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Razão e Emoção na greve dos professores

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JOÃO LUIZ MAUAD *

Essa terça-feira foi mais um dia de greve, de crianças sem aula, de tumultos, de quebra-quebra, de anti-democratas tentando impedir, na marra, a votação de projetos pelo legislativo municipal.  Pelo quarto dia útil seguido, a principal artéria do centro do Rio – a Avenida Rio Branco – foi fechada por manifestantes e arruaceiros, dificultando ainda mais a vida do trabalhador carioca, que já enfrenta, diariamente, um trânsito caótico.

Mas para este escriba o pior mesmo é, depois de tudo isso, ter de assistir os comentários de gente a favor da baderna, da greve operada por sindicatos radicais por motivos políticos, das reivindicações muitas delas absurdas e contra os interesses da maioria da população da cidade.  Se a solidariedade é um sentimento nobre, que muitas vezes nos deixa tão ou mais gratificados que os próprios beneficiários da nossa compaixão, a irracionalidade é revoltante.

Antes de prosseguir, é preciso deixar claro que, para os liberais, todo trabalhador tem o direito sagrado de pleitear melhores condições de trabalho, inclusive fazendo greves, mas deve (ou deveria) estar ciente dos riscos inerentes a esta decisão, que poderá redundar até em demissão.  Não tenho dúvida de que, fossem trabalhadores de empresas privadas, esta greve seria improvável e a balbúrdia impensável.

Ninguém pode obrigar ninguém a trabalhar contra a vontade. Um contrato de trabalho é um acordo de conveniência mútua. Já a busca por melhores condições de vida é uma virtude humana digna de aplausos.  O que não vale, em nenhuma hipótese, é apelar para violência, mas infelizmente é isso que os professores vêm fazendo no Rio.

Fora as inaceitáveis ilegalidades acima mencionadas, há outras questões que também deveriam ser avaliadas, antes de sair por aí solidarizando-se com os professores: seria bom não esquecer, por exemplo, que, embora os salários deles não sejam uma maravilha, estão bem próximos da renda média nacional e, segundo o prefeito, são os melhores do Brasil. Além disso, é quase certo que, se o governo ceder, o impacto nas finanças públicas será grande, já que outras categorias provavelmente cobrarão benefício semelhante.

Malgrado tudo isso, boa parcela da população tem se mostrado simpática às reivindicações. Provavelmente, essas pessoas acreditam que o dinheiro do estado cai do céu diretamente nos cofres do erário. Não enxergam que o aumento, caso concedido, será pago por todos.

Chega a ser cômico ver pesquisas de opinião mostrando que a imensa maioria da população deseja reduzir impostos, sem se dar conta de que, para isso, é necessário limitar as despesas do governo.  Inadvertidamente, quando opinam sobre algo (aparentemente) sem conseqüências pessoais, muitas pessoas dispensam o raciocínio prudente e ponderado em prol da emoção. Em outras palavras, existe uma certa tendência à irracionalidade se o preço a pagar é desconhecido ou supostamente insignificante. De fato, se o governo conceder os benefícios pretendidos, o custo marginal para cada contribuinte será pequeno, porque diluído entre milhões. No entanto, de gota em gota o copo acaba transbordando. Não é à toa que pagamos impostos nórdicos e recebemos de volta serviços africanos.

Por alguma razão, sempre que vejo esse tipo de manifestação, lembro do grande Bastiat: “Enfim, como será admitido, por princípio, que o Estado estará encarregado de fazer a divisão fraterna em favor dos cidadãos… Todos se agitarão para reclamar os favores do Estado. O Tesouro Público será, literalmente, entregue à pilhagem. Cada um terá boas razões para provar que a repartição da fraternidade legal deve ser entendida no seguinte sentido: as vantagens para mim e as cargas para os outros”.

* DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

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