto enriquece uma gama de políticos inescrupulosos de todas as matizes ideológicas.

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

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