Sobre limitar o mandato do Poder Executivo
Hermes da Fonseca nunca concorreu novamente, mas sua presença era sempre aventada por setores militares.
Wenceslau Brás foi além do ego: presidente uma vez, se afastou da política e foi o que viveu mais tempo longe do poder, 48 anos. Largou o poder em 1918 e faleceu em 1966.
Epitácio Pessoa era de família coronelista.
Arthur Bernardes foi ativo na política até 1955, quando faleceu.
Washington Luís se afastou do poder em desgosto ao golpe que sofrera em 1930.
A partir daqui, a coisa piora em níveis absurdos, já que Vargas assumiria o poder por 15 anos, incluindo períodos de pura autocracia e autogolpes.
Seu sucessor, Dutra, sairia do poder, mas não resistiria a tentar voltar por meios das eleições indiretas após a deposição de Goulart.
Getúlio retornaria, óbvio, mas seu vice, Café Filho, nunca aventaria o cargo novamente, diferente de Juscelino, que se lançou candidato em 65, assim como Jânio, que, após a patética renúncia de 61, tentaria em 65.
Entre os militares, daqueles que faleceram antes da volta da democracia, nenhum tentaria, mas Geisel e Figueiredo foram cotados, em pleno regime democrático.
Sarney seguiria senador até 2014, Collor até hoje pena para ser senador, e constantemente tenta voltar a governar Alagoas.
Itamar, quis ser presidente em 98, não foi por conta da emenda da reeleição e carregou mágoa pelo resto da vida.
Lula nem se comenta; Dilma, mesmo deposta, tentou voltar ao Senado e, para nossa sorte, fracassou. Bolsonaro aventa 2026, e já considerou virar prefeito em 2024.
A necessidade de se fazer um limite de carreira no poder público se faz necessária. Não é de hoje que presidentes agarram o osso e tentam se manter até o fim de suas vidas, se possível.
Deveríamos seguir o exemplo dos EUA, em que bastou um presidente exceder-se à tradição de George Washington de apenas dois mandatos para que a limitação legal aparecesse por meio da 22° emenda, que limita o mandato presidencial a dois mandatos e impede o postulante a tentar outros cargos, mesmo que cumpra apenas um mandato.
O Brasil precisa urgentemente discutir uma emenda que limite a presença presidencial pela saúde e rotatividade do poder no país, mas principalmente para se impedir o aprisionamento político da população à esfera populista.