Quem está familiarizado com as obras do polêmico Nassin Nicholas Taleb certamente já ouviu falar da expressão “Skin in the game”, que significa arriscar a própria pele. Mesmo entre os leitores mais assíduos do autor, não há unanimidade em relação ao significado da expressão em determinadas situações. Entretanto, quando se fala em economia, muitos concordam com a visão do autor e suas recomendações.

Taleb recomenda cuidado com conselhos de investimentos quando o conselheiro é beneficiado por uma aplicação na qual o investidor é o único afetado. É necessário eliminar conflitos de interesse para poder arriscar a própria pele. Além disso, em uma transação, ambas as partes devem ter a mesma incerteza em relação aos resultados imprevisíveis. Isso quer dizer que todas a informações do empreendimento devem estar disponíveis de forma clara ao investidor, sem omissão ou letras miúdas.

Colocar a pele em risco, muitas vezes, é visto como incentivo para a tomada de melhores decisões. No entanto, deve-se ter cuidado com os potenciais impactos coletivos. O fato de alguém que está recomendando uma aplicação também estar investindo nela não quer dizer que sua pele está em jogo. É necessário considerar o fator tempo. De acordo com Taleb, aquilo que já sobreviveu por mais tempo e já passou por mais crises tem maior probabilidade de sobreviver por ainda mais tempo. Logo, é aconselhado buscar recomendações de instituições e gestores que possuem experiência, mais tempo de mercado e já provaram seu valor. Corra da dica quente do investidor iniciante que ficou milionário em poucos dias.

Outro ponto importante é considerar o perfil de risco do investidor e o conhecimento sobre determinado ativo. Não faz sentido seguir uma recomendação sem entender o que está fazendo. Se você não entende alguma coisa e ela tem impacto significativo, evite-a. Modelos e projeções são sujeitos a erros e a rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro.

*Nelson Afonso Duarte Junior é Associado II do Instituto Líderes do Amanhã.