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O que importa: para quem estamos devendo ou quanto estamos devendo?

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BERNARDO SANTORO*

Ainda me espanta quando vejo o quanto do que chamo de “nacionalismo vulgar” temos arraigado na nossa cultura e dentro da imprensa. Artigo de hoje do Globo, que mais parece uma informe publicitário do governo do que uma reportagem séria, afirma que o Brasil se tornou credor externo em 2008, ou seja, passou a ter mais ativo do que passivo em relação a moedas internacionais.

Mas realmente importa a nacionalidade do nosso credor, ou o que importa de verdade é o quanto estamos devendo?

De acordo com o Tesouro Nacional, o Brasil deve hoje quase DOIS TRILHÕES de reais, dos quais 95% são de dívida interna e 5% são de dívida externa. E até o fim do ano chegaremos oficialmente à marca de dois trilhões de reais em dívidas.

Isso é uma tragédia para todo o povo brasileiro, pois os juros dessa dívida e o próprio pagamento do principal geram um engessamento da nossa economia, criando a necessidade de novos impostos e reduzindo a capacidade de poupança e investimento em toda a sociedade.

E esses problemas são verificados hoje, quando praticamente toda a nossa dívida está internalizada, e continuamos com parte do nosso PIB indo direto para credores, só que agora nacionais. Na prática, o próprio direito brasileiro não faz distinção de nacionalidade na hora do pagamento das dívidas.

Isso me lembra sempre Murray Rothbard, quando estatistas argumentaram que dívidas internas são irrelevantes pois, no caso, “nós devemos a nós mesmos”. O pensador austro-libertário sempre contra-argumentou dizendo: “a frase “nós devemos a nós mesmos” possui profundas implicações: tudo depende de se você faz parte do “nós” (devedores) ou do “nós mesmos” (credores).

Como a maioria do povo brasileiro faz parte do “nós”, ou  seja, dos devedores, e apenas uma pequena parte pertence ao “nós mesmos”, credores, se vê claramente que esse discurso esquerdista da nacionalização da dívida é bastante elitista.

E esse é só um dos engodos do esquerdismo nessa questão. O que mais vemos por aí é esquerdista criticando a existência da dívida pública, mas o que eles esquecem é que essa dívida pública foi criada originalmente para o pagamento de despesas correntes estatais com funcionários públicos e estrutura física, além de obras públicas de discutível necessidade, ou seja, essa dívida é obra do próprio esquerdismo.

Para combater os efeitos deletérios da dívida pública, seja de que nacionalidade for, precisamos de uma profunda reforma administrativa, com diminuição de competências estatais, implementação da tecnocracia em todos os níveis da administração, corte de gastos públicos, extinção de agências reguladoras, redução agressiva de ministérios, abertura de mercados e redução de impostos para aumento da produtividade nacional.

Com isso e uma renegociação dos débitos públicos, poderemos vislumbrar um futuro onde nossas crianças não estarão sob o jugo de uma dívida que está se tornando impagável.

Você acha justo que eles já nasçam oprimidos por dívidas impagáveis?

Eu não acho.

*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

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