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Retaliação estatal

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RODRIGO CONSTANTINO*

O editorial de O Globo hoje fala do perigo de um presidente que “retalia”, mostrando como a sinceridade do ministro Guido Mantega expôs, provavelmente de maneira não intencional, a visão peculiar que a cúpula do PT tem da democracia. O então presidente Lula teria ficado irritado com a gestão da Vale durante a crise, e partiu para a pressão contra seu presidente, Roger Agneli. Segundo Mantega, Lula agiu de forma “democrática”, pois poderia ter “retaliado” a Vale com instrumentos estatais (nem vou perguntar quais).

Não vem ao caso defender as decisões estratégicas da Vale, que acaba de apresentar seu maior lucro trimestral da história (com o auxílio do elevado preço do minério de ferro, naturalmente). Poderia se argumentar que não faz sentido a Vale investir pesado no setor siderúrgico, pois entraria em conflito de interesses com seus maiores clientes. Poderia se dizer que é altamente possível uma empresa voltada para commodities ganhar rios de dinheiro e apresentar excelentes retornos para seus acionistas, como aliás tem ocorrido. E poderia se afirmar que na época da crise as demissões da Vale faziam todo sentido, até para proteger os demais milhares de empregados.

Mas nada disso é necessário para defender a gestão privada da Vale e repudiar a ingerência estatal. O fato é que o governo não deveria, em hipótese alguma, ditar os rumos da empresa, mesmo que considere sua estratégia absurda. Quem discorda ficou aprisionado no tempo, em uma ideologia tacanha que delega ao Estado poderes tirânicos, com a crença ingênua de que políticos e burocratas são melhores gestores de empresas, com melhores intenções em prol do “bem-geral” e com maior capacidade de tomada de decisão. Em suma, são viúvas do socialismo soviético ou do fascismo italiano, que trouxeram apenas desgraça e miséria ao mundo.

Outro artigo também em O Globo, de Pedro Dutra, comenta justamente sobre as intervenções de alto risco do governo, que ignora a imensa complexidade de nossa economia maior e mais aberta. Fica cada vez mais evidente que o atual governo acredita no fracassado modelo “desenvolvimentista”, que parte de um capitalismo de Estado onde o governo dá as cartas na economia. Quando o Estado se arroga o direito de “retaliar” empresas por discordar de suas decisões estratégicas, então é porque já estamos muito perto daquilo que chamamos de fascismo.

*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

Fonte da imagem: Wikipédia

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