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O presidente Imaturo – Parte 2

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ROBERTO BARRICELLI*

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou seis medidas nefastas para enfrentar a crise econômica. De novo na linha; “Políticas socialistas bolivarianas criaram problemas? Vamos resolver com mais políticas socialistas bolivarianas”.

As seis medidas são:

– Controle de preços e do câmbio

– “Liberação de recursos para o setor produtivo”

– Criação de uma corporação para o transporte de produtos

– Operações cívico-militares para fiscalizar a especulação financeira

– Programas para promover a poupança

O controle de preços e do câmbio trabalhará com “preços justos e máximos” dentro dos conceitos do governo socialista bolivariano, ou seja, o comércio não terá mais liberdade para realizar o próprio cálculo financeiro e terão que se adaptar a esses preços. Logo, para garantir a sobrevivência haverá duas possibilidades: vender produtos e prestar serviços bem baratos e de qualidade inferior, ou diminuir a variedade de produtos e serviços, mantendo apenas aqueles que possam comercializar dentro do que manda o governo, gerando mais escassez e inflação.

Nesse ponto podem questionar: “Mas essa política não incentiva as empresas a investirem em preços menores e qualidade para ganhar os clientes e ficarem dentro dos preços máximos?” Não! Pois os custos com as novas regulamentações e com os impostos, a escassez e a medida 2 impedem que isso ocorra. Só o que promove preços baixos e qualidade de produtos e serviços é a livre concorrência, inexistente na Venezuela.

A “liberação de recursos para o setor produtivo” ocorrerá apenas para empresas que invistam na produção e no mercado nacionais, ou seja, uma boa dose de protecionismo garantindo a subsistência dessas empresas, o que diminui ainda mais a necessidade de competição e incentiva o sucateamento de produtos e serviços e preços maiores (ou máximos, nesse caso), bem acima do que poderiam ser.

As empresas que atuam com produtos de primeira necessidade (principalmente alimentos) também receberão “ajuda” (leia-se subsídios protecionistas) do governo de Maduro, através do Fundo de Compensação e Estabilização para a proteção de preços. Tudo isso pago com dinheiro sugado da PDVSA (que se continuar assim tomará o posto de empresa mais endividada do mundo da Petrobras, cujo governo brasileiro fez o mesmo uso) e dos contribuintes (que acabam pagando duas vezes).

O controle do câmbio será de responsabilidade do Centro Nacional de Comércio Exterior. Certo! Vamos controlar o câmbio que está galopante por causa do Estado através de mais Estado controlando o câmbio.

A criação da empresa estatal de transportes teve início com o pedido de cinco mil caminhões ao Brasil e à China. Mais uma empresa para ser aparelhada por um Estado que é mau prestador de serviços. Pergunto, haverá pagamento pelos caminhões brasileiros, ou nós pagaremos essa conta à Venezuela? Bastava que Madura deixasse o mercado de transportes livre para atuar e a concorrência obrigaria as empresas (existentes e que surgiriam) a ter qualidade e agilidade na prestação de serviços, bons equipamentos (e não sucateados) e preços baixos. Empresas que não atendessem a esses requisitos seriam engolidas pela concorrência e faliriam, como ocorre em todos os setores dentro de um Livre Mercado. Mas o presidente venezuelano prefere montar uma estatal inferior e custosa que será mantida com dinheiro de outras estatais e dos contribuintes. Não há almoço grátis, se é grátis para X é porque Y está pagando.

Operações cívico-militares para inspecionar os preços, ou seja, o mesmo que os fiscais que temos aqui no Brasil, com diferença que não são militarizados. E qual o resultado aqui? Incentivo a corrupção. Criar fiscais, sendo que nem todos serão militares, não garante o sistema de preços, apenas cria mais um custo aos comerciantes: corromper os fiscais. Tal custo será repassado ao consumidor. Agentes governamentais com o poder de fechar o seu negócio caso encontrem alguma “irregularidade” abre espaço a uma nova rede de corrupção, como vemos em diversos países pelo mundo, desenvolvidos, subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Portanto, esse poder deve ser colocado nas mãos invisíveis do livre mercado, que agem com muito mais sabedoria e proporcionam um ambiente favorável a empresários e consumidores, através da concorrência que (repito) aumenta a qualidade e diminui os preços.

Por fim, alguém pode dizer: “Mas você não tem como questionar que promover a poupança é algo bom!”. Engana-se! Promover e incentivar a poupança são situações diferentes. Promover a poupança significará (nas palavras do próprio Maduro) “estimular o regresso de capital e divisas à Venezuela”. É o Estado controlando para onde você manda seu dinheiro e onde o poupa.

Incentivar a poupança significa criar um ambiente economicamente favorável que permite ao indivíduo poupar. Isso é possível através da implantação do Livre Mercado, pois quanto mais liberdade econômica, maior o poder aquisitivo do consumidor, pois a mão de obra passa a necessitar de mais qualificação e ser disputadas pelos diversos concorrentes, valorizando-se e proporcionando experiência profissional a quem possui pouca ou nenhuma. Aliando isso aos preços menores e decorrente aumento de salários e benefícios, há mais oportunidades para o consumo e a poupança.

As seis medidas de Nicolás Maduro levam a Venezuela à beira do abismo socialista e aprofundará ainda mais a crise instaurada justamente por políticas semelhantes anterior a essas. Mas Maduro continua no seu mundinho particular, onde todos são felizes, gratos, abastados e Hugo Chávez surge na forma de um passarinho à sua janela para lhe agradecer pelos sensacionais serviços prestados a causa bolivariana.

*JORNALISTA

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