A visão hayekiana sobre o individualismo
“Na visão hayekiana, as liberdades alicerçadas no liberalismo do século XIX, que estavam sendo abandonadas pelos totalitários de todas as espécies, eram um desenvolvimento dos alicerces mais remotos de um individualismo essencial que marca a civilização do Ocidente, desenvolvida a partir dos fundamentos lançados pelo Cristianismo e pelos gregos e romanos.
Essa civilização teria nesse individualismo, que começou a se delinear com mais perfeição a partir do Renascimento, sua herança mais importante, sendo a destruição dessa herança equivalente à destruição da própria civilização.
Sem se identificar com a defesa do egoísmo como um orientador ético, Hayek fez questão de frisar que o liberal de sua estirpe defenderia o individualismo com base em outra justificativa: a constatação de que ‘os limites dos nossos poderes de imaginação nos impedem de incluir em nossa escala de valores mais que uma parcela das necessidades da sociedade inteira’, devendo-se por isso permitir maiores prerrogativas aos indivíduos.
Infelizmente, em sua opinião, o enorme sucesso do liberalismo em solucionar diversos problemas sociais e multiplicar as riquezas havia despertado a afobação de setores da sociedade que, inconformados com as dificuldades que ele ainda não tinha sido capaz de eliminar por completo, passaram a reivindicar a sua total supressão como remédio para elas, esquecendo-se de todos os benefícios por ele proporcionados.” (Trechos de meu livro “O Papel do Estado Segundo os Diversos Liberalismos”, Edições 70, p.
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