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Relação entre pessoas afastadas do trabalho devido ao distanciamento social e dados da Covid

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Na crise atual, com as medidas (corretas) de distanciamento social, a economia e o mercado de trabalho foram muito afetados, como todos sabem. Com as primeiras medidas de flexibilização, que começaram há algumas semanas e têm se intensificado, a quantidade de pessoas afastadas do trabalho devido ao distanciamento social tem diminuído. Para quantificar e fornecer informações novas e específicas sobre a situação econômica da crise relacionada ao coronavírus, o IBGE lançou a pesquisa Pnad Covid, similar à Pnad Contínua, sobre o mercado de trabalho. Porém, como as amostras são diferentes, a Pnad Covid e Pnad Contínua não podem ser comparadas.

Além de dados semanais para o Brasil, há dados mensais para os estados, para os meses de maio, junho e julho. Uma das variáveis é referente a pessoas ocupadas, mas afastadas do trabalho devido ao distanciamento social. Na pesquisa do IBGE, além de dados econômicos, também há dados sobre saúde, como sintomas, estabelecimentos de saúde e providências para alívio dos sintomas.

O Gráfico 1 mostra que, no Brasil, maio foi o mês com o maior percentual de pessoas ocupadas, mas afastadas do trabalho devido ao distanciamento social, número reduzido em junho. Em julho, a taxa foi menos da metade de dois meses antes. Somente três estados apresentaram taxas maiores em julho do que em junho deste ano: Amapá (16,9% e 7,3%, respectivamente); Rio Grande do Sul (7,0% e 6,2%); e Rondônia (6,2% e 5,9%).

Neste artigo há uma análise relacionando a variável (da Pnad Covid) pessoas ocupadas, mas afastadas do trabalho devido ao distanciamento social (de junho, onde as taxas eram mais altas do que julho) com indicadores divulgados pelo Ministério da Saúde sobre o coronavírus. Por questões de subnotificação dos casos, um problema que ocorre no Brasil e na maioria dos países do mundo, a taxa de mortalidade pode ser um indicador mais preciso do que a taxa de incidência. Também podem ocorrer subnotificações de mortes, pelo menos na causa do óbito, porém numa magnitude menor do que da incidência dos casos, já que a maioria das pessoas não é testada.

No Gráfico 2,[1] de dispersão, há a relação entre a taxa de mortalidade por 100 mil habitantes[2] com a quantidade de pessoas ocupadas e afastadas do trabalho devido ao distanciamento social (em proporção da população ocupada) no mês de junho de 2020. Pelo gráfico, percebe-se que estados com menores taxas de mortalidade também apresentaram a menor proporção de pessoas ocupadas e afastadas do trabalho devido ao distanciamento social. Por outro lado, estados com pior desempenho da crise de saúde também apresentaram dados piores do Ministério da Saúde. Vale frisar que a composição setorial das economias estaduais também afeta a análise, dado que a maior parte das pessoas ocupadas e afastadas do trabalho devido ao distanciamento social é do setor de serviços. Logo, estados em que o peso do setor de serviços é maior podem ter mais pessoas afastadas do trabalho devido ao distanciamento social.

Apesar de a taxa de mortalidade ser uma variável “mais precisa” do que a taxa de incidência, a relação entre a incidência por 100 mil habitantes e a proporção de pessoas ocupadas e afastadas do trabalho devido ao distanciamento social (Gráfico 3) apresenta uma tendência parecida ao se relacionar com a mortalidade por 100 mil habitantes, com estados com menor incidência apresentando um menor afastamento do trabalho das pessoas ocupadas devido ao distanciamento social.

É importante frisar que estas relações foram para um determinado momento, e que conforme a crise, principalmente de saúde, mudar, esse quadro também pode se modificar. Como são estágios diferentes da pandemia nos estados, assim como ocorreu em períodos diferentes nos países (de maneira geral, começou na China, depois foi para a Europa, até chegar nos EUA e na América Latina), o panorama pode mudar. Outro ponto a ser ressaltado é a heterogeneidade econômica das regiões. Estados em que o setor de serviços tem um peso maior podem ter sido mais afetados (na questão econômica) do que estados com um peso menor deste setor, ou em que a agropecuária (setor menos impactado pela crise) tenha uma relevância maior, por exemplo.

Feitas as ressalvas, este artigo mostrou que a proporção de pessoas ocupadas, mas afastadas do trabalho devido ao distanciamento social diminuiu em junho e em julho. No último mês com dados disponíveis (julho), a taxa foi menos da metade da taxa de maio. Também há uma análise relacionando indicadores do Ministério da Saúde sobre a taxa de mortalidade e incidência ligada à pandemia com a quantidade de pessoas ocupadas e afastadas do trabalho devido ao distanciamento social (em proporção da população ocupada), mostrando que estados menos impactados pela crise de saúde também tiveram menos pessoas afastadas do trabalho devido ao distanciamento social.

ANEXO  

Na Tabela A.1 há os dados dos Gráficos 2 e 3, com a proporção de pessoas ocupadas e afastadas do trabalho devido ao DS e as taxas de incidência e mortalidade por 100 mil habitantes.

 

[1] Os dados do Gráfico 2 e 3 estão na Tabela A.1, no anexo.

[2] Os dados do Ministério da Saúde são acumulados desde o início da crise até de 11/08/20.

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Marcel Balassiano

Marcel Balassiano

É mestre em Economia Empresarial e Finanças (EPGE/FGV), mestre em Administração (EBAPE/FGV) e bacharel em Economia (EPGE/FGV).

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