O ódio ao Ocidente é um brado suicida das esquerdas

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Como se não bastasse a sórdida agressão russa à Ucrânia, cujos desdobramentos ainda somos obrigados a assistir até os dias que correm, instaurou-se uma guerra aberta entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza depois dos abomináveis atos terroristas praticados no sábado 7. Bebês sendo degolados, mulheres sendo estupradas e outros atos de absoluta barbárie vêm aturdindo qualquer sensibilidade minimamente razoável desde que se iniciou mais um capítulo da longa e sangrenta história da estupidez humana e do fanatismo.

O que se constata, entretanto, é que a estupidez e o fanatismo não se restringem aos terroristas. Em nota, o MST reiterou seu “apoio total e irrestrito à luta do povo palestino pela sua autodeterminação e contra a política de apartheid implementada por Israel”. Afirmou ainda que a “Resistência Palestina, desde Gaza, reagiu, de maneira legítima, às agressões e à política de extermínio que Israel implementa na região há mais de 75 anos”. Para a nota do MST, não existe Hamas, não existe atentado terrorista, não existe a morte de centenas de pessoas (incluindo brasileiros) motivada pelo ódio incondicional a Israel e ao seu mero direito de existir.

Já a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, está muito mais preocupada com “a intervenção militar anunciada pelo governo de extrema direita de Netanyahu”, o premiê israelense, e com a “brutalidade ainda mais abrangente” e o “massacre com as dimensões de um genocídio” que resultarão da mobilização do Estado judaico em resposta a seus inimigos. Mais positiva, a psolista Luciana Genro aproveitou os atos terroristas para dizer que “a resistência palestina vive” e afirmar que “um povo que vive há décadas sob um regime militar e colonial de ocupação tem o direito de resistir e se levantar contra a opressão”. Não se limitou a isso: comparou a sordidez do Hamas ao “levante dos judeus contra os nazistas em Varsóvia” em 1943.

A nação judaica, pasmem, se converte em Alemanha nazista, na imaginação pervertida de nossas esquerdas. Apátridas que são, elas não se comovem sequer com a execução de compatriotas, que nada tinham a ver com o conflito. Na Câmara dos Deputados, onde se aprovou moção de repúdio, os petistas mal conseguiam empregar a palavra “terrorismo” e reconhecer que os brasileiros vitimados foram assassinados pelo grupo palestino. A sordidez dos atos do Hamas, que só pode ser explicada mediante a desumanização de seus alvos, é sumariamente ignorada, envolta em elegias a um suposto heroísmo em nome da “resistência”.

Aí está a explicação da narrativa: ao contrário da maioria de seus vizinhos e inimigos, Israel se inspira no modelo das democracias liberais e é histórica aliada dos Estados Unidos. Está atrelada a tudo que simbolicamente o Ocidente representa, entendido como uma referência a um conjunto de valores e edificações que demarcam nossa civilização. Liberdades individuais (uma farsa burguesa), economia de mercado (capitalismo opressor e genocida), moral judaico-cristã (obscurantismo reacionário), entre outras realizações cujos desdobramentos culturais facultaram o próprio direito que esses lunáticos têm de expressar suas sandices, são marcas de hediondez do “homem branco maligno” a serem extirpadas. Para tanto, vale tudo; pode-se exaltar qualquer força que se oponha a esse pacote. Os ocidentais devem estimar e respeitar todas as formas de culturas, civilizações ou grupos, exceto o próprio Ocidente.

Esse ódio irracional justifica tudo. O Hamas quer destruir Israel, mas o “Estado terrorista” é Israel. Israel é mais forte, é um agente do “imperialismo americano”, portanto, sem sombra de dúvidas, deve-se colocar os israelenses no papel de vilões da epopeia maniqueísta entre Davi e Golias. “Convenientemente” olvidam que, sem o Ocidente que gostariam de destruir, nada dos milhares de gêneros, “apitaços”, “toplessaços”, “beijaços”, masturbações com crucifixos em frente a igrejas católicas, abraços de paz ou desenhos de pombinhas brancas em que tanto se comprazem; todos os defensores dessas futilidades e excentricidades seriam exterminados sob a égide dos aiatolás ou dos jihadistas brutais.

O ódio da esquerda pelo Ocidente, acompanhado do apoio incondicional a seus piores inimigos, é um orgulhoso brado suicida. Esse “progressismo” obscurantista é como o parasita que não sobreviveria sem o hospedeiro que infecta, mas nem por isso se detém na ânsia por enfraquecê-lo. Clama, ao contrário, a que o Ocidente se entregue docilmente a seus predadores. Pouco lhe parece importar que não sobreviveria para se jactar da “vitória”.

*Artigo publicado originalmente na Revista Oeste.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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