O termo “neo-Liberal” é pejorativo?
Estava lendo um livro sobre a UDN quando encontrei o termo “neo-liberal”.
Sim, grafado entre aspas e com hífen pela autora. Claro que a primeira coisa que pensei foi: “que chato, de novo isso de neoliberal”.
Mas, curiosamente, o termo foi usado de forma acadêmica, e estava inserido em um contexto mais sóbrio, sem conotações negativas, preconceito ou viés ideológico.
Segundo a autora, o “neo-Liberal”, empregado como um neologismo por ela, era apenas a nova visão do liberalismo brasileiro que, órfão político desde Ruy Barbosa, não via naquele liberalismo clássico uma saída ideológica viável para confrontar Getúlio Vargas e o retorno de seu governo, mas sim um novo (sempre bom lembrar o significado de neo) liberalismo, mais pragmático, crítico e defensor de um comércio aberto e global no contexto do pós guerra em contraposição ao nacionalismo do PTB e de setores do PSD.
O motivo de acreditar que o uso da palavra foi mais sóbrio quando comparado ao abuso de hoje, foi justamente a época em que o livro foi escrito. A obra foi publicada em 1980, e é baseada em uma tese de mestrado de 1978. Thatcher só viraria Primeira Ministra britânica em 1979 e Reagan só viraria presidente em 1981. Vale lembrar que o mundo estava no meio da Guerra Fria.
Somente assim pra não vermos neoliberal, ou “neo-liberal” sendo tratado como sinônimo de fascismo.
* Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.