FILIPPO SCELZA*

Este artigo é para  quem vive incomodado com os governos; que vive reclamando, de forma genérica, de tudo e de todos; que juram, de pés juntos, acreditar no místico “poder reformador do Estado”, o qual se manifesta, principalmente, através da educação e de medidas “moralizantes”.

E aí, leitor? O que te incomoda? Com certeza, as respostas serão infinitas. Engarrafamento, tempo perdido, barulho de obra, feijão sem tempero, o Belo cantando, etc. Mas o que mais te incomoda?

Sabem o que mais me incomoda? O erro, a injustiça e a irresponsabilidades, bem como todas as suas variantes, as quais estão apoderadas desse gigante obeso, que é o Estado brasileiro.

Incomoda bastante saber que este gigante glutão devora, sem piedade, o fruto do trabalho suado de muitos brasileiros, através de um, ou mais, de seus 90 tributos, fora os que ainda não foram regulamentados, como o IGF (Imposto sobre Grandes Fortunas), existentes. Um gigante que se estende por diversas áreas, com cada vez mais vontade de regular os brasileiros. Um leviatã faminto.

Os erros, as injustiças e as irresponsabilidades estão descarados na Administração Pública, principalmente a federal. Recentemente, o jornal Estadão publicou uma notícia informando a quantidade de servidores da União está bem próximo de 1 milhão. Isso mesmo, leitor. São 997.661 servidores ativos.

São 997.661 servidores para sustentar uma máquina de 39 ministérios. Você não acredita? Pois é. Neste momento, eu acho que está ficando óbvio que, em algum momento, (ou quem sabe agora) a conta não vai fechar (ou já não fecha). E agora, leitor? Você está se sentindo mais incomodado em saber que mora em um país onde existe uma quantidade gigantesca de ministérios e a incompetência na administração cresce proporcionalmente? Um país onde há, no mínimo, quatro pastas que foram criadas para cuidar da questão de alimentos, as quais são: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério da Pesca e, por fim, o Ministério do Desenvolvimento Social.

Quem sabe você não fica mais incomodado em saber que em 5, dos 39 ministérios, mais de 50% do quadro de funcionários é composto por cargos de livre nomeação. Isso mesmo. Um exército de, segundo dados oficiais, 22,2 mil pessoas ligadas diretamente à politicagem que ganham salários de até R$ 12.000,00. O mais interessante é notarmos que desses cinco, três foram criados para a mesma questão, como vimos acima.

Imagino que você já deva estar incomodado o suficiente para querer parar de ler este artigo, fechando a janela e se perguntando como tudo isso aconteceu. Mas tenha calma, meu amigo leitor, tenha calma. Ainda há uma dupla solução para isso: A Voz e o Voto. Use sua voz para espalhar a ideia de moralidade e responsabilidade fiscal na Administração Pública. Use seu voto para escolher candidatos com programas filiados à moralidade e à responsabilidade fiscal. Não caia no canto do Gigante Obeso. Porque a verdade é que quanto mais Estado, pior.

*ADVOGADO NO RIO DE JANEIRO