Por que os centros das cidades se acabam?
Vocês já observaram o que acontece com os centros da cidade de diversos estados? Hoje, ao transitar pelo centro de Vitória, local em que resido, me deparei com o seguinte questionamento: por que os centros das cidades se acabam? O que ocorre para que um local que, em tempos passados, era tão habitado, fique abandonado e entregue aos moradores de rua?
Difícil responder; mas fui em busca de alguns fatos que pudessem justificar esse cenário que tanto se repete em diversas capitais do país. Geralmente o centro da cidade é o local que primeiro se desenvolve. Ali surgem os comércios, os primeiros grandes prédios residenciais e empresariais, geralmente ficam os chefes de Estado e os monumentos históricos. Tá aí, é o início de tudo!
Ele surge para atender às necessidades dos homens, sejam elas econômicas, políticas ou sociais – e sua urbanização está, então, vinculada ao processo de industrialização. A chegada de indústria ou empresa, principalmente de grande porte, tende a atrair à região onde se instalou um alto número de pessoas; mas se esse crescimento ocorre, então por que nos deparamos, com o passar do tempo, com a precariedade desses locais?
Penso que é justamente através da chegada de outras empresas nos arredores dos centros das cidades que estes acabam sendo esquecidos. E por um outro fator de grande influência: muitos proprietários ainda querem valores exorbitantes em seus aluguéis no centro da cidade, o que favorece a migração de pessoas para os arredores. Como dizemos no início, os arredores vão se desenvolvendo conforme às necessidades dos homens.
Com o desenvolvimento de outros locais, aliados ainda a proprietários com uma visão turva de economia de imóveis, as novas empresas tendem a buscar outros espaços que possuem características mais novas e estão em crescimento. Com poucos empreendimentos, o centro das cidades fica esquecido e tampouco requisitado. Restam ali as obras governamentais que duram uma vida para se concretizar e custam fortunas absurdas. Ainda assim, não ganham grande ibope ou valorização. Com o passar do tempo e por necessidade, a região passa a ter baixo desenvolvimento, baixa valorização e tende a ter queda brusca de valores. O crescimento reduz, pois não temos grandes organizações ali instaladas; consequentemente não se conseguem grandes feitos e muito menos atratividade.
Movimentos como reestruturação de imóveis e ofertas governamentais de modo gratuito (concessão de prédios e terrenos) poderiam gerar interesse de empresas e assim contribuir com a retomada da economia e desenvolvimento do local. Desejo que tais ambientes conquistem suas retomadas econômicas e, de preferência, livrem-se das amarras governamentais, para que assim os centros aos poucos não se acabem.
*Karen Meirelles é associada I do Instituto Líderes do Amanhã.