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Sobre a boa Gestão Educacional

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gestão-escolarHeitor Machado*

Se você não sabia, agora sabe que a maior empresa educacional do mundo é brasileira, e ela se chama Kroton. Não sei se o leitor está familiarizado com o que é a bolsa de valores mas para dar uma explicação bem facinha, o valor de uma ação reflete a percepção que o mercado tem de determinada empresa. Se a percepção é ruim, o valor cai e se a percepção é boa, o valor sobe. Claro que existem um sem número de outras variáveis para que haja essa flutuação mas nem é o momento para falarmos sobre isso. O fato é que a KROT3 (Nome da ação da empresa na Bovespa) cresce a números incríveis.

Um dos motivos que isso acontece( e existem muitos outros), é que não havia uma carência mas a ausência completa de gestão na área. A partir do momento que se permitiu o lucro para empresas voltadas a essa atividade, o negócio disparou. É como se do nada, o Estado nos dissesse que religiões deixaram de ser o que são e passam a ser um serviço de melhoria na qualidade de vida e que quem faz isso pode e deve lucrar. Seria de um dia para o outro, uma explosão de igrejas competindo pelos fiéis e seus gestores ficando podres de rico. Deve estar pensando que isso já ocorre, né? A ação humana é uma danadinha, onde houver demanda, haverá oferta! Já matamos o mito de “Educação não é mercadoria”?

Então, com esse boom de gestão privada nos negócios educacionais, podemos ver cada vez mais escolas e faculdades. É verdade que nesse momento, a qualidade da média não é das melhores mas ainda existe ampla variedade e com o aumento da concorrência, os preços abaixam e a qualidade aumenta ou estão condenados à falência por perda de clientes.

Há um grande porém nessa equação. A qualidade dos professores influencia diretamente no produto final. Bons professores formam bons alunos e maus professores formam maus alunos, isso é fato e não há como mudar isso se não catucarmos a onça pedagógica com a vara e o assunto é tão rico que um dos meus objetivos de vida é escrever um livro sobre. Sendo assim, vamos às análises. É de conhecimento geral que no Brasil, o professor medíocre (vale lembrar que medíocre vem de média, é aquela barra de cereal de passas, quando você está com fome, ela serve para matar a fome mas não é uma delícia) ganha bem menos que o mercado de outras carreiras.

Sendo assim, no Brasil, sabemos que é necessário que o profissional de sala de aula tenha uma formação de licenciatura na área a ser lecionada e para tal é condicional que você seja aprovado num vestibular para a faculdade. Agora, vamos praticar empatia (aquela habilidade de se colocar no lugar do outro) e pensar como um aluno de pré-vestibular. Primeiro os bons alunos: “Sou excelente aluno em Matemática, faço engenharia ou licenciatura em matemática?”; “Sou excelente em Português, faço direito ou licenciatura em lingua portuguesa?”; “Sou excelente em biologia, faço medicina ou licenciatura em biologia?”. Acho que você já entendeu. Ei, assanhado! Eu não disse que professores são idiotas, e se você pensou isso, infelizmente está dentro da pesquisa que diz que 50% dos universitários brasileiros são analfabetos funcionais. O que eu disse foi que os melhores alunos em suas áreas tem tendência a ir para cursos que dêem uma maior remuneração. E agora os maus alunos: “Só tenho nota para os cursos que sobraram”. Não vou hoje explanar sobre o mérito das avaliações mas é fato que elas existem e as regras são claras, entra quem jogar melhor esse jogo.

Dessa maneira, entram nos cursos de engenharia, medicina, direito, economia, os alunos que melhor entenderam as regras do jogo e sobram as licenciaturas e pedagogias, ambas mal colocadas nos rankings de concorrência do SiSU. Esses professores e pedagogos serão os condutores, via de regra, das gestorias educacionais. Mas nos grandes centros, esse panorama vem mudando, e vemos engenheiros dando aulas de literatura, oficiais da Marinha Mercante dando aulas de matemática, médicos dando aula de filosofia e esses eram sempre os melhores alunos nessas áreas e apresentam paixão combinada com conhecimento fora da caixinha. Vale ressaltar que essas práticas não são permitidas pela regulação estatal mas sabe como é, ação humana, equilíbrio entre oferta e demanda, melhoria da qualidade de proutos. Tudo coisa de liberal chato.

Mas vamos voltar aos professores de direito e deixar os professores de fato um pouco de lado. Recomendo, caso você se interesse pelo assunto educação (e a Coréia do Sul nos diz que se quisermos dar a volta por cima, é aí que começa), que assistam ao documentário “Waiting for Superman”. Nesse documentário, eles mostram uma prática que acontece nos EUA chamada “Dança dos limões”. Como o sindicato dos professores é extremamente protetor, mesmo com os incompetentes, é uma tarefa hercúlea a demissão de um professor. Então, os diretores das regiões reunem-se e trocam professores ruins por outros professores ruins para que pelo menos haja a rotatividade daquele profissional indesejado. No filme, é possível ver esses profissionais sendo pagos para ficar sentados nas salas sem fazer coisa alguma, apenas esperando o tempo passar.

Aqui no Brasil, a educação privada ainda encontra entraves desse tipo, pois como a amostra é ruim, em média, e a demanda por professores ainda é bem grande, nossos limões sempre tem um lugarzinho no mercado. No âmbito público, chega a dar tristeza quando sabemos que os profissionais gozam de estabilidade do serviço público.

O que pode ser feito no primeiro momento? Melhorar a qualificação dos professores com cursos para a carreira e liberdade de contratar professores com talento na sua área, onde um excelente arquiteto possa dar aulas de desenho geométrico, um excelente veterinário possa dar aulas de biologia, um excelente jornalista possa dar aulas de interpretação de texto.

As tentativas de “mais dinheiro para educação”, “federalização da educação pública”, “aumento de salário artificialmente para os professores”, nada mais são que medidas populistas que ignoram o problema que tem a gestão, centralização e a regulamentação no nosso país. Espero que você tenha chegado até essa frase com muita racionalidade sobre o que expus, e saiba que é possível mudar para melhor, do contrário os grandes grupos educacionais já teriam abandonado a atividade.

*Empreendedor

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Um comentário em “Sobre a boa Gestão Educacional

  • Avatar
    23/09/2014 em 11:46 am
    Permalink

    Queria deixar uma sugestão para o IL. Costumo ler os artigos do site pelo app Feedly, entretanto o IL não configurou seu site para leitura direto pelo aplicativo. Assim tem que se abrir o site para ler, o que é bem chato. Está dada a sugestão. Obrigado.

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