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O verdadeiro “intelectual orgânico” de Gramsci é o homem comum

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Ironia das ironias! O comunista italiano Antonio Gramsci, aquele que repaginou o marxismo para o século 20 tentando salvar o mundo com  a ideia do socialismo, criou, isto sim, mais um conceito utópico: o inviável intelectual orgânico de esquerda. O termo “orgânico” é bem significativo em sua expressividade prática. Representa o que seria o puro, o natural, o que brota espontaneamente. Então, você faz uma pesquisa demorada na internet para ver o que existe a respeito do conceito gramsciano e só o encontra em milhares de artigos, textos, livros esquerdistas, enaltecendo Paulo Freire – enquanto se lembra de que, quando percorreu e saboreou as 500 páginas do excelente livro Os Intelectuais e a Sociedade, do economista, filósofo e escritor conservador americano, Thomas Sowell,  não encontrou uma única linha sobre Gramsci e sua tese. Ali você se depara, dezenas de vezes, com a expressão “intelectuais ungidos”. Aqueles que constroem artificialmente pensamentos pretensamente salvadores e transformadores do mundo.

Particularmente, gosto do termo “intelectual orgânico”, mas apenas se referindo a pessoas visceralmente e naturalmente praticantes e defensoras do sistema, da moral e da cultura sedimentados, frutos de uma construção demoradamente consensual por determinada sociedade. Ao contrário do que acreditava o filósofo italiano, não se fabricam intelectuais orgânicos. O paradoxo é gritante. Construir artificialmente o que é puro e natural. O vegetal transgênico não pode ser chamado de orgânico. Portanto, a festejada invasão do método freiriano nos sistemas de ensino para moldar mentes e corações produz em série, tão somente,  idiotas úteis que, se sofrerem de dissonância cognitiva, jamais se libertarão.

Da mesma forma que o socialismo é completamente incapaz de implementar um sistema econômico próspero, consistente e duradouro – porque só consegue se impor através de um Estado obeso e tirânico – é impossibilitado também de possuir intelectuais orgânicos. Antônio Gramsci achava, infantilmente, que bastaria forjar mentes nas salas de aula ou sistemas formadores de opinião que a ideologia comunista iria se impor, automaticamente, pela batuta de pensadores visceralmente engajados numa causa infalível.

Só acho, também, que Sowell restringiu demais suas análises a um único tipo de intelectual. Uma categoria ocupacional, aqueles cujas profissões significam trabalhar ideias, como escritores, acadêmicos e afins. Daí, ele fazer uma separação passível de ser detectada nesta citação: “George Orwell chegou a dizer que algumas ideias são tão estúpidas que só um intelectual poderia acreditar nelas, já que o homem comum nunca se faz tão tolo”. Mesmo porque, Sowell menciona mais à frente, que algumas ideias parecem geniais, mas a qualidade do pudim fatalmente será atestada quando o comermos. O homem comum não mentiria jamais sobre o sabor da guloseima.

Esse homem comum, quando defende ardorosamente seu sistema de ideias, natural ou organicamente instaladas em sua consciência, é igualmente um intelectual. Esse é Bolsonaro. Aquele que enlouquece a esquerda com sua resiliência conservadora, convivendo há três décadas num ambiente onde a teatralização perversa, a artificialidade e a arquitetura das más intenções são permanentes. Muitos consideram toscas suas falas, mas são fruto de sua organicidade. Para ele as coisas são simples assim. Pode até não ser virtuoso, mas é espontâneo. Pode não ser brilhante, mas é contundente. As segundas intenções praticamente inexistem. E a esquerda – sem entender que ele é orgânico, representando umbilicalmente um Brasil conservador – não sabe mais o que fazer.

O exemplo a seguir ficará indelevelmente marcado na história do Brasil: no cenário político nacional surge, de repente, um evento cinematográfico. Algo que desafiaria a imaginação dos mais criativos roteiristas. Acontece uma reunião ministerial em meio a várias crises. Uma reunião secreta, cuja gravação seria destruída em breve. Mas, por denúncias de um desertor ex-ministro, a corte máxima da Justiça decreta a exibição pública do encontro privado. O presidente estaria tramando um golpe, imiscuindo-se em instituições de Estado como se fossem de governo. Um cúmplice que estaria tramando algo para proteger um eventual filho corrupto.  O nazista seria finalmente desvelado.

Suspense! Abrem-se as cortinas! E o que vemos? Um homem sério vociferando contra esse mesmo futuro ex-ministro da Justiça, o delator, por assistir, passivamente, a homens e mulheres inocentes sendo algemados e arrastados em praias, ruas e praças por decisões autoritárias de governos locais… Um homem vociferando contra esse mesmo ministro porque em nada se mexia em favor do armamento das pessoas de bem… “um povo armado jamais será escravizado”, gritou o homem. O mesmo que minutos depois estaria elogiando e se entendendo com seu ministro da Economia, um mestre liberal empenhado em diminuir o Estado e descentralizar o dinheiro dos pagadores de impostos. O mesmo homem que passaria todo o tempo da pandemia clamando aos quatro cantos que não se deixasse o povo à mercê do Estado. Que os empreendedores micros e macros pudessem manter a roda girando. A iniciativa privada, aquela que gera as riquezas do país, livre para encontrar meios de produzir mesmo num discutível tipo de quarentena horizontal.

Uma pena que, ao vitaminar a China com o capitalismo e seus interesses que desconhecem fronteiras, os Estados Unidos deram dimensões incalculáveis ao monstro chamado globalismo-Soros-Partido Comunista Chinês-Rússia-esquerda mundial. Maquinações apocalípticas estão sendo gestadas. Enquanto aqui dentro, a questão estaria bem resolvida no respaldo de um povo conservador. Bolsonaro bebeu nas águas do liberalismo e gostou. Defensor da família, da propriedade, da moral cristã, tudo de forma visceral, amigo de Israel e dos Estados Unidos, hoje também – e até agora – zelando pelas liberdades, como provou aos berros na reunião que não era para vir a público. Enfrentando de forma inarredável os intelectuais ungidos que querem moldar o mundo à sua deformação. Não é o homem ideal ou o Super- Homem. Tão somente o homem comum em seu papel surpreendente de intelectual orgânico.

*Sobre o autor: Claudir Franciatto é jornalista e escritor.

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