Chaim Topol e “Um Violinista no Telhado”
Em 1990, eu estava em Nova Iorque a trabalho quando vi que “Um Violinista no Telhado” estava em cartaz numa temporada comemorativa aos 25 anos da sua estreia na Broadway.
Comprei os ingressos para o musical que, como não poderia deixar de ser, tinha no elenco o grande Chaim Topol interpretando, mais uma vez, como havia feito na estreia original na Broadway, em 1964, e em 1971, no filme de Norman Jewison, Tevye, o leiteiro de Anatekva.
A sessão estava lotada, a plateia estava ansiosa, excitada para ver tão esperado espetáculo. Esse era o meu sentimento. Quando todos estavam acomodados, alguém da produção veio até o palco e deu a notícia que ninguém queria ouvir. Topol não participaria naquele dia e nem no próximo, que seria a última daquela temporada especial. O cantor e ator israelense havia embarcado às pressas para Israel para encontrar sua família depois que os palestinos atacaram com foguetes a região onde residiam.
Houve remanejamento no elenco para que a peça teatral pudesse seguir seu curso. Óbvio que ficamos desolados com a notícia sobre os bombardeios e a ausência inesperada do protagonista. Porém, na medida em que o musical se desenrolou, fomos tomados por um encantamento proporcional aos vínculos históricos e familiares que tínhamos com aquela obra e com os personagens e as estórias nela retratados.
Escrevo isso tudo para dizer que Topol morreu, mas sua figura majestosa continua lá, tentando casar suas 5 filhas na longínqua Rússia Czarista, no longínquo ano de 1905, enquanto aquele violista continuar tocando no telhado.