Por que deveríamos olhar para a Estônia?
O que vem à sua mente quando pensa em Leste Europeu? Muitas pessoas relacionam os países dessa região a uma aura sombria, associando-os ao tráfico humano, muito provavelmente impactados por filmes como “O Albergue”. Outras já pensam em festas de música eletrônica, língua complicada, cultura gypsy e mulheres misteriosas. Há aqueles que logo já pensam em questões político-econômicas relacionadas a uma presença forte do Estado através do regime socialista da antiga União Soviética.
A verdade é que os países pertencentes a essa região têm características individuais bastante próprias, não obstante boa parte contar com a presença de idiomas eslavos, a predominância de religião cristã ortodoxa e, justamente, a adoção do regime econômico socialista durante o século XX.
No pós II Guerra, em que a Europa foi dividida em dois blocos delimitados pela chamada “Cortina de Ferro”, a porção oriental passou a ser dominada pela – extinta – União Soviética, que implementou o regime socialista aos governos locais.
Palco da Guerra Fria, muitos desses países foram, inclusive, submetidos a ditaduras de esquerda; Enver Hoxha na Albânia, Josip Tito na Iugoslávia e Nicolae Ceausescu na Romênia, por exemplo.
Com a queda do bloco socialista e o fim da Guerra Fria, os países bálticos conquistaram sua independência do regime outrora imposto, libertando-se, também, política e economicamente.
Nesse novo contexto, alguns deles, quase que de forma imediata, aderiram ao regime capitalista e passaram a implementar uma completa agenda de reformas, na qual a Estônia ocupa posição de destaque.
A Estônia tem sido o mais bem sucedido dos países que se livraram do controle do regime comunista, sucesso advindo da liderança política desde a independência, comandada por Mart Laarque – que, vale lembrar, leu Milton Friedman.
Por meio da criação de uma zona de livre comércio, da privatização de empresas estatais, da implementação de políticas tributárias idôneas e da implementação do currancy board (regime no qual a moeda nacional é ancorada a uma moeda estrangeira sem interferência política), a Estônia viu seus índices socioeconômicos alavancarem como nunca.
Atualmente, a Estônia é um dos países mais desenvolvidos tecnologicamente, inclusive quando falamos nas relações com o governo. Por lá, há um sistema de cartão eletrônico que a população utiliza para quase todos os serviços digitais. O cartão é composto por um chip que contém não somente as informações do titular, mas certificados de autenticação e assinatura digital, servindo, também, como documento de viagem para toda a União Europeia.
O índice criado pelo think tank Heritage Foundation, que fornece análises criteriosas para rastrear o avanço da liberdade, coloca a Estônia em 8º lugar do mundo e em 4º na Europa, destacando sua eficiência regulatória e os benefícios gerados pela abertura do mercado aos investimentos estrangeiros.
O que é ainda mais notável é que a Estônia conseguiu fazer tudo isso em uma apertada área geográfica, com uma população pequena e em pouco tempo.
A Estônia é o maior exemplo atual de como o desenvolvimento e a melhoria do padrão de vida das pessoas está intimamente relacionado à liberdade econômica, e é nisso que também precisamos pensar quando falarmos em leste europeu da próxima vez.
Juliana Maia Bravo Klotz – Associada Trainee do Instituto Líderes do Amanhã.