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Para onde iremos com a omissão das autoridades na questão das migrações e terrorismo?

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Sergio Renato de Mello*

É muito fácil fazer com que a alma de um povo ou de uma nação seja dilacerada ou perdida. Eis a receita: ser omisso em nome de um sonho mundialmente heroico.

O retrato do que vem acontecendo na Europa é sintoma de um mal maior que demonstra o acalento de autoridades governamentais com o fluxo de pessoas entre países sem que se dê conta das tragédias que isso possa acarretar se a adoção de uma discriminação positiva não for feita. Não se quer o fascismo, nem mesmo desigualdades sem a medida certa, mas chega uma hora em que todo um povo sofre por conta de seus governantes omissos ou interessados em outras oportunidades ainda a encoberto.

De uma remota época em que vivíamos sob os auspícios divinos em praticamente tudo, conhecida como era das trevas, houve a necessidade humana de o homem sentir-se mais devoto de si próprio em toda a sua plenitude. Assim, começou o tempo das luzes, tempos em que o então divino da ocasião anterior foi substituído pelo ego de um culto à personalidade humana, assim considerada em todos os seus atributos (físicos, intelectuais, mente, corpo e alma), absoluto e como se o mesmo sempre fosse uma metamorfose ambulante.

Só que o caminho para as tais luzes é por demais tortuoso e de sofrimento para alguns e, por vezes, para muitos. E não se deve desconsiderar que o caminho é desejável e, ao mesmo tempo, um sonho irrealizável; o caminho para alcançá-lo, de violência, tortura, barbárie e, no seu ápice, morte. E morte de pessoas inocentes.

No título “Como amar a humanidade e como não a amar”, Theodore Dalrymple escreveu com a maestria que lhe é peculiar: “Quase todo intelectual alega considerar profundamente o bem-estar da humanidade, sobretudo o bem-estar dos pobres. Mas, sabendo-se que não há registro de nenhum genocídio que tenha ocorrido sem que seus perpetradores alegassem estar agindo em nome do bem-estar da humanidade, fica evidente que sentimentos filantrópicos podem assumir uma infinidade de formatos. Dois grande escritores do século XIX, Ivan Turgenev e Karl Marx, ilustram essa diversidade com vívida clareza (…) Esses dois homens enxergaram a vida e o sofrimento humano de forma completamente distinta (…) Onde Turgenev enxergava homens e mulheres, Marx enxergava povo.1

Com relação aos atentados islâmicos, na Europa, fica fácil de dizer que ela, em consequência desse atual estado de coisas culturais, está acabando. Mesmo que, no sublime entendimento de Theodore Dalrymple, o islã tenha se tornado vulnerável e fraco, essa vulnerabilidade e fraqueza não são por outra causa senão pela sua crise que desponta nas consequências destrutivas.

Theodore Dalrymple exemplifica casos que atendeu e que mostram a que ponto chega a cultura islâmica, com o abono de autoridades locais, da mídia e até mesmo de feministas.

Nos parágrafos seguintes, parafraseio o citado psiquiatra.

Meninas são prometidas pelos pais sem o consentimento delas já nos primeiros anos de infância e, em caso de relutância, elas são mortas e a investigação acerca da causa fraudada pelas autoridades. Quando elas não são mortas, são expulsas de suas famílias e elas perdem a dignidade passando a serem vistas como prostitutas. Um outro pai impediu que sua filha frequentasse a faculdade de jornalismo e com a intenção de garantir que ela não sofresse as influências do ocidente e, assim, não se tornasse economicamente independente. Ela foi forçada a se casar e, quando foi para a Inglaterra, as autoridades britânicas fizeram vistas grossas para esse fato para evitar acusação de discriminação racial. Ela teve dois filhos e ambos com deficiências que os fazem necessitários de cuidados especiais pelo resto da vida. A imprensa britânica não cita o alto índice de doenças genéticas em tais casamentos com medo de ofender muçulmanos. Ela foi culpada pela doença dos filhos, o marido abandonou-a, ela foi marginalizada pela família e ela se jogou de um penhasco. Prossegue Theodore dizendo que há aqui um exemplo mais do que eloquente de vitimização feminina efetiva, mas o silêncio das feministas é ensurdecedor. Ou seja, entre defender a vítima mulher de sua desgraça e o multiculturalismo as feministas preferem ficar em silêncio.2

Theodore Dalrymple escreveu sobre a degradação da cultura em seu país (Inglaterra) e na Europa como um todo e deixou registrado na obra acima citada as possíveis causas para tais acontecimentos desastrosos. Não ouso dizer que seja um infortúnio porque são fatos que fazem parte de um estado de coisas já antes imaginado e antevisto, bem como alertado. Segundo o psiquiatra britânico, trata-se de uma cultura inadaptável aos costumes locais e isso mesmo se referindo aos moderados e não fanáticos.

Diz o renomado escritor que a consciência estreita e engessada do islã acerca do licenciosidade e promiscuidade do ocidente é responsável pela revolta reacionária que se vê nas ruas e nos atentados. Prossegue dizendo que essa consciência restritiva do islã e sua atitude inadaptável à cultura local rende que, tirando alguns de classe média educada, a maioria se reúne em bairros que eles se transformaram e territórios étnicos e que esses imigrantes muçulmanos nunca buscam uma nova forma de vida quando chegam, preferindo continuar com seus costumes.3

Quanto ao problema de adaptação do islã ao mundo moderno, cita que o grande fracasso do islã está em ainda não ter feito uma separação entre igreja e Estado, tendo sido assim desde o seu nascimento, com essa mescla de instituições e que só tende a ser destrutiva. Essa questão deixou o islã com dois problemas. Um foi político, porque Maomé não deixou arranjos democráticos mínimos para que governantes pudessem ser escolhidos. Logo, uma maioria fanática, que invoca o poder espiritual e absoluto de Maomé, está sempre em vantagem em relação à outra moderada. Além disso, as mesquitas são locais de encontros e não igrejas devidamente institucionalizadas, comandadas por fiéis zelosos pelas doutrinas de Maomé e não por autoridades fixas e devidamente estabelecidas, o que estimula atos de barbárie e tirania. O outro problema é de ordem intelectual. Quanto a este aspecto, menciona que o islã não seguiu a ordem revolucionária materialista que veio com o movimento iluminista, que deixou de lado argumentos espirituais ou divinos para dúvidas humanas, por isso ainda está atrás do pensamento moderno de encarar o mundo e as coisas que nele se contém. Prefere ainda andar em retrocesso com tudo sendo visto pelos olhos espirituais e pela religião. Ou seja, todos os fenômenos ainda continuam sendo regidos, no entender do islã, pela religião e por leis espirituais, por isso que alguns comportamentos que desatendem a essas leis são punidos por força espiritual e têm uma justificativa religiosa. 4

O islã é frágil no controle de seus comparsas, isso podendo ser visto pela multidão de jovens muçulmanos que se encontram na prisão. Ostentando uma certa política do Tudo ou Nada, ou absolutista polarizada, esses jovens estão totalmente secularizados, corrompidos com relação à sua religião oficial, não rezam, não leem o Corão e querem esposas que, em casa, cozinhem e limpem para eles, concubinas em outros lugares, drogas e rock’n’roll. O islã não exerce qualquer efeito inibidor ou de melhoria sobre o comportamento desses jovens muçulmanos, os quais consomem heroína. Ou seja, quando esses jovens resolvem deixar o islã o destino é uma vida promíscua e totalmente desregrada. Quando não, eles se tornam fundamentalistas, aderindo aos espaços deixados pela política multiculturalista do ocidente, com permissivos libertários de expressão e de liberdade pessoal.5

Assim, os caminhos para o encontro de si próprio sem Deus iniciaram com o momento da iluminação (1789), desprezando divindade. Entretanto, desse momento racional em diante, o último reduto desse tão festejado e ainda inalcançado encontro vai ser por meio do Islã como religião oficial de um mundo niilista e socialdemocrata laico. O professor Olavo de Carvalho deixa isso muito claro e aberto, dizendo que estamos vivendo hoje, no ocidente, um claro tempo esvaziado de qualquer ordem sacra e que vai desaguar no Islã como religião oficial por meio de ajuda humanitária. 6

1 Nossa cultura… ou o que restou dela: 26 ensaios sobre a degradação de valores, trad. Maurício G. Righi, 1ª ed. São Paulo: É Realizações, 2015, pág. 106).
2 ob. cit. págs. 335/336
3 ob. cit. pág. 338.
4 págs. 339/340.
5 págs. 344/346.
6 A fórmula para enlouquecer o mundo: Cartas de um terráqueo ao planeta Brasil (vol. III). 1ª ed., Vide Editorial: 2014, págs. 101/107).

 

Sobre o autor: Sergio Renato de Mello é Defensor Público em Santa Catarina.

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