Quando o dinheiro não sai do seu bolso é fácil, né prefeito?
Nada a acrescentar ao brilhante artigo do meu colega Bernardo Santoro a respeito do problema da COMLURB e da greve dos garis.
Porém, não poderia deixar de fazer três perguntinhas básicas ao prefeito Eduardo Paes, a respeito da notícia segundo a qual ele acaba de conceder um aumento de 37% aos grevistas, cujos salários passarão dos atuais R$802,57 para R$1.100,00, causando um impacto nas contas da empresa de 400 milhões de reais, de acordo com o próprio alcaide.
Primeira pergunta: se era para ceder quase totalmente às exigências dos grevistas (o pedido inicial era de R$1.200,00), por que o senhor demorou tanto a fazê-lo, deixando a cidade coberta de sujeira justamente durante o carnaval, época em que é muito maior a afluência de turistas e o acúmulo de lixo nas ruas?
Segunda pergunta: em entrevista, depois do acordo, o senhor disse que não sabia ainda como iria pagar o reajuste. Será que não sabe mesmo, prefeito? Sem querer ofender, tenho a impressão de que o senhor sabia disso desde o início, só não teve ainda coragem de dizer. Vamos lá, eu lhe ajudo. Diga simplesmente: cariocas, preparem os bolsos, pois vem aumento de impostos por aí. Afinal, Maquiavel já ensinou, há mais de quatrocentos anos, como os políticos devem agir nesses casos: “Quando fizer o bem, faça-o aos poucos. Quando for praticar o mal, fazê-lo de uma vez só.”
Por fim, em entrevista concedida ontem, o senhor afirmou que não irá privatizar a empresa “de jeito nenhum”, embora o Rio seja uma das únicas três capitais brasileiras que ainda mantêm o serviço sob estrito monopólio estatal, pagando preços muito acima de outras cidades que já privatizaram o serviço. Como não deu maiores explicações, eu perguntaria ao excelentíssimo alcaide: tal firmeza deriva de alguma espécie de dogma religioso?
Mauad,
Além de afirmar que não privatizada a COMLURB, o prefeito disse, também, que Copa do Mundo e Olimpíadas não sujam tanto quanto os blocos de carnaval. Será? Bom, pela tática de negociação brilhante – bater pé e depois aceitar tudo –, podemos esperar a repetição de situações semelhantes já para Copa… Pior, da próxima vez não serão apenas os garis; mas, policiais, guardas de transito, médicos…
Abraço,
Leonardo Corrêa