O que mais mata Keynes são os keynesianos
BERNARDO SANTORO*
De acordo com o Globo, o FED (banco central americano) surpreendeu o mundo ao anunciar, com apenas um voto dissidente, a manutenção do seu programa de compra mensal de US$ 85 bilhões em títulos, que funciona como um estímulo à economia. A decisão provocou uma forte de desvalorização do dólar pelo mundo e levou a uma euforia nos mercados de ações, que atingiram níveis recordes em Wall Street. No Brasil, o dólar comercial fechou em queda de 2,92% frente ao real, a R$ 2,194, a menor cotação desde 26 de junho. Na mínima, o dólar chegou a ser negociado a R$ 2,187, uma baixa de 3,23%.
O grande destaque da notícia é que os keynesianos do FED são mais realistas que o rei, ou seja, mais keynesianos do que Keynes.
A escola austríaca sempre foi uma grande crítica dos estímulos econômicos e do “efeito multiplicador” do keynesianismo, pois entende que estimular uma economia em recessão acaba por queimar o resto de poupança e produtividade que a economia tem. E eu, particularmente, concordo com os austríacos.
Mas John Maynard Keynes é um economista razoável, mesmo equivocado nas suas ideias. Sua agenda de estímulos anticíclicos foi idealizada para um cenário de depressão econômica, e no momento em que a economia se recupera, ela deveria imediatamente cessar, o que significa que Keynes não foi um louco gastador. Só levemente perdulário.
Seus discípulos, que já seguem um mestre confuso, ainda conseguem piorar a fórmula, e usam de estímulos econômicos esteja a economia bem ou mal.
O resultado é um contínuo processo de deterioração econômica que leva a maus investimentos, inflação e empobrecimento coletivo.
O afrouxamento monetário realizado pelo FED em bases regulares pode destruir a economia americana, e o próprio país, se não for urgentemente interrompido.
*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL