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O filme “Extraordinário” e o debate sobre Homeschooling (educação domiciliar)

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Quem foi aos cinemas nas últimas semanas assistir ao filme Extraordinário (Wonder, 2017) provavelmente se emocionou com a história de Auggie Pullman, um garoto que nasceu portador da Síndrome de Treacher Collins. A doença genética faz com que alguns ossos e tecidos do rosto simplesmente não se desenvolvam, causando uma malformação na face. Além de ser um ótimo drama e com boas interpretações, o filme gera reflexões sobre a educação domiciliar.

A adaptação do romance de R. J. Palacio foca no desafio de Auggie ir à escola e ter de conviver com o preconceito de alguns colegas. Como o homeschooling é legalmente permitido em todos os estados norte-americanos, a família pôde adiar sua ida a escola sem prejuízos a sua formação curricular. Enquanto cuidava de sua saúde, por intermédio de dezenas de cirurgias, sua mãe Isabel interrompeu seu mestrado para dar aulas ao filho. Assim, eles puderam aguardar o momento que julgaram mais adequado para a escolarização do menino. Em virtude das aulas em casa, não houve necessidade de frequentar as séries iniciais do ensino fundamental, indo direto para uma turma de sua faixa etária.

Se Auggie nascesse no Brasil, porém, sua situação acadêmica seria muito diferente. Por aqui há um entendimento jurídico nebuloso acerca da educação domiciliar, com muitos juízes entendendo que a escolarização é a única forma possível de educação. Devido ao receio de acabar atrasando sua formação, provavelmente a família o matricularia em uma escola de forma precoce, ainda tendo de conviver com a rotina de cirurgias, o que o faria ausentar-se de muitas aulas. Além disso, ele provavelmente seria aprovado de qualquer forma, mesmo que não tivesse compreendido bem todo o conteúdo por causa das justificadas faltas, o que o levaria para séries futuras com um déficit de conteúdo.

Auggie teria de lidar com o preconceito de seus colegas da mesma forma, só que mais jovem e menos maduro ou preparado para tanto. Na história original, mais velho, o menino estava melhor preparado para encarar a dura realidade da crueldade de algumas crianças. Assim, enfrentou o bullying sofrido, perdoou colegas que tiveram atitudes equivocadas com ele e firmou laços de amizades verdadeiras.

Ao longo do filme, há uma provocação com a escolarização, pois Auggie está muito à frente em conteúdo em comparação a todos de sua sala. Há vários estudos que comprovam a eficiência do homeschooling e alguma superioridade no desenvolvimento da criança para essa metodologia de ensino. Não era de interesse da família que toda a educação de Auggie fosse em casa, mas caso essa fosse a opção, eles estariam respaldados legalmente para tanto.

Há, portanto, liberdade educacional para qualquer família americana planejar-se de acordo com as necessidades que eventualmente surjam, diferentemente do que ocorre no Brasil. É inadmissível a realidade de uma família não poder optar para que a educação de seus filhos seja dada em seu lar. Todavia, infelizmente nem em casos de necessidade, como o de Auggie, a educação domiciliar é possibilitada pela legislação brasileira – algo que precisa ser alterado de forma urgente.

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Luan Sperandio

Luan Sperandio

Analista político, colunista de Folha Business. Foi eleito Top Global Leader do Students for Liberty em 2017 e é associado do Instituto Líderes do Amanhã. É ainda Diretor de Operações da Rede Liberdade, Conselheiro da Ranking dos Políticos e Conselheiro Consultivo do Instituto Liberal.

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