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Resenha: “As Seis Lições” de Mises

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O economista austríaco Ludwig von Mises dedicou sua vida à defesa das liberdades individuais e do livre mercado. Viveu 92 anos, acompanhando grandes transformações no cenário mundial, com destaque para os regimes totalitários como comunismo soviético, fascismo e nazismo; e ainda o crescente intervencionismo dos regimes democráticos.

Durante sua carreira acadêmica, lecionou em grandes universidades da Europa e Estados Unidos, tendo em vista seu notório conhecimento em economia e política. Durante a docência, foi convidado para diversos eventos, um dos mais conhecidos sendo a palestra realizada na Argentina, que deu origem a esse livro.

As Seis Lições é uma obra separada nos seguintes capítulos: capitalismo, socialismo, intervencionismo, inflação, investimento estrangeiro e política e ideias. Durante a leitura, dois capítulos chamaram mais a minha atenção, e irei abordá-los a seguir.

Para o autor, o capitalismo é visto pela maioria como um sistema em que as grandes empresas produtoras são “reis”. Não obstante, na visão do autor, essa premissa é equivocada, pois, os verdadeiros reis são os consumidores, pois ditam as regras do jogo, procurando por quem oferta o melhor produto com o menor custo.

A ótica do autor é coerente, porque as empresas surgem para servir à sociedade e não para se transformarem em “reis”. Infelizmente, esse entendimento não está claro para todos os cidadãos que têm a oportunidade de desfrutar desse sistema. Foi erroneamente aceita a ideia de que, quanto maior a empresa, mais poder ela detém e que ninguém pode contestá-las. Na verdade, as maiores empresas facilmente perdem todo o seu poder se os clientes deixarem de consumir os produtos que elas oferecem.

As empresas grandes possuem determinado poder somente sobre os seus concorrentes. Este é um dos pontos centrais do capitalismo e do próprio capítulo: a concorrência eleva os padrões de vida e mantém esse sistema funcionando, e as empresas podem melhorar os seus produtos e reduzir seus custos, o que pode gerar um grande desafio para as pequenas empresas crescerem, o que não é ruim para os consumidores, que terão acesso aos melhores serviços e produtos.

Aqui podemos explorar o que é a elevação dos padrões de vida. Na própria obra, destaca-se a ideia errônea de que mulheres e crianças eram empregadas nas fábricas, como se antes vivessem em condições satisfatórias: na verdade, as mães procuravam uma forma de obter sustento para si e seus filhos, uma vez que não possuíam sequer cozinha em casa ou alimentos para cozinhar.

O sistema capitalista é muitas vezes criticado por socialistas, inclusive Karl Marx, que defendia a tese de que o capitalismo se consolidou empobrecendo os trabalhadores. O capitalismo não é um jogo de soma zero . Se fosse, teríamos que pensar que o pobre produziu algo do início ao fim e que, no final, esse resultado seria “tomado” por uma pessoa mais rica, ignorando completamente a cadeia produtiva.

De outra forma, o dinheiro surgiu com a proposta de facilitar as transações dentro do sistema. Não é algo que funciona como a lei da gravidade. com conceitos bem definidos. Se fosse assim, seria fácil, pois bastaria aplicar a fórmula mágica e todo mundo deixaria de ser pobre ou rico. Como dito pelo autor, a economia não faz milagres, sendo fruto de decisões econômicas por pessoas e governos.

Se existe algum atributo que o dinheiro possui, ele vem justamente da nossa parte. Essa é a magia do capitalismo alinhado com boas práticas econômicas: os padrões de vida se elevam diante da capacidade do indivíduo de pensar em inovações que possam facilitar a vida de toda a sociedade e, consequentemente, trocar isso por dinheiro.

Em seguida, Mises analisa o socialismo, considerando-o um sistema que inevitavelmente leva à tirania e à destruição da liberdade individual. Argumenta que o socialismo é incapaz de coordenar adequadamente a produção e o consumo, já que a propriedade privada dos meios de produção é abolida. Além disso, Mises destaca que, sem a possibilidade de lucro, não há incentivo para a inovação e a melhoria contínua dos processos produtivos.

Dessa forma, pensando em liberdade, podemos perceber a importância da propriedade privada para o indivíduo e suas liberdades. Sem o sistema capitalista, sem a liberdade de criar ou inovar, não faz sentido querer melhorar o seu padrão de vida, já que, em contrapartida, você não receberia nada. Os atrasos que o socialismo traz são imensuráveis.

Dito isso, parafraseando uma das icônicas frases do socialismo: “se a classe operária tudo produz, tudo ao Estado pertence”, o socialismo é impossível de ser implementado sem uma força externa que obrigue a pessoa a agir de determinada forma. Mises destaca: “Portanto, no sistema socialista, tudo depende da sabedoria, dos talentos e dos dons daqueles que constituem a autoridade suprema. O que o ditador supremo – ou seu comitê – não sabe não é levado em consideração.”

Dessa forma, outros irão tomar as decisões por você sobre o que comer, onde morar, o que fazer e até mesmo aonde ir. Esses regimes já nascem fadados ao fracasso, porque vão contra a natureza humana, que possui suas próprias vontades. Por fim, o fato é que o capitalismo melhorar as condições de vida.

*Maycon Souza, advogado, atua diretamente com direito imobiliário e tributário no escritório Villarinho Advogados. Antes de ingressar nesse escritório, atuava no departamento jurídico da Urbanizadora Paranoazinho S/A, também com foco em imobiliário. Já atuou como analista para empresa de tecnologia e prestou suporte também na área. Atualmente, se dedica ao estudo de novas tecnologias, ao direito e à liberdade. Associado ao IFL/BSB desde 2022, encontrou no instituto uma forma de aprimorar seus conhecimentos sobre gestão, liberdade e liderança, assumindo atualmente o cargo de diretor financeiro.

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