Produzindo mão-de-obra produtiva
Nesta última semana o MEC autorizou a criação de 800 novas vagas universitárias de engenharia e 420 novas vagas em medicina, todas em universidades públicas. Essa notícia precisa ser avaliada por três ângulos: o da criação de novas vagas no ensino público, o do estímulo a esses cursos e o da falta de criação de novas vagas no ensino privado.
O governo petista experimentou nos últimos anos um modelo educacional tipicamente social-liberal no ensino superior: o uso da estrutura de mercado para realizar fins sociais através do programa PROUNI. O PROUNI funciona como uma espécie de voucher, onde o estudante se matricula em uma universidade privada com bolsas de 50% ou 100%, dinheiro esse abatido da carga tributária imposta ao empreendedor educacional. Esse modelo pode absorver cerca de 100.000 estudantes por ano. No setor público, o investimento para abertura dessas vagas seria incalculável. A abertura dessas vagas no setor público é um claro retrocesso frente ao modelo adotado.
Quanto à expansão desses cursos, a medida é bem-vinda. O país não aguenta mais produzir administradores públicos e advogados, ou seja, burocratas, que só se formam assim porque há um imenso estímulo estatal causado pelas benesses injustas e desproporcionais do modelo público. Havendo estabilidade, salários acima da média de mercado e falta de metas, é absolutamente natural que qualquer um queira ir para o serviço público e não para a iniciativa privada.
O que o MEC precisa é sair do caminho e deixar que as universidades privadas expandam seus cursos como o mercado quiser. E o mercado tem demandado hoje muito mais engenheiros e médicos que advogados, tanto que as universidades privadas tem sofrido imensas dificuldades em conseguir expandir seus cursos, sempre seguindo uma burocracia que gera custos para toda a sociedade.
Precisamos ser mais eficientes na expansão do ensino superior e a chave dessa expansão está na rede privada, não na rede pública.