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O dia da revolta dos paulistas contra a ditadura varguista

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Hoje, dia 9 de julho, é celebrado em São Paulo um feriado que deveria ser celebrado para todo o Brasil: o dia em que se deu início a um levante em favor da democracia contra a ditadura varguista.

A revolução de 30, que a princípio visava a uma mudança na falsa democracia da República Velha, concentrou os mais diferentes espectros políticos e sociais daquela época. Porém, o tempo foi passando e a promessa de uma verdadeira democracia nunca veio à tona. Enquanto isso, Vargas se utilizava de verdadeiros poderes ditatoriais, uma vez que a constituição de 1891 estava cassada.

Havia o compromisso de convocação de novas eleições e a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte para a promulgação de uma nova Constituição, porém nos anos subsequentes essa expectativa deu lugar a um sentimento de frustração, dada a indefinição quanto ao cumprimento dessas promessas, acumulada ao ressentimento contra o governo provisório, principalmente no estado de São Paulo.

Também havia a questão dos interventores federais nomeados por Vargas, que não detinham conhecimento algum sobre a região que governavam, sendo meros fantoches de execução do ditador. O levante armado começou de fato em 9 de julho de 1932, precipitado pela revolta popular após a morte de quatro jovens por tropas getulistas, em 23 de maio de 1932, durante um protesto contra o Governo Federal. Após a morte desses jovens, foi organizado um movimento denominado MMDC (iniciais dos nomes dos quatro jovens mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo).

Houve também uma quinta vítima, Orlando de Oliveira Alvarenga, que também foi baleado naquele dia no mesmo local, mas morreu meses depois. Nos meses precedentes ao movimento, o ressentimento contra o presidente ganhava força indicando uma possível revolta armada e o governo provisório passou a especular a hipótese de o objetivo dos revoltosos ser a secessão de São Paulo do Brasil. No entanto, o argumento separatista jamais foi comprovado fidedigno. Ainda assim, esse argumento foi utilizado na propaganda do governo provisório ao longo do conflito para instigar a opinião pública do restante do país contra os paulistas, obter voluntários na ofensiva contra as tropas constitucionalistas e ganhar aliados políticos nos demais estados contra o movimento de São Paulo.

Tudo isso, é verdade, apesar de, em determinado momento do conflito, o poeta Mário de Andrade ter confessado em carta para seu amigo, Carlos Drummond de Andrade: “No momento, eu faria tudo, daria tudo para São Paulo se separar do Brasil.”

Devido à falta de apoio substancial do estado, falta de aporte financeiro e uma ação rápida e enérgica das tropas federais, o movimento foi dissuadido em outubro. Porém, a despeito de o resultado do levante ter sido de vitória das tropas federais, a manifestação deu como resultado a convocação das eleições de 1933, a criação da justiça eleitoral e a Assembleia Constituinte – cenário de breve duração, logo subjugado pelo auto golpe varguista de 1937, decretando o Estado Novo.

Vargas até hoje é celebrado como uma espécie de herói nacional; já o MMDC e os constitucionalistas são objeto de escárnio para zombar de paulistas, quando na verdade deveria ser o contrário. Somos o país onde louvamos os ditadores e zombamos dos libertadores.

Sobre o autor: texto adaptado de publicação realizada na página Liberalismo Brazuca no Facebook. 

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