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O paradoxo das máscaras

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A tecnologia nos permite capturar imagens do mundo inteiro e um cenário é comum: pessoas circulando com as indefectíveis máscaras sanitárias. Por outro lado, nos dá igualmente acesso, on-line/real time, às informações sob vários ângulos que enriquecem as análises. Esse panorama está permitindo a seguinte constatação: no primeiro cenário, vemos máscaras físicas se impondo. No outro, máscaras morais e ideológicas caindo.

A pandemia do coronavírus, fabricada ou acidental, passará para a história como a grande cristalização das facetas reais. De repente, para a maioria da população, ficou mais fácil saber quem está do lado certo e do lado errado. Crise sanitária maniqueísta e paradoxal. Um desmascaramento moral ao lado do mascaramento físico. Antes das mídias sociais e do vírus chinês, víamos as pessoas mais pelo que aparentavam. Hoje, por trás da máscara sanitária sabemos quem é verdadeiramente a pessoa que antes se escondia por trás de outro disfarce.

Estávamos acostumados a combater os absurdos e falácias dos famigerados petistas, psolistas e demais zumbis do comunismo aberto. Mas, agora, algumas das máscaras das boas intenções caíram e até surpreenderam de certa forma, enquanto outras apenas confirmaram, em meio à pandemia, o caráter e a ideologia de seus ex-portadores: Moro, Dória, Amoedo, Witzel, Hasselmann, Mandetta, ministros Barroso, Fachin, Moraes, Toffoli, entre muitos outros. Estes, a grande mídia e os artistas engajados se deram às mãos para irem muito além do ódio a Bolsonaro e aos conservadores em geral. Mostraram que abraçam, sem escrúpulos mínimos, o autoritarismo e tudo o mais de que acusam despudoradamente seus adversários.

Hipocrisia e perversidade são conceitos que convivem, se cruzam, se harmonizam e, muitas vezes, se complementam. Quase sempre são os perversos que se utilizam dos hipócritas para vivificarem sua maldade – e aqueles se fazem de ingênuos para realizar os intentos dos segundos. Parece análise filosófica, mas não é. Pois o enredo da quarentena é clássico: a atriz famosa e rica – ingenuamente hipócrita a serviço dos perversos – postou nas redes sociais um vídeo mostrando como se dava bem seguindo o mote do “fique em casa”. Provavelmente, havia feito ioga depois de apoiar a empregada na feitura do lanche e dado ordens aos porteiros do prédio sobre a recepção dos motoqueiros deliveries.

No mesmo dia, víamos algumas fotos que exibiam famílias de 10 a 15 pessoas na frente de seus barracos, com um olhar atônito que deveria estar indagando a la Drummond: “E agora, José?”. Outra mídia, defensora inabalável da santa ciência, falava dos perigos do medicamento defendido pelos presidentes conservadores de duas grandes nações. Quando na rede social o médico famoso confessava que se curou com o dito remédio. A imprensa divulgava abertamente uma reunião ministerial que era pra ser secreta. Ali, o presidente, tido como nazi-fascista, defendia a liberdade e deixava nu seu ministro da Justiça porque este não se mexia em relação às prisões arbitrárias que corriam soltas em virtude do “fique em casa”.

Chegou-se, enfim, ao descortino dos conceitos que sempre marcaram presença na literatura e cultura ocidentais. Por exemplo, em Memórias Póstumas de Braz Cubas, Machado de Assis nos fala, com sabedoria, de um tipo de hipocrisia que é metódica e sistemática. Ou seja, perversidade mascarada. Já no romance Primo Basílio, de Eça de Queiroz, o personagem central tem seu estilo mau-caráter e perversamente irônico descrito como o de um aproveitador de situações. Aí está a chave. A pessoa mal-intencionada procura sempre criar situações para delas se aproveitar. O perverso manipulando o hipócrita. Uma parceria satanicamente frutífera e que torna ainda mais árdua a tarefa dos simples e honestos na luta pela verdade. A crise sanitária mundial inundou a paisagem com as evidências dos “progressistas” cooptando os ingênuos. Muito mais sutil do que o cativeiro dos idiotas úteis de Lênin e Gramsci ou dos imbecis coletivos de Olavo de Carvalho.

A única certeza que o vírus produzido pelo comunismo chinês nos lega até o momento é esse paradoxo das máscaras se impondo e caindo. De resto, sobram as incógnitas se o liberalismo será derrotado de vez pela exacerbação da importância do Estado, se Bolsonaro continuará – como demonstra – de braços com Guedes ou sucumbirá – o que não parece – à estrada aberta para o populismo. Também, se os heróis da iniciativa privada perceberão o quanto terão de lutar para salvar o mercado e, portanto, o país. Quanto às nossas esquerdas frankfurtianas, pensamos no futuro delas nos lembrando do quanto estava equivocado o maquiavélico Cardeal Jules Mazarin, aquele que sucedeu o absolutista Richelieu em 1642, quando dizia: “Ao contrário do amor, o ódio ignora a hipocrisia”. Mentira: o ódio se nutre da hipocrisia.

*Claudir Franciatto é escritor e jornalista

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