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Privatizações: que venham os chineses?

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Uma matéria hoje, na Gazeta do Povo, coloca em dúvida o modelo de privatização do Governo Temer, principalmente pelo fato de que estaríamos prestes a trocar uma administração estatal genuinamente brasileira por uma outra administração estatal, só que chinesa.

Segundo o jornal paranaense, “Curiosamente, as empresas que despontam como as maiores interessadas em investir [nas privatizações brasileiras] também são estatais. Da China. Principalmente quando se trata da Eletrobras, a empresa de energia, que também parece ser a que está no caminho mais avançado para a desestatização.” (…) “Se a ideia é se livrar de focos de corrupção e baixa produtividade, é preciso lembrar que as companhias controladas pelo governo chinês não são conhecidas exatamente pela lisura e eficiência. Além disso, o repasse de estatais brasileiras para congêneres chinesas contraria um dos argumentos mais frequentes a favor da privatização – que empresas geridas por governos terão problemas cedo ou tarde e que por isso o melhor é vendê-las para o setor privado.

Há várias questões a abordar sobre o resumo que vai acima – que mais parece um libelo anti-privatização parido pela pena de algum estatista empedernido, preocupado em manter as coisas exatamente como estão.

A primeira é que a venda de estatais pelo governo brasileiro é motivada por diversos aspectos, e não apenas, nem principalmente, por problemas de corrupção e baixa produtividade.  O ponto principal é que o governo precisa de dinheiro, e as privatizações são uma forma rápida e eficaz de fazer caixa. Portanto, se o volume de poupança é maior na China, se é lá que estão os recursos disponíveis para investimentos em grandes projetos, que demandam vultosos aportes e cujo tempo de retorno é longo, que venham os chineses.

O segundo ponto a favor das privatizações é acabar com o uso político das estatais, talvez a maior fonte de ineficiência dessas empresas. Para isso, não importa se o capital vai passar para as mãos de um investidor privado (nacional ou estrangeiro) ou público (estrangeiro). Eu, particularmente, preferiria que a administração passasse para mãos privadas, mas se o melhor lance for de uma estatal chinesa, que assim seja. Para alcançar o objetivo de restringir o uso político, tanto faz se o capital é privado ou público estrangeiro.

O terceiro argumento em favor da privatização não é propriamente acabar com a ineficiência e a corrupção, até porque, em maior ou menor grau, essas deficiências existem em qualquer empresa. O que interessa é parar de penalizar o contribuinte brasileiro pelos desmandos e roubalheiras em empresas de cujo capital participamos de forma involuntária – e isso acontecerá independentemente de quem assuma o controle do capital.

Não sou contrário a que se discutam modelos de privatização – pulverização, em blocos, fatiamento, etc. -, mas acho muito estranho esse temor exagerado com os chineses ou com qualquer outro capital estrangeiro, seja público ou privado. O mais importante, repito, é nos livrarmos da interferência política na gestão dessas empresas, transformadas em enormes cabides de empregos e balcões de negócios espúrios, bem como retirarmos das costas dos pagadores de impostos o fardo dos prejuízos provenientes da má gestão, do corporativismo e da corrupção.

O resto é conversa fiada de quem não quer privatizar nada.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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