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Sobre empreendedorismo e lucro

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JOÃO LUIZ MAUAD*

O presidente venezuelano Nicolás Maduro continua sua saga para levar aquele país ao colapso econômico e social.  Não satisfeito em mandar o exército invadir lojas comerciais para obrigá-las a vender seus estoques pela metade do preço, Maduro mandou prender cerca de 100 empresários “burgueses”, chamados por ele de capitalistas bárbaros e parasitas.  Além disso, depois que o congresso outorgou-lhe poderes ditatoriais, prometeu editar uma lei para limitar os lucros empresariais entre 15% e 30%.

Maduro é um tolo e os venezuelanos pagarão um preço muito alto pela aventura “bolivariana” em direção ao tal “socialismo do século XXI”.  Disso qualquer pessoa com um pingo de juízo tem poucas dúvidas.  Triste é ver que, em pleno século XXI, ainda há parvos que acreditam sinceramente nesses sofismas e falácias disseminados por gente como Maduro.

Para tentar desmistificar um pouco temas como empreendedorismo e lucro, seguem trechos de um antigo texto meu sobre o tema.

Muita gente desvaloriza o trabalho dos empreendedores sob o argumento de que eles estão meramente em busca do benefício pessoal. Que os seus objetivos não seriam altruístas, mas egoístas. Esquecem que quase todos nós trabalhamos exclusivamente em proveito próprio. A única diferença é que a compensação pelo trabalho, seja ele de um humilde servente ou de um renomado cientista, é representada pelo salário, enquanto o retorno esperado pelos empresários é o lucro. Aliás, há outra importante diferença: o risco envolvido. Enquanto os assalariados recebem pelo trabalho executado independentemente do resultado alcançado, os empreendedores somente serão recompensados caso os seus investimentos se tornem lucrativos.

No capitalismo (pelo menos no capitalismo de livre mercado), a luta pela sobrevivência (competição) é tão feroz que, na maior parte do tempo, o bom empresário não pode se dar ao luxo de se preocupar com o interesse social, mas unicamente com seus próprios interesses, sob pena de sucumbir ante a concorrência ou a ineficiência. No entanto, essa característica egoísta não impediu que esses homens criassem, ainda que involuntariamente, um mundo muito melhor para todos.

Por mais que isso possa parecer estranho a alguns, foi graças ao autointeresse dos empreendedores que a imensa maioria dos nossos contemporâneos goza hoje de um padrão de vida bem acima do que, há apenas poucas gerações, era impossível até aos mais abastados. Ou alguém duvida que a busca constante pelo lucro foi a grande responsável por quase todas as inovações tecnológicas que, de alguma forma, concorreram para satisfazer boa parte das carências humanas?

Convido o leitor a pensar nas maravilhas tecnológicas já criadas pelo homem. Pense nos automóveis, locomotivas, navios e aviões que facilitaram os deslocamentos humanos, bem como de suas mercadorias. Pense nos eletroeletrônicos que facilitam e entretêm bilhões de pessoas mundo afora: geladeiras, televisores, máquinas de lavar, microondas, condicionadores de ar, computadores, telefones celulares. Pense nos equipamentos médico-hospitalares, que ajudam a tornar a medicina muito mais eficiente e prática, como tomógrafos, centrífugas, aparelhos de ultra-sonografia, de ressonância magnética, microscópios eletrônicos, micro-chips, marca-passos. Pense na indústria farmacêutica, nos avanços e nas descobertas frequentes que ela faz. Pense, por exemplo, que, há apenas vinte e poucos anos, a maior parte dos doentes com úlcera gástrica terminava numa mesa de operações e que hoje essa é uma doença facilmente tratável com medicamentos. Pense na agricultura e nos avanços de produtividade dessa área, que permitem alimentar um contingente humano que cresceu de forma geométrica nos últimos duzentos e poucos anos, contradizendo as previsões catastróficas de Malthus e muitos de seus seguidores.

Pois bem, esses avanços, e toda a fantástica geração de riquezas conseguida pelo homem através dos tempos, foram obtidos graças à divisão e especialização do trabalho e, acima de tudo, ao interesse pessoal dos indivíduos. Sem isso, talvez ainda estivéssemos vivendo nas cavernas, com 99% da população precisando trabalhar de sol a sol, morando sem qualquer conforto, sujeitos a condições extremas de insalubridade e impedidos de qualquer outra atividade na vida que não trabalhar, comer e dormir.

Sem a recompensa pessoal, seja ela fruto da remuneração do trabalho ou do capital (lucro) não há incentivo para que os indivíduos produzam, invistam, pesquisem, desenvolvam novas tecnologias, criem novos produtos. Analisem a relação de ganhadores do Prêmio Nobel (exceto o da Paz). Onde está (ou esteve) domiciliada a imensa maioria deles? Sem dúvida, em países onde há liberdade econômica e, consequentemente, a busca pela recompensa pessoal. Será que isso acontece por mero acaso?

*ADMINISTRADOR DE EMPRESAS E DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

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