Os privilégios de nossos políticos: Friedman explica!
O chicaguista Milton Friedman definiu quatro formas possíveis de se gastar dinheiro as relacionando com a eficiência do investimento com a qualidade e satisfação que o bem em questão geraria.
A primeira delas é gastar o próprio dinheiro consigo mesmo, como seus gastos do cotidiano. É a melhor forma de se gastar dinheiro porque o indivíduo está preocupado tanto com os custos quanto com a eficiência de seu investimento, bem como com a sua própria satisfação através daquele bem, isto é, com a qualidade do produto.
A segunda trata-se de gastar o próprio dinheiro, mas para comprar algo para outrem, como um presente de amigo-oculto. A eficiência do custo ainda é relevante, todavia, a satisfação de quem receberá o bem é secundária, mormente quando o destinatário do bem for alguém distante.
A terceira forma de gasto não se preocupa com a eficiência do dinheiro, tampouco com a qualidade e satisfação que aquele bem ou serviço gerará. Isso ocorre porque o dinheiro não é de quem o gasta e a satisfação é para terceiros, não própria. Esta é a representação via de regra dos gastos estatais e justifica o porquê na maioria das vezes é investido um valor muito superior pela administração pública em um bem similar mais barato oferecido ou prestado pela iniciativa privada. Explica também a qualidade duvidosa de muitos desses bem e serviços.
Entrementes, a pior forma de gastar dinheiro, e objeto do presente texto, é a que ocorre quando alguém gasta um dinheiro que não é seu a fim de alcançar sua própria satisfação. O gasto é ineficiente e exorbitante porque o foco será tão somente buscar a satisfação de quem gasta o dinheiro que não é dele.
Essa quarta forma de gastar dinheiro é o que acontece quando parlamentares legislam em causa própria e justifica o porquê nossos políticos possuem tantos privilégios, com residências oficiais, vários empregados a sua disposição, inúmeros outros benefícios, cartões corporativos etc.
O caso mais recente dessa forma de se gastar dinheiro foi um aumento em mais de um quarto dos salários das cúpulas dos três poderes pela Câmara dos Deputados [¹]. Em tese, os políticos nos representam, entretanto, não houve nenhuma demanda popular para aumento dos privilégios de nossos políticos.
Vale ressaltar que o valor do contracheque corresponde apenas a uma pequena parcela frente as inúmeras verbas e auxílios extraordinários que eles recebem. Esse contingente torna o Congresso Nacional brasileiro o segundo mais caro do mundo entre 110 (cento e dez) países [²].
Isso corroborou para o atual panorama da renda per capita do Distrito Federal ser quase três vezes maior que a média do restante do país [³], como se a atividade política gerasse alguma riqueza, quando na verdade geralmente atrapalha a geração desta.
Ademais, o reajuste em esfera federal gera um efeito em cascata entre as Assembleias Legislativas de todos os entes da federação, aumentando em muito os valores necessários para custear a atividade política.
Por fim, nossos políticos se presentearam neste natal com o aumento de seus privilégios – e quem paga a conta somos nós, contribuintes otários.
Bem que Friedman avisou.
[²] http://www.contasabertas.com.br/website/arquivos/852
[³] Segundo o IBGE de 2012.
“Pindorama” não têm povo têm público.
Quem quiser se dar bem, acumule uma quantidade razoável de dinheiro(como eu fiz) e venha embora para MIAMI.
Excelente análise.
Ao final, como povo, nós apenas temos o que merecemos. Nós que colocamos esse povo no poder e não fazemos nada frente tanto roubalheira e desmandos.
A melhor saída? A do aeroporto…
Nós somos o povo mais conformado do planeta, mais apático, só damos uma reclamadinha nas redes sociais e pronto, agora é sentar e esperar as coisas se resolverem