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Os aloprados de Putin?

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Ucrania_Kiev_euromaiden_fev201423 anos se passaram desde o dia em que, enfrentando o governo central de Moscou, a Ucrânia conseguiu se tornar independente da URSS, ou melhor, da Rússia, mãe de todas as Rússias. Um referendo e eleições presidenciais consagraram o Ato de Independência do país. Menos de 10 por cento não aprovaram, mas nunca houve clima para uma guerra civil separatista até passado recente.

Manifestações, protestos, sim, como os de dezembro, quando o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich (pivô da Revolução Laranja), disse não a um tratado de associação à UE. A população queria exatamente o contrário. Yanukovich foi derrubado dois meses depois, novas eleições foram convocadas para maio deste ano e um governo interino foi montado.

De repente, em março deste ano, o mundo se dá conta da anexação à Rússia da Crimeia e seu importante porto de Sebastopol, por meio de um controverso referendo, com erro básico de proposição e num clima de aparente constrangimento sobre os eleitores. Uma pesquisa feita antes da invasão de tropas russas na Crimeia havia revelado que apenas 42% dos habitantes eram favoráveis ao desmembramento.

De repente também, o noticiário começa a pôr em foco atos de insurreição de moradores do leste da Ucrânia contra o governo de Petro Poroshenko, eleito em maio último. Tanto o atual presidente quanto o primeiro-ministro interino que vivenciou a crise da Crimeia, Arseniy Yatsenyuk, são a favor de um distanciamento da Rússia. Os insurgentes são pró-Moscou e querem a reincorporação da Ucrânia à Rússia. A maioria esmagadora, entretanto, quer – como sempre quis – a Ucrânia independente da Rússia.

Moscou há tempos vem tentando retomar o rico solo ucraniano, considerado o celeiro da região, não por sua produção, mas por se constituir em corredor para seu gasoduto que abastece a Europa Ocidental. A dependência energética da Ucrânia em petróleo e gás russo tem sido enfrentada por Kiev abrindo a exploração a empresas estrangeiras, numa clara linha de dissidência com Moscou.

Putin não vem gostando nada disso e tratou de garantir a retomada da Crimeia. O que tem procurado ocultar é seu apoio explícito aos rebeldes – apoio com armas de guerra e treinamento. 

O governo ucraniano vem reagindo em todos os fronts: no diplomático, no midiático, e, por óbvio, no bélico também procurando retomar o controle do leste do país, mas os rebeldes, apesar do bombardeamento que vêm sofrendo, e dos recuos, a cada dia recuperam o fôlego, como a Hidra de Lerna nas mãos de Hércules.

Como é possível isso? Simples: quando Moscou quer algo tenta todas as formas de conquista. Putin nega que vem ajudando os rebeldes. Popular em seu país, faz o papel de bom moço no exterior também, mas a quem convence? A Europa do leste tem mais interesse em integrar a União Europeia do que retornar à velha “amizade” com Moscou.

O xadrez de Putin, no entanto, não estava preparado para a jogada imponderável: seus aliados ucranianos, treinados e armados por Moscou, abateriam um avião comercial da Malásia, em sua rota regular sobre território ucraniano, transportando 298 passageiros civis, causando comoção internacional. Erro tático? “Falha nossa”? Ou fazia parte da instrução dos militares russos acampados nas tendas dos separatistas?

Putin deve ter coçado a cabeça: “ah, esses aloprados!”…

A máscara de bom anfitrião dos Jogos de Inverno de Sochi já não convence. Do lado de lá da fronteira da Ucrânia, 40 mil soldados russos estão acampados.

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fonte da imagem: Wikipédia

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Ligia Filgueiras

Ligia Filgueiras

Jornalista, Bacharel em Publicidade e Propaganda (UFRJ). Colaboradora do IL desde 1991, atuando em fundraising, marketing, edição de newsletters, do primeiro site e primeiros blogs do IL. Tradutora do IL.

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