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Os inimigos de Marco Feliciano também não me representam

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ALEXANDRE BORGES *

Mesmo sendo o deputado evangélico mais votado do país, com 210 mil votos na última eleição (Jean Wyllys, por exemplo, recebeu 13 mil votos, 16 vezes menos), Marco Feliciano era um relativo desconhecido do noticiário até ser nomeado em março presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. O gráfico do Google Trends abaixo dá uma idéia interessante da trajetória dele ao longo dos últimos meses, desde que surgiu do anonimato como um furacão.

Feliciano é do PSC, partido da base aliada do governo, e fez campanha para Dilma em 2010, algo que a imprensa prefere não mencionar. Neste vídeo de 2010, ele aparece em campanha para ela. Neste outro, recebe o apoio entusiasmado do governador do Rio Sérgio Cabral.

Quando Feliciano assume a CDHM, começa um bombardeio de críticas na imprensa, celebridades pedindo a cabeça dele com cartazes dizendo “Feliciano não me representa”, e todo aquele linchamento que ainda está vivo na memória. Marco Feliciano vira o inimigo público número 1 do país por ter opiniões sobre homossexuais que desagradam o movimento gay e vira praticamente uma obsessão dos politicamente corretos, jornalistas engajados e celebridades que acreditam que não há nada mais importante no país acontecendo do que isso.

Em 9 de abril, Feliciano dá uma declaração surpreendente: diz que abre mão do cargo se os mensaleiros José Genoino e João Paulo Cunha também largarem seus cargos na CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania):http://abr.ai/1f1Ye60

Vejam o gráfico que mostra o volume de aparições de “Marco Feliciano” no noticiário e nas buscas do Google. Ao colocar os petistas mensaleiros no imbroglio, acabaram os protestos, os beijaços de celebridades, a onipresença nas redes sociais e jornais, simplesmente e como num passe de mágica todo mundo, de forma coordenada, mudou de assunto assoviando e olhando para o outro lado. Houve depois um espasmo de volta do uso do nome dele em meados do ano quando a imprensa tentou fabricar a idéia totalmente mentirosa de que haveria um projeto de “cura gay”, mas era tudo tão falso que não colou (Reinaldo Azevedo trata do assunto aqui)

Esse gráfico é importante para dar uma idéia de como há uma engrenagem política de influência da opinião pública que passa pela imprensa, pelo ativismo de celebridades e que conta com o apoio de milhares de inocentes úteis que curtem, compartilham e repetem sem pensar o que seus astros da Globo ou repórteres engajados colocam em pauta.

Se Marco Feliciano realmente representasse uma ameaça aos gays, por que o assunto mudou assim que os mensaleiros foram colocados na conversa? Onde foram parar os defensores das minorias depois de 9 de abril? Por que os impolutos e iluminados não pediram também a saída dos mensaleiros junto com a campanha para derrubar Feliciano?

Não preciso dizer que não tenho nenhuma simpatia por essa figura. Marco Feliciano é mais um integrante da base aliada do governo e tenho o mesmo desprezo por todos, mas é óbvio que seu nome foi usado para empurrar uma agenda diversionista, já delineada por Marilena Chauí ano passado (voltarei ao assunto em breve), em que os inimigos não são mais agrupáveis na categoria “direita capitalista”, já que parte do PIB aderiu alegremente ao PT (Eike Batista é o melhor exemplo). Tenta-se importar dos EUA a idéia de que a esquerda é “liberal” e que a direita é fundamentalista religiosa, atrasada e medieval, tirando a conversa da economia e criando uma caricatura ultrajante e absurda mas que está colando com os desavisados, inocentes úteis e politicamente corretos de sempre.

* DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

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