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O socialismo de Albert Einstein: por que as coisas não são simples

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einsteinEm uma sociedade fortemente influenciada e regida pelos avanços científicos e tecnológicos, é comum nos acostumarmos com as referências a certos cientistas e desbravadores da Física, da Química ou da Astronomia que, entre uma miríade de outros que permanecem anônimos, adquirem extrema notoriedade. Difícil imaginar, entre eles, imagem mais icônica que a de Albert Einstein (1879-1955).

Considerado o mentor de uma reforma profunda na Física teórica, desenvolvedor da concepção da Teoria da Relatividade, autor de trabalhos fundamentais na mecânica quântica e da famosa fórmula de equivalência massa-energia, praticamente não há viva alma na Terra que não conheça o rosto de Einstein, ou que não tenha ouvido falar em seu nome. Você, que lê este texto, provavelmente não é exceção – mesmo que, como acontece com este que vos escreve, seu conhecimento em Física tenha a profundidade de um pires. Mente tão genial, tão “revolucionária” no sentido lógico-formal e científico, celebrada e reconhecida no mundo inteiro por suas contribuições na forma como entendemos as leis da natureza que nos cerca, haveria de ser, diriam alguns, uma personalidade de bom senso e portadora de opiniões muito dignas de crédito em quaisquer outras searas de pensamento. Concorda? Pois então, que diria o leitor se disséssemos que Einstein era socialista?

Sim, é verdade. Em artigo publicado em maio de 1949, escrito especialmente para o primeiro número de uma revista marxista dos Estados Unidos chamada Monthly Review, intitulado Por que o socialismo?, o renomado cientista delineou a sua visão política. Considerando a plataforma e o título utilizados, já se poderia presumir que não se trata de uma visão muito recomendável. Se lermos o artigo do gênio, concluiremos, mais ainda, que é um texto profundamente ingênuo – talvez a melhor palavra para definí-lo. Senão vejamos; Einstein começou dedicando uns bons parágrafos a justificar o porquê de um cientista natural ter condições de adentrar a temática política, embora sem levar ao ponto extremo, faça-se justiça a ele, um discurso um tanto positivista segundo o qual a economia e a sociedade obedecem rigidamente a esquemas de leis tais como os da natureza, sem qualquer influência da pluralidade da experiência humana; em seguida, defendeu o caráter gregário do ser humano, sua necessidade de ser “social”.

A partir dessa noção, Einstein considerava que a grande crise da humanidade no tempo em que vivia era a “relação do indivíduo com a sociedade”. A seu ver, o indivíduo se tornou consciente de sua dose de independência em relação à sociedade em diversos aspectos, o que, em si mesmo, não é algo ruim; no entanto elevou isso a uma proporção perigosa, que ameaça mesmo os seus “direitos naturais”. “Os impulsos egoístas da sua constituição recebem reforço constante”, comparou ele, “enquanto que os seus impulsos sociais, que por natureza já são mais fracos, se deterioram progressivamente”, deixando os seres humanos “inseguros, sozinhos e privados de todo desfrute da vida que seja inocente, simples, não sofisticado”.

De quem é a culpa? Einstein não tem pudores em sentenciar: da “anarquia econômica da sociedade capitalista”. O que existe hoje é “uma enorme comunidade de produtores cujos membros se empenham sem cessar em privar uns aos outros dos frutos de seu trabalho coletivo – não por força, mas em inteiro e fiel cumprimento de regras estabelecidas legalmente”. Depois de ter, ao começo, delineado toda a história humana como uma saga de espoliações e dominações – o que tem seu fundo de verdade, mas é demasiado simplista e não enxerga as benesses e conquistas culturais da humanidade -, o que Einstein termina por concluir é que o capitalismo é uma nova conformação social das velhas estruturas “predatórias”. Uma argumentação, nota-se, de cores nitidamente marxistas, enxergando uma fórmula-base de relacionamento entre classes dominantes e dominadas como a síntese fundamental para explicar o mundo.

Einstein entendia que os poderosos capitalistas se locupletam do modelo atual e constituem uma verdadeira oligarquia, que comanda também a imprensa e os partidos políticos, financiados por ela mesma. Ele só não observou, diga-se de passagem, que todo esse poder aumenta bastante na medida em que o Estado também aumenta e esses “poderosos capitalistas” se acumpliciam dele para obter vantagens, sufocar as liberdades econômicas e minar a concorrência… Alheio a esse “pequeno detalhe”, Einstein acreditava, então, que a competição e a motivação pelo lucro são grandes males morais da civilização. Sentenciou, por fim, estar “convencido de que existe apenas um caminho para eliminar esses graves males, e esse é o estabelecimento de uma economia socialista, acompanhada por um sistema educacional orientado para objetivos sociais. Em uma economia tal, os meios de produção são propriedade da própria sociedade, e utilizados de modo planejado”. Para ele, era preciso que tudo se regesse em direção ao coletivo, doutrinando as disposições juvenis para o “social”, e que as liberdades econômicas fossem restringidas em prol do plano soberano.

Qualquer estudante marxista de colegial poderia dizer exatamente as mesmas coisas. Einstein provavelmente gostaria de Antônio Gramsci ou Paulo Freire – no entanto, sem perceber que o tipo de educação proposta por essa matriz de pensamento, em sua eterna vocação para a mediocridade de resultados, deveria ter por consequência a quase impossibilidade de gênios, tais como o próprio Einstein, surgirem. Einstein, acertadamente, diagnosticou ao final que “uma economia planejada pode ser acompanhada por uma escravização completa do indivíduo”. A realização do socialismo, portanto, requer a solução de alguns problemas muito difíceis: “como é possível, em face da centralização abrangente do poder político e econômico, impedir que a burocracia se torne todo-poderosa e prepotente? Como se podem proteger os direitos do indivíduo e garantir com isso um contrapeso democrático ao poder da burguesia?” Em outras palavras, como fazer o socialismo deixar de ser o que é e foi em todas as tentativas históricas de sua implementação?

Considero um equívoco pensar que os autores que defendem o capitalismo e a liberdade de mercado sejam todos defensores de uma atomização moral anárquica e um endeusamento do egoísmo; esta é, aliás, razão de divergência entre pessoas com pendores mais conservadores como eu e libertários mais extremados, conquanto respeitemo-nos todos e tenhamos uma causa em comum. Adam Smith, por exemplo, era, antes de pensador econômico, um teórico moral, que apostava na importância da confiança mútua no tecido social e de uma valorização de bons princípios, embora entendesse que o interesse deveria basear as trocas econômicas, dado que elas se estabeleceriam em um universo macro de desconhecidos. Em uma aparente obsessão pelo comodismo e por um igualitarismo bobo e piegas, Einstein preferia considerar um sistema econômico que surgiu por absoluta necessidade e promoveu a maior “inclusão social” (como diriam os esquerdistas) de todos os tempos, como o grande responsável moderno pelas manifestações da maldade e do egocentrismo humano. Triste conclusão estúpida de um gênio.

O que se pode concluir dessa informação? Que Einstein era socialista; que suas opiniões políticas eram, a nosso ver, lamentavelmente obtusas. Dever-se-á concluir daí que seu valor como cientista é nulo? Dever-se-á apagar a relevância de todas as suas descobertas e todas as suas realizações porque, em uma dimensão, observamos que estava desprevenido e agia por impulso e ignorância? É claro que não! O ser humano é muito complexo para podermos julgá-lo todo a partir de um único fato ou dimensão. Escrevemos este artigo justamente com o propósito de sustentar que as coisas não são tão simples. Avaliemos com cuidado o quanto certas diferenças realmente impedem que, por exemplo, nos unamos em prol de determinadas semelhanças, ou admiremos as qualidades do outro sem precisar “comprar”o pacote inteiro. O socialismo de Einstein nos convida a exercitar a nossa maturidade moral e intelectual, visando não condenar de todo a obra de alguém por um aspecto, mas também não se basear em um outro desses aspectos para referendar todas as suas opiniões.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

17 comentários em “O socialismo de Albert Einstein: por que as coisas não são simples

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    15/11/2015 em 10:25 am
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    Não deixa de ser irônico. Einstein fugiu da Alemanha por causa do Nacional SOCIALISMO de Hitler e foi para os EUA conhecido por seu livre mercado e respeito às liberdades individuais. Poucos anos depois comete esse suicídio intelectual. Talvez porque ele era autista e, nessa condição, extremamente ingênuo e cabeça dura? Um autista pode facilmente ser manipulado, apesar de poder fazer coisas incríveis nas “ciências exatas” de forma autodidata, pois o seu problema reside justamente em não entender naturalmente as relações sociais e comportamentais dos seres humanos. Para isto ele precisa ser ensinado de pequeno. Quem convive com um autista sabe disso. Pode ser que esta seja uma boa explicação para o caso da aparente loucura política de Einstein.

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      20/11/2015 em 7:53 pm
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      Essa história de que Einstein seria autista simplesmente não engulo, nem Asperger, pois quem já viu um desses, que é considerado de grau baixo, sabe o que estou dizendo. E, ao contrário, para a época (e por que não dizer atualmente?), ser socialista seria entender a sociedade verdadeiramente tendo pena dos menos afortunados, pois a ideia de que existe gente morrendo de fome porque outros lhe tiram o pão da boca e por isso mesmo se deveria redistribuir essa riqueza é por demais agradável aos olhos de alguém desavisado e que desconhece o panorama histórico das evoluções sociais e econômicas.
      O que nos permitiu conhecer da singeleza e a da aparente ilógica do liberalismo ser o sistema correto a ser aplicado, foi justamente o passar dos anos, a derrocada dos socialistas, a quebradeira dos sociais-democratas, e a ascensão imparável do liberalismo comercial. Ou seja, somente depois de anos e anos que se pode ver que o gênio humano verdadeiramente se manifesta em situações ímpar e que as benesses sociais são visíveis e perenes.
      Einstein, por essas mesmas colocações, principalmente à época, seria referendado também como gênio nas ciências políticas por muitos. Hoje em dia, diante do que estudamos e sabemos, ele era um tolo como muitos que aqui leem já foram e tiveram a chance de mudar e outros no planeta ainda pensam.

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        22/11/2015 em 4:54 am
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        Vc pode engulir ou não, Eddie, mas fato é que ele era autista, sim. Asperger é uma denominação que nem é usada mais por quem está atualizado com o assunto; hoje é considerado dentro do espectro autista. Ademais, o seu texto é contraditório. Começa querendo afirmar que o socialismo monopoliza os fins nobres, depois tenta se recuperar desse escorregão dizendo que só anos depois do texto de Einstein se descobriu que o socialismo não funciona. Vc é mesmo tão tapado assim? A turma de Mises e a Escola Austríaca (de mesmo idioma de Einstein) já refutava toda essa barbaridade há décadas! Antes de responder de novo a alguém, dê uma estudada. Ou, se já estudou, dê uma refletida para ver se vale a pena. E não volte a causar vergonha alheia novamente.

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          22/11/2015 em 11:37 am
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          Realmente, não sou literato na área de psicologia, o que disse foi por experiência própria com uma instituição daqui da minha cidade e de conversas com pessoas que atuam na área e querer toda a vida dizer que alguém é autista quando é gênio, escondendo-se no passado distante e na falta de dados concretos (o que vale como argumento para ambas as posições), não acho que seja pertinente. Para mim assim como para outras pessoas da área, como disse, não tem apoio científico: existem gênios da atualidade que são reclusos e se interessam mais pelo trabalho do que por pessoas por serem workaholics e nem por conta disso profissionais da área abrirem a boca para os chamar de autistas. Agora, se isso ocorresse cinquenta anos atrás, os “estudiosos” atuais encheriam a boca para dizer que esses indivíduos seriam autistas. Aliás, revejo minha opinião: já vi atualmente “especialistas” chamarem Messi de autista, de Asperger, portanto nada mais me impressiona neste sentido, quando das declarações desta pseudociência.
          Em relação ao texto, leia de novo, principalmente as expressões entre aspas, entre vírgulas: vc conseguirá chegar ao âmago da minha colocação, que é dizer que, de acordo com ditames superficiais da civilização atual assim como da época de Einstein, ser socialista seria/é o correto. Em seguida, discorro demonstrando que os anos comprovaram o quão ele estava errado, assim como uma massa numerosa de intelectuais espalhadas pelo mundo à época e atualmente.
          Só para esclarecer, Mises e companhia, falantes da mesma língua que Einstein, não dispunham da propaganda voluntária de massa que Einstein dispunha em plena ascensão dos EUA, nem de longe. Ademais, à época, não existia essa tal certeza de que você fala: Mises e companhia se baseavam muito em “praxeologia”, que nem ciência é, enquanto Marx, Engels e adeptos pegaram livros remontando épocas históricas da industrialização da Europa, que supostamente demonstrariam que a exploração dos trabalhadores era gritante; além disso, naquele cotidiano, ao se visitar qualquer chão de fábrica ou gueto, ou subúrbio, ou sobrado, ou albergue, ou mesmo nas ruas, a miséria era gritante, a quantidade de gente morrendo de fome idem, de forma que, a uma primeira vista, seria impossível que o cidadão comum, assim como os intelectuais da época, que não possuíam meios muito menos disposição para encarar uma viagem buscando livros e passar meses senão anos estudando tudo isso de forma a poder verificar as informações catalogadas pelos defensores do socialismo. Então, de um lado, havia alguém defendendo o capitalismo e o liberalismo com argumentos elucubrativos, e, no vértice oposto, o socialismo vinha com um calhamaço de documentos cuja refutação seria algo praticamente inviável além de, aparentemente, estar dentro dos limites dos métodos científicos que eram vigentes.
          Então, com a derrocada de várias experiências socialistas, com o enriquecimento de várias nações capitalistas e consequente melhoria de vidas dos cidadãos, é que a massa pôde ver que o sistema socialista era fracassado desde seu nascedouro por suprimir de forma exagerada o egoísmo humano assim como tantos outros instintos. Some-se a isso o trabalho de inúmeros intelectuais dos últimos vinte anos que se debruçaram sobre a obra dos socialistas visando às respectivas desconstruções teóricas, o que de fato frutificou, restando por demais demonstrado que, só para citar o principal, Marx, não se sabe se por pura má intenção ou por falta de esteio intelectual mesmo, não incluiu em seus estudos livros do governo inglês que documentavam a melhoria de vida patente dos trabalhadores, os quais informavam que antes agricultores que morriam aos montes de fome todos os anos nos campos e que então com a revolução industrial e consequente migração para as cidades conseguiram meios de subsistência também como formas de ascender socialmente, o que era praticamente vedado nos campos.
          Seus ataques ad hominem chegam a ser patéticos: atacar alguém pessoalmente não vai lhe fazer dono da razão nem vai fazer a outra pessoa aceitar seu ponto de vista, por mais correto que eventualmente possa ser. Ato puramente pueril de quem está agora iniciando seus estudos em liberalismo clássico e demais vertentes seguintes. Eu acho que o colega, sim, quem precisa de estudar um pouco mais. Comece por interpretação de texto e boas maneiras. Sugiro graciosamente, sem lhe cobrar consultoria. De outra forma, se a tudo isso tem acesso, e atacar pessoalmente as outras pessoas te faz regozijar quer pela sensação de (falsa) superioridade, quer pelo simples prazer de agredir, acho que na sua localidade devem existir inúmeros profissionais os quais poderão oferecer ajuda especializada.
          Seja a forma que escolher para melhorar enquanto ser humano, boa sorte. Do fundo do coração!

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            22/11/2015 em 1:33 pm
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            Cidadão verborrágico, como disse Cervantes “não há bom raciocínio que pareça tal quando é muito longo”. Parei de ler quando escreveu praxeologia entre aspas… Vergonha alheia 2.0! rsrs… Já ouviu falar de Henry Hazlitt? Se não, dê uma pesquisada aí e volte dizendo que já o conhecia….. Foi lá? Pois é, o cara é conhecido como aquele que levou a EA ao idioma inglês, A PARTIR DE 1915 ATÉ BEM DEPOIS DO EINSTEIN MORRER, escrevendo em todas as importantes publicações dos EUA! O Nation, the Wall Street Journal, the New York Times, o American Mercury, o Century, o Freeman, o National Review, o Newsweek, o Reader’s Digest etc. etc.. Seria impossível não conhecê-lo e morar nos States, como o fez Einstein a partir de 1933. Não discuto quem tem mais conhecimento, pois não te conheço. E por isso não falo sobre o que não sei na internet para não passar vergonha. Ah, Einstein não era autista porque foi um gênio. Quem fez chegou a essa absurda conclusão foi vc. Quem é conhecedor do autismo e do físico, sabe que ele o foi por conhecer a sua história de vida, desde jovem; e por todas as dificuldades por que passou. Ele possuiu todas as características, sem exceção, do meu filho (mas o meu filho tem tratamento, enquanto ele não teve, pois naquela época nem existia diagnóstico de autismo). Até mais vê e agradeço pelos conselhos!

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    15/11/2015 em 1:03 am
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    Na metade do século passado as ideias socialistas tinham um grande atrativo moral, nao só Einstein era socialista, Bertrand Russell, um dos grandes filósofos e matemáticos do seu tempo, também era socialista. Hoje, o socialismo perdeu muito da sua beleza moral, e se transformou numa corrente de pensamento dos jovens confundidos, dos ressentidos sociais e dos aventureiros políticos. O possível substituto do marxismo neste século é o neo-ludismo vestido de ambientalismo conservacionista.

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      20/11/2015 em 7:54 pm
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      Gostaria de ter escrito em seu lugar isso. Perfeito, sintético e verdadeiro. Parabéns!

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        21/11/2015 em 1:06 am
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        É uma gentileza da sua parte.

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      20/11/2015 em 8:00 pm
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      Antevejo que o neo-ludismo haverá de prosperar: existem inúmeros empresários querendo uma nova onda econômica mundial, que seria a da energia verde ainda que muitas delas nada tenham de verdade, como as usinas eólicas; além disso, os chamados smatrphones e a internet mudaram a concepção mundial de compra de produtos, economia de gadgets, aplicativos que tomam o lugar de livros e aparelhos, e assim por diante. Já somente isso lhes dará fôlego bastante para brigarem. Quanto a quererem evitar que as pessoas desmatem, minerem, usem águas para prospectar combustíveis fósseis, isso é batalha perdida, à medida que a cada fronteira explorada se criam mais riquezas não somente para os empresários, assim como para populações locais, tirando-os até de atividades econômicas danosas ao meio ambiente. Um exemplo são os povos do Pólo Norte, que, com o derretimento da calota polar e a consequente passagem de cargueiros de um Oceano ao outro, muitos das tribos locais irão enriquecer com royalties e possibilidades de trabalho otimamente remunerados, o que os fará abandonar aos poucos o extrativismo, a pesca e a caça indiscriminada, o que já levou até a extinção de espécies, como o Peixe-boi gigante.

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        21/11/2015 em 1:30 am
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        O tema do futuro do neo-ludismo é bastante complexo para mim. O ludismo nasce como odio dos artesãos que se sentiam substituidos pela nascente industria, mas se manteve combinando um pensamento ecológico radical, o temor ao progreso tecnológico e o odio a economia de mercado e ao éxito empresarial. Acho que o neo-ludismo vai crescer na Europa porque uma parte importante da sua juventude vai se frustrar nos próximos anos. A concorrência econômica da China vai ser implacável e a India está ingresando no mercado global. Na Europa o marxismo está desqualificado moral e políticamente, então tem que surgir outro marco conceitual para os frustrados, e o neo-ludismo já tem muitos elementos conceituais desenvolvidos. No Brasil o marxismo ainda mantém uma influencia grande no pensamento da clase média e os mecanismos do populismo desenvolvimentista permitem que essa influencia se mantenha em amplos espaços institucionais e sociais. Apesar deste peso do marxismo, eu imagino que o neo-ludismo vai crescer também no Brasil. Obrigado pelo comentario.

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          21/11/2015 em 12:46 pm
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          Seria “perfeito”, não, para a Europa? De um lado, o multiculturalismo imposto juridicamente quando não por meio de pressão social, do outro este apego ao não progresso. Estão montadas as bases para a derrocada final da parte desenvolvida do continente, haja vista a agressividade econômica dos outros dois países que você citou. Penso que a robótica plena, com o desenvolvimento da IA, mudaria totalmente o jogo econômico, além, claro, de fazer a substituição dos novos problemas, impulsionando, logicamente as bases desse movimento. Em muitas coisas vejo que Asimov era profético. Incrível!

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    14/11/2015 em 11:16 am
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    Por que ele se refugiou nos EUA e não na URSS então?

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    13/11/2015 em 7:59 pm
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    Como analista político, Einstein era um excelente físico!

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    13/11/2015 em 7:07 pm
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    Não foi ele que disse que nunca foi socialista na juventude não tem coração, mas quem continua socialista depois de velho não tem cérebro?

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      13/11/2015 em 9:30 pm
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      Winston Churchill disse isso, e algumas outras personalidades também. Não sei ao certo a fonte original. De Einstein, nunca ouvi falar que tenha dito; provavelmente não, porque ele era socialista ainda em 1949, e morreu em 1955.

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        14/11/2015 em 5:09 pm
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        Ah sim. Um professor de física havia me dito que a frase que eu citei era de Einstein. De qualquer jeito, o post é interessante, mas eu não me incomodaria pela ideologia de Einstein. Ao contrário, me incomoda quando as pessoas associam os méritos de uma pessoa em sua área ao mérito de qualquer coisa que ela fala. Hoje em dia isso acontece com artistas, por exemplo. Se eu tivesse que aceitar que a opinião de Einstein vale mais que a de qualquer um só porque ele foi quem foi, eu teria de admitir que as ciências humanas não servem para nada e que os físicos deveriam assumir a responsabilidade de debater esses temas e pesquisar sobre eles, o que é absurdo.

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    13/11/2015 em 3:13 pm
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    Perfeito. Einstein ser socialista, por um lado, evidencia sua inocência política e social. Sua ingenuidade, na verdade, sempre foi um traço marcante, considerando-se o gênio de sua primeira esposa e a submissão a que se mantinha em relação a ela, e sua indignação com o mau uso de sua teoria para a criação de bombas atômicas. Nada nisso, no entanto, poderia invalidar sua relevância como cientista e os incríveis frutos de suas linhas de pesquisa.

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