Por que o não voto pode ser uma boa opção
Não sou daqueles que consideram o não voto (nulo, branco ou abstenção) uma bobagem. Ao contrário: acho que estes votos têm a sua razão de ser e até uma certa força, de que poucos se dão conta.
No primeiro turno, aqui no RJ, por exemplo, a soma dos votos brancos, nulos e abstenções foi de 46% do eleitorado. Isto quer dizer que somente 54% dos eleitores aptos votaram em algum dos vários candidatos inscritos. No segundo turno, as opções são apenas duas e, em muitos casos, não agradam à maioria. Então, por que não se abster?
Acredito que, quanto menor o número de votos que o candidato vencedor obtiver, menos legitimidade ele terá perante o eleitorado (e perante o legislativo municipal) e menores serão as chances de ele fazer o que quiser e bem entender depois de empossado. O não voto, portanto, não é um voto jogado no lixo. Ele tem a sua força como voto de protesto – nem que seja um protesto contra essa infame obrigatoriedade do que deveria ser um direito.
Outra questão importante em relação ao não voto no segundo turno é que, mesmo não votando, a sua decisão tem um peso nada desprezível para o resultado. Aqui no Rio, por exemplo, Eduardo Paes iniciará a corrida com vantagem sobre Crivella. Não gosto de nenhum dos dois, porém, se fosse obrigado a escolher, votaria no Eduardo Paes. Se ele estiver à frente das pesquisas no dia da eleição, a minha decisão de não votar representaria meio voto a menos que ele precisaria para alcançar os 50% +1 de votos válidos para ganhar. Em outras palavras, eu estaria ajudando o menos pior a ser eleito e, ao mesmo tempo, diminuindo a legitimidade popular dele.
Ah! Tudo isso aí é teoria, claro, porque, pelo menos em cidades com milhões de eleitores, o seu voto, na prática, não faz a menor diferença.